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Interior

PM é acusado de cobrar propina para avisar “muambeiros” de fiscalização

Cabo da Polícia Militar passou a ser investigado, depois que PRF fez denúncia

Anahi Zurutuza | 27/08/2021 18:30
Em mensagens enviadas a grupo nos dias 18 e 19 de outubro do ano passado, "Everton" avisa: "barba de molho moçada". (Foto: Reprodução dos Autos)
Em mensagens enviadas a grupo nos dias 18 e 19 de outubro do ano passado, "Everton" avisa: "barba de molho moçada". (Foto: Reprodução dos Autos)

Denunciado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), cabo da PM (Polícia Militar) virou réu em processo por corrução passiva e facilitação de contrabando e descaminho. Conforme a acusação, Magnelson Bomfim Reis, de 32 anos, recebia propina para avisar “muambeiros” das escalas de trabalho e fiscalizações programadas realizadas em Vila Vargas, distrito de Dourados.

Consta na denúncia, o estopim para a investigação foi em outubro do ano passado, quando o inspetor chefe da PRF em Dourados comunicou à PM que policiais que faziam fiscalização em rodovia federal que passa pelo distrito teriam se apropriado de mercadorias importadas ilegalmente.

Depois disso, descobriu-se que Reis fazia parte de grupo no WhatsApp, onde compartilhava informações sobre o policiamento na região com pessoas que compravam produtos no Paraguai para revender no Brasil sem o devido pagamento de impostos.

“O contrabando era organizado em um grupo de aplicativo denominado ‘CAMISA 10’. O referido grupo era composto por trinta e três integrantes, sendo transportadores de mercadorias de produtos de contrabando e descaminho, que utilizavam o Distrito de Vila Vargas como base para suas operações criminosas”, detalha a acusação, completando que acesso aos diálogos foi permitido por um dos líderes dos contrabandistas.

Consta na denúncia ainda, que o policial se identificava como Everton e usava linha telefônica no nome de uma mulher, cujos dados foram consultados pelo cabo no sistema da polícia, para conversar com os “muambeiros”.

Não há detalhes do quanto o policial militar lucrou com os “alertas” e nem há quanto tempo dava os avisos aos “muambeiros”. Mas, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) concluiu, em julho deste ano, que o cabo cometeu infrações previstas no artigo 308 do Código Penal Militar e 318 do Código Penal. “Diante disso, denota-se que a conduta do denunciado Magnelson Bonfim Reis consistiu em facilitar a prática de contrabando ou descaminho, bem como cometeu corrupção passiva”.

O juiz Alexandre Antunes da Silva aceitou a denúncia contra o cabo, também em julho deste ano, e no começo de agosto ouviu a testemunhas de acusação. As audiências das testemunhas de defesa foram marcadas para setembro.

Por enquanto, no processo, não foram anexadas alegações em favor do réu. Magnelson Reis está na PM desde 2008 e em 2018, foi o primeiro da turma em curso de formação para sair do cargo de soldado e virar cabo, conforme divulgado à época, no site do Governo de Mato Grosso do Sul.

O Campo Grande News tentou contato com o advogado Gederson Miguel Colman Nogueira, que defende Magnelson na ação, pelo telefone disponível no CNA (Cadastro Nacional de Advogados), mas ninguém atendeu às ligações.

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