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Interior

Polícia indicia ex-funcionária e mães de santo por desvio de R$ 50 milhões

Larissa Kwiek Jovanovich Queiroz, a “Mãe Jade”, está foragida; R$ 32 milhões foram bloqueados

Helio de Freitas, de Dourados | 14/10/2021 15:44
Larissa Queiroz, a “Mãe Jade”, teve prisão decretada e está foragida (Foto: Reprodução)
Larissa Queiroz, a “Mãe Jade”, teve prisão decretada e está foragida (Foto: Reprodução)

A ex-gerente financeira da Comid Máquinas Agrícolas e duas mães de santo de São Paulo foram indiciadas pelo desvio de R$ 50,8 milhões da conta da empresa, localizada em Dourados, a 233 km da Capital. O caso foi divulgado em primeira mão pelo Campo Grande News no dia 5 de outubro de 2020. O inquérito policial foi enviado hoje (14) ao Poder Judiciário.

Evanir Camargo Pelogia, 35, funcionária de extrema confiança dos donos da empresa, Larissa Kwiek Jovanovich Queiroz, a “Mãe Jade”, e Juliana Sambugaro, 40, a “Mãe Ju”, foram indiciadas por furto e organização criminosa. Evanir também vai responder pelo agravante de ter cometido o crime mediante abuso de confiança.

Única com prisão preventiva decretada, Larissa Kwiek Jovanovich Queiroz ainda não foi localizada pela polícia. Acusada de vários golpes semelhantes e milionária, segundo apurou a polícia douradense, ela usa seu poder financeiro para se esconder das autoridades.

Juliana Sambugaro, a “Mãe Ju”, uma das três indiciadas por desvio milionário (Foto: Arquivo)
Juliana Sambugaro, a “Mãe Ju”, uma das três indiciadas por desvio milionário (Foto: Arquivo)

Espíritos malignos – Foi a própria Evanir Pelogia que procurou a polícia para denunciar o desvio, no dia 29 de setembro do ano passado. Ela compareceu à 1ª Delegacia de Polícia de Dourados e revelou ser vítima de extorsão.

Ao delegado Rodolfo Daltro, na época chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais), Evanir alegou que, temendo ser atormentada por “espíritos malignos”, passou a fazer transferências das contas bancárias da empresa para outras indicadas pelas “gurus espirituais”.

Durante o período exato de um mês, de 28 de agosto a 28 de setembro de 2020, Evanir Pelogia desviou R$ 50.845.730,50 da Comid Máquinas. No mesmo dia, Rodolfo Daltro pediu o bloqueio judicial das contas bancárias para as quais o dinheiro foi transferido.

A polícia conseguiu recuperar pelo menos R$ 15 milhões em diversas contas bancárias de doleiros e do marido de Juliana Sambugaro, o personal trainer paulista Fulvio Stefano Nicolich, que nas redes sociais se identifica como “Cigano Maromba”. Na conta dele foram apreendidos em torno de R$ 700 mil.

Em março, quando assumiu a Defron (Delegacia de Fronteira), o delegado levou o caso com ele e continuou com as investigações. Logo surgiram indícios desmentindo que a então gerente financeira fosse vítima de extorsão.

Segundo a polícia, foi Evanir Pelogia que procurou as mães de santo paulistas para que fizessem trabalhos espirituais com o objetivo de ocultar os furtos por ela praticados sistematicamente contra a empresa.

Durante as consultas espirituais, as duas mães de santo perceberam a possibilidade de também se beneficiarem com o dinheiro da empresa e orientaram Evanir a transferir os valores milionários com a promessa de que seus desejos seriam atendidos.

Salário de 4 mil – Desde que assumiu o cargo de coordenadora financeira, depois de ocupar por outras funções na empresa, Evanir passou comprar imóveis rurais e urbanos e carros de luxo, “situação totalmente incompatível com a remuneração de cerca de R$ 4 mil por mês”.

A Justiça determinou o sequestro de imóveis e a apreensão de veículos comprados por ela, totalizando pelo menos R$ 3 milhões.

Segundo o delegado, somando o dinheiro apreendido nas contas, os imóveis e os veículos apreendidos das três acusadas, o montante recuperado chega a R$ 32 milhões, mas pelo menos R$ 18 milhões desapareceram.

As duas mães de santo possuem extensa ficha criminal pela prática de furtos, associação criminosa e estelionato. Ambas ostentam elevadíssimo padrão de vida, segundo a polícia.

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