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Interior

Policiais civis de MS são acusados de sequestro e tortura no Paraguai

Delegado e sete agentes de Ponta Porã teriam invadido país vizinho hoje cedo e espancado cidadão daquele país que havia trabalhado na loja da mãe de um dos policiais em Pedro Juan

Helio de Freitas, de Dourados | 30/01/2019 19:11
Paraguaio Abraham Sánchez Sanabria diz que foi espancado por policiais brasileiros (Foto: Direto das Ruas)
Paraguaio Abraham Sánchez Sanabria diz que foi espancado por policiais brasileiros (Foto: Direto das Ruas)

O delegado Patrick Linares Costa e sete homens, que seriam agentes da Polícia Civil em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, estão sendo acusados de invadir o território paraguaio e sequestrar e torturar um cidadão daquele país na manhã de hoje (30).

A denúncia foi registrada na Comissaria da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero, onde o suposto sequestro teria ocorrido. A vítima é o paraguaio Abraham Sánchez Sanabria, 34.

O Campo Grande News apurou que Sanabria havia trabalhado na loja da mãe do delegado que liderou a equipe na “missão” desta quarta-feira e estaria cobrando seus direitos trabalhistas. A loja de ferragens e materiais de construção fica em Ponta Porã.

Uma fonte da fronteira contou à reportagem que Sanabria estaria ameaçando a mãe do delegado e teria ido várias vezes à loja para amedrontá-la. Até um boletim de ocorrência teria sido registrado contra ele.

De acordo com comissário Milciadez Ramirez, um dos comandantes da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero, Sanabria contou em depoimento que o delegado e outros sete policiais estavam em duas caminhonetes, uma delas uma Toyota Hilux prata.

O homem contou que voltava para casa quando foi alcançado pelos policiais civis dentro do Paraguai. Segundo a versão de Sanabria, ele deixou sua moto na sede da Aduana de Pedro Juan Caballero e foi levado para um lugar ermo em Ponta Porã, onde teria sido espancado pelo grupo.

Sanabria apresentava hematomas na cabeça, nos pés e nos braços. Ainda segundo o comissário paraguaio, o homem disse que tinha trabalhado na loja de ferragens e acionado a empresa na Justiça do Trabalho.

O Campo Grande News teve acesso ao boletim de ocorrência, registrado na Segunda Comissaria do bairro General Diaz, denunciando “privação ilegítima de liberdade, lesão e posterior libertação”.

Ferimentos no pé que teriam sido provocados durante sessão de tortura (Foto: Direto das Ruas)
Ferimentos no pé que teriam sido provocados durante sessão de tortura (Foto: Direto das Ruas)

Deixado na rua – Os crimes teriam ocorrido, segundo a denúncia, por volta de 9h30 na Rua Doutor Francia com Juan Oleary, no bairro San Antonio, em frente ao prédio da Aduana. Sanabria disse que após várias horas de tortura, foi levado de volta a Pedro Juan Caballero e deixado no meio da rua.

A ocorrência da Polícia Nacional do Paraguai cita como autor do sequestro e da tortura o cidadão brasileiro “Patrick Linhares”. Os outros sete acusados não foram identificados.

O único delegado com esse nome lotado em Ponta Porã é Patrick Linares da Costa, titular da 2ª Delegacia de Polícia. A reportagem tentou contato com ele, mas não recebeu resposta.

O delegado regional adjunto de Ponta Porã, Mikail Faria, disse que a Polícia Civil ainda não foi comunicada oficialmente sobre o caso, mas disse que a denúncia será investigada após ser informada pelas autoridades paraguaias.

A assessoria de comunicação da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) também foi procurada e informou que irá se manifestar após falar com o diretor geral da Polícia Civil.

Veja abaixo a entrevista do comissário Milciadez Ramirez, em castelhano, falando sobre o caso, e imagens de Abraham Sánchez Sanabria conversando com repórteres paraguaios:

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