ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 27º

Interior

Polícia constatou desmate de 100 hectares em fazenda onde grupo era escravizado

Entre os 15 trabalhadores que eram explorados na Fazenda Salto, oito eram adolescentes com idades entre 15 a 17 anos

Adriano Fernandes | 05/12/2020 19:30
Cozinha que foi improvisada em mangueiro. (Foto: Divulgação)
Cozinha que foi improvisada em mangueiro. (Foto: Divulgação)

A Fazenda Salto onde 15 trabalhadores, entre eles 8 adolescentes com idades entre 15 a 17 anos, viviam em condição análoga à escravidão tem mais de 105 hectares de floresta desmatada de forma ilegal, conforme apurou a força-tarefa que esteve no local, durante esta semana. Grande quantidade de toras e postes de aroeira, madeira que é protegida por lei também foram localizadas.

A propriedade tem 3 mil hectares e fica na zona rural de Nioaque, município a 179 quilômetros de Campo Grande. O gerente da fazenda, Valdecir Rossi, que foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, pagou fiança e foi liberado no mesmo dia. Ele foi abordado pelas autoridades que foram conferir a situação.

Vítimas moravam no mangueiro e dormiam em camas improvisadas. (Foto: Divulgação)
Vítimas moravam no mangueiro e dormiam em camas improvisadas. (Foto: Divulgação)

No local os agentes da Polícia Militar, PMA (Polícia Militar Ambiental) e Polícia Civil além dos fiscais do MPT/MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul), encontraram os trabalhadores em situação degradante, conforme mostram imagens adquiridas pela reportagem.

As vítimas moravam em um mangueiro e dormiam sobre camas improvisadas feitas com troncos de madeira. A estrutura era cercada de lona e os moradores também não tinham estrutura adequada sequer para tomar banho.

O chuveiro ficava exposto ao relento e um dos banheiros ficava à beira de uma mata, não tinha vaso sanitário e era cercado por lonas.

Diante da situação os trabalhadores, que são paraguaios, foram resgatados e todo o tramite para regularizar a situação deles foi viabilizada pelo MPT.

O caso - A força-tarefa foi à área depois da divulgação de vídeos em que trabalhador que operava a máquina pesada chegava a citar o nome do governador Reinaldo Azambuja como responsável por autorizar a retirada ilegal de madeira, que era incendiada e enterrada.

Local onde os trabalhadores estendiam as suas roupas. (Foto: Divulgação)
Local onde os trabalhadores estendiam as suas roupas. (Foto: Divulgação)

Ele foi localizado e identificado como Danielson de Aguiar Oliveira, 34 anos. Admitiu a autoria dos vídeos, e detalhou como foi enterrada a madeira.

À polícia, Danielson citou que os contratantes do serviço irregular eram os arrendatários  Wanderley Rodrigues da Costa e Wanilton Rodrigues da Costa, que são irmãos. Ambos não foram localizados.

A área em questão fica na divisa entre duas propriedades, as fazendas Salto e Morro Azul e que se tratavam dos mesmos arrendatários responsáveis pela fazenda Vaticano. Ao Campo Grande News, a defesa dos dois citados como arrendatários disse que não são eles os responsáveis legais pela fazenda onde houve o desmatamento. Eles são irmãos da responsável, identificada como Maisa Rodrigues da Costa.

A defesa dos acusados diz que o serviço prestado na fazenda foi terceirizado e que o responsável é Serafin Gonçalves da Silva, que não foi localizado pelo Campo Grande News. 

Trabalhadores que eram explorados na propriedade. (Foto: Divulgação)
Trabalhadores que eram explorados na propriedade. (Foto: Divulgação)


Nos siga no Google Notícias