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Interior

Para concorrer com a Bolívia, lojas parcelam e investem em qualidade

Aliny Mary Dias, enviada especial a Corumbá | 06/05/2014 09:49
Comércio de Corumbá precisa apostar em promoções, parcelamento e qualidade para vender  (Foto: Cleber Gellio)
Comércio de Corumbá precisa apostar em promoções, parcelamento e qualidade para vender (Foto: Cleber Gellio)

Conquistar novos clientes e manter boa média de vendas não é tarefa fácil para os comerciantes de Corumbá, distante 444 quilômetros da Capital. Tudo em razão da concorrência com o comércio de Puerto Quijarro, cidade boliviana que faz fronteira seca com o Brasil e que pratica preços bem abaixo do mercado brasileiro.

Entre os comerciantes da Rua Delamare, a principal do comércio da cidade branca, há um consenso sobre as táticas de venda para os dois tipos de clientes, os moradores da cidade e os turistas que vão até Corumbá para apreciar o Pantanal sul-mato-grossense.

Para aqueles que vivem em Corumbá e já conhecem o comércio do país vizinho, os comerciantes apostam na condição facilitada de pagamento para atrair e fidelizar a clientela. Daiana Nunes, 18 anos, é gerente de uma das lojas que comercializam acessórios e sapatos e afirma que o caminho é parcelar.

“A gente precisa se mexer, geralmente fazemos promoções e oferecemos descontos, mas é no parcelamento que a gente consegue vender. Parcelamos no cartão e quem compra sabe que na Bolívia é tudo à vista”, explica a gerente.

Silvana tem loja há 10 anos e diz que alerta turista sobre qualidade de itens bolivianos (Foto: Cleber Gellio)
Silvana tem loja há 10 anos e diz que alerta turista sobre qualidade de itens bolivianos (Foto: Cleber Gellio)

Outro desafio ainda maior é vender os produtos para os turistas. Muitos itens são vendidos na Bolívia pela metade do preço praticado no Brasil e a situação chama a atenção de quem vem de fora. Mas para os comerciantes, o importante é ressaltar a diferença da qualidade de tudo o que está no estoque.

Silvana Rodrigues, 42 anos, tem uma loja de bolsas, mochilas e utilidades domésticas há 10 anos em Corumbá. Ela explica que todos produtos são adquiridos no Brasil, principalmente em São Paulo, e que concorrer com a Bolívia não preocupa mais.

“Antigamente era mais complicado, mas a gente fala para os turistas que aquilo vendido na Bolívia é de péssima qualidade. A gente bate na tecla de que não vale a pena e muitos acabam comprando com a gente, mas tem gente teimosa que compra lá e se arrepende”, ressalta a lojista.

Há sete anos no Brasil e com uma loja de roupas em Corumbá, o marroquino Omar Fares, 54 anos, explica que o público-alvo dele são os moradores da cidade branca e que todo corumbaense já foi até a Bolívia e conhece os produtos vendidos do outro lado da fronteira.

“Eles sabem muito bem que a maioria daquelas roupas fica bastante ruim depois da primeira lavagem. Aqui eu só tenho produto brasileiro e eles sabem que é tudo de qualidade”, explica o comerciante.

Roupas são de qualidade inferior a do Brasil (Foto: Cleber Gellio)
Roupas são de qualidade inferior a do Brasil (Foto: Cleber Gellio)
Tênis são vendidos bem abaixo do preço brasileiro (Foto: Cleber Gellio)
Tênis são vendidos bem abaixo do preço brasileiro (Foto: Cleber Gellio)

Quanto custa? – Depois de tanta propaganda negativa por parte dos lojistas brasileiros, o Campo Grande News foi até Puerto Quijarro conferir os valores e os produtos. Na cidade, o ponto de comércio é a famosa feirinha, uma espécie de camelódromo campo-grandense.

A variedade de produtos é grande, tem de meias que custam R$ 2 a casacos de couro vendidos a R$ 200. Apesar do preço baixo de muitos itens como os tênis e coturnos, as marcas falsas e a qualidade dos materiais desanimam.

Um par de tênis original da marca Nike vendido a R$ 250 em Corumbá pode ser comprado por R$ 60 na Bolívia, e se o consumidor pedir um desconto, o produto pode sair até por R$ 50. O mesmo acontece com as roupas, carro-chefe da maioria das lojas.

Em uma rápida volta no centro comercial, que conta com mais de 50 boxes, é possível conferir todos os itens vendidos, já que a maioria comercializa os mesmos produtos.

O que leva muitos turistas a cruzar a fronteira são as roupas de frio, principalmente os casacos de couro. Em alguns casos vale mesmo à pena, há jaquetas que no Brasil não são encontradas por menos de R$ 500 e que em Puerto Quijarro pode ser levado para casa por R$ 200. Tudo precisa ser pago à vista e vale a pechincha para que o produto tenha um desconto.

No lado brasileiro, comerciante vendes roupas compradas em São Paulo (Foto: Cleber Gellio)
No lado brasileiro, comerciante vendes roupas compradas em São Paulo (Foto: Cleber Gellio)
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