Novo delegado da PF em Corumbá inclui Pantanal no combate ao crime na fronteira
Traficantes usam o bioma para transportar drogas por pistas clandestinas em áreas isoladas e por água

Os desafios da Polícia Federal em Corumbá no combate ao crime organizado na complexa fronteira seca com a Bolívia, uma das principais entradas para o Brasil e outros países de drogas, armas, tráfico de pessoas e contrabando de imigrantes, se estendem também para o vasto território do Pantanal, com foco nos crimes ambientais e produto ilícitos.
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O novo delegado da Polícia Federal em Corumbá, Alexsandro Pereira de Carvalho, assume o compromisso de intensificar o combate ao crime organizado na fronteira com a Bolívia e no Pantanal. A região é conhecida como uma das principais rotas de entrada de drogas, armas e tráfico de pessoas no Brasil. Com experiência militar prévia na região e conhecimento da fronteira com o Paraguai, Carvalho planeja fortalecer as operações da Base Quadrante, unidade que mapeou pistas clandestinas no Pantanal. A PF monitora a presença crescente de facções criminosas brasileiras na Bolívia e busca ampliar o diálogo com autoridades do país vizinho.
O novo chefe da delegacia da PF no município, Alexsandro Pereira de Carvalho, 50, informou que a instituição atuará fortemente no bioma pantaneiro, dando prosseguimento à ação coordenada no ano passado pela Base Quadrante, unidade implantada em Corumbá no auge da seca extrema e incêndios florestais devastadores no ano passado.
Ao tomar posse no cargo na manhã desta sexta-feira, 31, o delegado disse que a durante a fiscalização e atuação ambiental por conta dos crimes ambientais a Base Quadrante realizou um mapeamento das pistas clandestinas existentes no Pantanal, as quais servem ao tráfico de drogas. Com esse levantamento, a PF vai rastrear toda a região para combater o transporte aéreo de cocaína, que é feito também pelos rios.
“Temos investigações em andamento e, como novidade, a implementação da Base Quadrante, que permitirá intensificar o monitoramento da região”, adiantou.
Facções na Bolívia - Conhecendo a região – atuou como militar pelo 17º Batalhão de Fronteira do Exército na década de 1990 -, Carvalho tem ainda a experiência de ter trabalhado na fronteira com o Paraguai, em Ponta Porã, onde o tráfico de drogas gera violência. As questões que envolvem o crime organizado na fronteira com a Bolívia, segundo ele, “precisam ter um olhar sério” por parte da Polícia Federal.
Disse que a PF acompanha a chegada e a dinâmica das facções criminosas brasileiras na Bolívia, em especial em Santa Cruz de La Sierra, distante 600 km da fronteira. “Estamos atentos a esse movimento do crime organizado no vizinho país e esperamos ampliar o diálogo com o novo governo boliviano para uma atuação forte e conjunta”, observou.
"Mulas" - Com a infiltração de traficantes brasileiros do outro lado da fronteira, onde o PCC (Primeiro Comando da Capital) teria uma base estratégica, aumentou de forma expressiva o uso de “mulas” para transportar cocaína para o Brasil, com destino a região Sudoeste. Mais de 2 toneladas da droga ingeridas por bolivianos são apreendidas por mês no Posto Esdras da Receita Federal, em Corumbá.
A fronteira de Corumbá com a Bolívia tem aproximadamente 517 quilômetros de extensão, dos quais cerca de 386 quilômetros são de fronteira seca. A linha demarcatória internacional estende-se desde a foz do Rio Nabileque (afluente do Rio Paraguai), próximo ao Forte de Coimbra, até o marco norte da lagoa Gaíva, no limite do município com Cáceres (MT).
A posse do delegado chefe contou com a presença do superintendente regional da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Dotta D’Ângelo.


