ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
MAIO, SÁBADO  24    CAMPO GRANDE 20º

Interior

Justiça anula decisão que livrou empresário de indenizar índios

Empresário é acusado de expulsar indígenas de área de forma violenta e juiz havia negado pagamento de R$ 480 mil de indenização

Gabriel Neris | 03/05/2018 15:09
Justiça anula decisão que livrou empresário de indenizar índios
Indígenas foram expulsos de áreas ocupadas de forma violenta, aponta o Ministério Público (Foto: MPF-MS/Divulgação)

O desembargador Souza Ribeiro, do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), anulou a sentença do juiz Fábio Kaiut Nunes, da 1ª Vara da Justiça Federal de Dourados, que livrava um empresário de pagar indenização de R$ 480 mil por expulsar de forma violenta grupos indígenas de fazendas ocupadas em Mato Grosso do Sul. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o processo deve voltar à origem e recomeçar pelo recolhimento de provas.

A decisão é de novembro do ano passado, porém só foi tornada pública agora, com o retorno dos autos à Justiça Federal de Dourados. O MPF argumenta que houve cerceamento da defesa. Segundo o órgão, o juiz Fábio Kaiut Nunes não fundamentou a sentença, ao deixar de analisar documentos e indicar os motivos de sua decisão. Outra irregularidade, ainda segundo o MPF, é de que o julgamento foi realizado de forma antecipada. “[A decisão foi] precipitada e sem cautela necessária para a complexidade do caso”, destacou o desembargador.

O órgão também aponta que a decisão não expõe de forma clara os motivos indicando que o sócio-proprietário da empresa de segurança Gaspem, Aurelino Arce, não seria o responsável pelos ataques armados contra os indígenas. O MPF defende que o juízo de primeiro grau tambén não levou em conta as provas fixadas em duas ações contra a empresa e Arce, também defende que foi impedido de incluir documentos que ainda estavam em fase de produção ou manifestar-se sobre a sentença.

Em março de 2014, as sedes da Gaspem foram fechadas pela PF (Polícia Federal) após liminar. A decisão judicial atendia proposta do MPF, que pediu a dissolução da da empresa, acusada de envolvimento na morte dois líderes e de ferir outras dezenas de índios.

Entre os clientes da empresa estão proprietários de terras em conflito fundiário. O MPF aponta que há o envolvimento de Aurelino e agentes da empresa pelo menos oito ataques. O órgão acusa o grupo de atuar como milícia e de ter recebido R$ 30 mil para cada desocupação. Os primeiros casos de violência da Gaspem foram registrados em 2005.

Quatro anos depois os funcionários da empresa atearam fogo contra barracos da comunicada guarani-kaiowá Apyka'i, em Dourados, fato que teria se repetido em 2013. Ainda segundo o MPF, a empresa teria contratado funcionários sem treinamento específico e com irregularidades no registro de armas. Aurelino Arce cumpre prisão domicilar atualmente pela morte do indígena Nízio Gomes.

Nos siga no Google Notícias