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"Ótimo marido, ótimo pai e ótimo avô", Moacir deixa saudades em Corumbá

Em relato emocionado, esposa conta que "essa doença chegou para levar meu marido de mim"

Lucia Morel | 29/06/2020 18:47
Moacir no meio, ao lado de três filhos, um dos netos e da esposa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Moacir no meio, ao lado de três filhos, um dos netos e da esposa. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Memória do meu marido? Só coisas boas. Ótimo marido, ótimo pai, ótimo avô, companheiro, confidente, tudo!”.

Com essa homenagem carregada de emoção, Maria Gomes da Silva, de 66 anos, lembra do marido, Moacir da Silva, 71 anos, levado pela covid-19 no último sábado, 27 de junho, em Corumbá, a 428 Km de Campo Grande.

Abatida e com voz embargada, a idosa fala com carinho do esposo, com quem ficou casada por 48 anos “inseparáveis”, como ela mesmo disse. Quatro filhos e cinco netos fazem parte dessa história, que terá de ser repensada com a partida de Moacir.

“Essa doença veio pra levar meu marido de mim, infelizmente”, sentencia.

Maria conta que o esposo, aposentado da construção civil, participou inclusive da obra da ponte em Porto Morrinho, que liga Miranda a Corumbá e outras tantas. “Ele era armador, se aposentou nisso”, contou.

Para ela, a covid-19, nome que nem gosta de pronunciar, chegou e levou o marido da noite para o dia. Ele começou com uma gripe no começo de junho, depois que ela teve uma pneumonia e se curou. “Fiz todo tratamento, tomei os remédios que me passaram e me curei”, contou. Na ocasião, os exames que fez para detecção de covid-19 deram negativo.

Moacir faleceu de covid-19 aos 71 anos, em Corumbá. (Foto: Arquivo Pessoal)
Moacir faleceu de covid-19 aos 71 anos, em Corumbá. (Foto: Arquivo Pessoal)

Moacir adoeceu em seguida, mas sem complicações, também com exames do novo coronavírus negativos. “Deu pneumonia nele também, foi medicado, veio pra casa, tomou os remédios, mas ficou com febre e uma gripe que não passava. Então, no domingo (14 de junho) levaram ele no hospital, fez o teste e deu negativo, mas dois dias depois deu positivo”, sustentou.

Uma semana depois, com a saúde mais debilitada, Moacir foi internado e passou a receber oxigênio. No dia 24 de junho foi entubado e acabou falecendo dois dias depois. Para a esposa, “tudo é muito triste”, ainda mais porque não pode velar o marido. "Como pode você não poder se despedir de uma pessoa que estava ali, com você?", questiona.

Ao ser internado em 21 de junho, como protocolo, não houve mais nenhum contato entre Moacir e sua família, e qualquer informação era repassada pelo telefone pelos profissionais de saúde de Corumbá. “Ele enterrou e ninguém viu, os filhos ficaram de longe”, lamenta.

Maria conta que não faz ideia de onde o marido possa ter sido infectado, porque segundo ela, “se cuidava muito”.

“Ele ia na Casa Lotérica fazer e jogo dele e na padaria só. E nem na padaria estava indo mais porque o filho ficou em casa e começou a ir no lugar dele. Ele tinha medo, sabia do problema, se cuidava, só saía com máscara”, disse.

À família, segundo a esposa, fica a lembrança do “homem maravilhoso” que Moacir era. “Era meu ajudante, dividíamos tudo, era inseparável de mim, de uma educação que você não faz ideia”, elencou, aumentando ainda mais os elogios afirmando que o marido “era bacana, respeitoso, amava os netos, ninguém tem o que falar mal dele”.

Viúva, Maria não está sozinha e é cuidada por dois filhos, que moram com ela. “Graças a Deus por isso, pelo menos”, agradeceu.

Colaborou o jornalista Érick Silva, de Corumbá.

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