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Interior

Polícia pede prisão de suspeito de matar líder indígena com 35 facadas

Helio de Freitas, de Dourados | 12/11/2014 16:48
A líder kaiowá Marinalva Manoel foi assassinada com 35 facadas no dia 1º deste mês e único suspeito é o companheiro dela (Foto: Reprodução)
A líder kaiowá Marinalva Manoel foi assassinada com 35 facadas no dia 1º deste mês e único suspeito é o companheiro dela (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão de um homem com quem a líder indígena kaiowá Marinalva Manoel, 27 anos, tinha um relacionamento e estava morando com ele até ser assassinada com 35 golpes de faca em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Entretanto, a prisão ainda não foi decretada.

O homem, cuja identidade não foi divulgada, é suspeito de ter matado Marinalva. O corpo foi encontrado na manhã o dia 1º deste mês, na beira da BR-163. Ele está desaparecido. A morte de Marinalva provocou reação da ONU (Organização das Nações Unidas), que pediu celeridade nas investigações.

O delegado Edmar Batistela, da 2ª Delegacia de Polícia de Dourados, informou que ouviu o depoimento de sete pessoas entre familiares, conhecidos que tiveram contato com Marinalva nos dias anteriores ao crime e um funcionário da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Ao Campo Grande News, o policial disse que o homem é o único suspeito do crime. Marinalva morava no acampamento indígena “Nhu Porã”, próximo à MS-156, e lutava pela demarcação da área, localizada entre os bairros Jardim Guaicurus e Parque das Nações, no perímetro urbano da cidade. Entretanto, dias antes de ser morta ela teria deixado o acampamento para viver com o companheiro em outro local.

Batistela considera esclarecido o assassinato da líder indígena e afirma não existir indícios de que ela tenha sido morta por causa de seu envolvimento na luta pela demarcação das terras. Para ele, o motivo foi passional. “Só aguardo o laudos e a prisão do suspeito para concluir o inquérito”, afirmou. Os laudos vão ajudar a polícia a saber se Marinalva foi morta no local onde o corpo foi encontrado e se ela sofreu violência sexual.

O grupo de índios ao qual Marinalva fazia parte mora em um acampamento localizado numa área reivindicada pelos índios, cujos estudos antropológicos iniciais apontaram como terra indígena. Entretanto, o local pertence a uma empresa de paisagismo e parte está sendo loteada.

Recentemente o MPF (Ministério Público Federal) alertou às pessoas que estão comprando terrenos no loteamento “João Carneiro Alves” sobre a eventual demarcação.

“Toda a área está passando por levantamento antropológico pelo Grupo Técnico Dourados-Amambaipeguá, que já identificou elementos comprobatórios de ocupação tradicional por indígenas guarani-kaiowá”, afirmou o MPF.

Duas semanas antes de ser assassinada, Marinalva participou de protesto de índios de Mato Grosso do Sul em Brasília, contra decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que barra a demarcação de uma área em Caarapó e poderia gerar uma reação em cadeia em todo o país. Por três votos a um, a 2ª Turma do Supremo decidiu que os índios não teriam mais direito pela terra porque não estavam no local antes de 1988, quando a Constituição foi promulgada.

Na semana passada, a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, pediu “rigor” e “celeridade” na investigação sobre o assassinato de Marinalva Manoel.

“O assassinato de Marinalva Manoel nos acomete de extremo pesar pela violência e pela truculência com que sua vida foi ceifada. Frente ao perfil e às ameaças recebidas pela vítima, são evidentes os elementos de feminicídio, assassinato de mulheres por razão de gênero”, afirmou Nadine Gasman em nota oficial.

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