Ivinhema renova contrato milionário com empresa investigada por corrupção
Repasse de R$ 6,4 milhões foi renovado sem licitação própria; prefeito justifica escolha por falta de opções
A Prefeitura de Ivinhema, município a 289 quilômetros de Campo Grande, renovou contrato com a empresa Centro América Comércio, Serviço, Gestão Tecnológica Ltda., que já foi investigada por corrupção em municípios de Mato Grosso. A renovação foi feita no dia 18 deste mês, sem licitação própria, por meio de adesão a uma ata de registro de preços, conforme publicação no Diário Oficial.
RESUMO
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A Prefeitura de Ivinhema, em Mato Grosso do Sul, renovou contrato de R$ 6,4 milhões com a Centro América Comércio, Serviço, Gestão Tecnológica Ltda., empresa investigada por corrupção em Mato Grosso. A renovação foi realizada sem licitação própria, por meio de adesão a uma ata de registro de preços do Consórcio Intermunicipal de Minas Gerais. O contrato prevê serviços de quarteirização para conservação da frota municipal, com vigência até setembro de 2026. O proprietário da empresa, Jânio Corrêa da Silva, foi preso em 2024 por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção avaliado em R$ 1,8 bilhão. O prefeito Juliano Ferro defendeu a contratação, alegando falta de opções locais.
Conforme apuração da reportagem, a empresa atua no ramo de tecnologia, com desenvolvimento de softwares sob encomenda e gestão de frotas, e tem sede em Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Em Ivinhema, o contrato prevê serviços de quarteirização para conservação de veículos e maquinários da frota municipal.
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Na prática, a quarteirização ocorre quando o poder público contrata uma empresa para gerenciar serviços que já são terceirizados, funcionando como intermediária entre a prefeitura e as oficinas ou prestadores finais. Nesse modelo, o gerenciamento dos serviços e dos pagamentos é feito por meio de um sistema informatizado, geralmente com uso de cartões.
O novo contrato, identificado como nº 119/2025, tem valor global de R$ 6.441.389,70, com vigência de 18 de dezembro de 2025 a 27 de setembro de 2026, com possibilidade de prorrogação. O gasto mensal estimado gira em torno de R$ 700 mil.
O acordo foi firmado por meio de adesão à Ata de Registro de Preços nº 031/2024, originada de pregão eletrônico realizado pelo Cimesmi (Consórcio Intermunicipal Multifinalitário dos Municípios do Extremo Sul de Minas Gerais). Assinam o contrato o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PL), e o empresário Jânio Corrêa da Silva.
Conforme o edital publicado pelo Cimesmi, o contrato prevê a prestação de serviços de manutenção preventiva e corretiva da frota municipal, incluindo veículos leves, pesados, motocicletas e maquinários. Entre os serviços estão mecânica em geral, funilaria, pintura, elétrica, ar-condicionado, troca de óleo, alinhamento, balanceamento, borracharia, fornecimento de peças, pneus, reboque e socorro mecânico, com atendimento em todo o território nacional.
Esta não é a primeira contratação da empresa pela prefeitura. Em março deste ano, Juliano Ferro assinou outro contrato com a mesma empresa, no valor de R$ 4.995.750,45, com vigência de seis meses, entre março e setembro de 2025. Assim como o atual, o contrato anterior também ocorreu por adesão a ata de registro de preços e tinha como objetivo a quarteirização da gestão da frota municipal.
O nome de Jânio Corrêa da Silva aparece em investigações em Mato Grosso. Ele foi preso em novembro do ano passado, suspeito de envolvimento em um esquema de corrupção em contratos públicos que somariam cerca de R$ 1,8 bilhão naquele estado.
Procurado pela reportagem, o prefeito Juliano Ferro comentou a contratação de forma defensiva e disse que se trata de uma ferramenta de pagamento e controle usada por órgãos públicos para gerenciar gastos, principalmente com combustível, manutenção e peças de veículos da frota oficial.
"Nós estamos de recesso e meu compromisso pela prefeitura está 100% em dia”, afirmou. “Acho que sou o único prefeito de primeiro mandato com três contas aprovadas no Tribunal de Contas”, disse o prefeito de Ivinhema.
Sobre a escolha da empresa e a adesão a uma ata de outro estado, Juliano explicou que a decisão ocorreu por falta de opções locais. “Nós não encontramos nenhum sistema modo cartão. Esse cartão das peças é semelhante ao cartão da Taurus que o governo usa, que todos abastecem. O município abastece, é a mesma coisa”, afirmou.
Segundo ele, o modelo facilita a gestão e evita atrasos. “Isso ajuda na parte administrativa, porque às vezes você vai licitar vários itens, empresas de outros locais ganham, demora para entregar a peça e o maquinário fica parado”, disse. “Às vezes ganha mão de obra lá de Campo Grande, você tem que transportar. E nessa modalidade de cartão ela é muito boa”.
O prefeito também afirmou que a adesão a atas de registro de preços é comum entre os municípios de Mato Grosso do Sul. “Eu fiz aqui notificações de outros materiais, tipo escolar, e vários municípios aderiram”, afirmou. “Eu aderi a uma ata que outros municípios já tinham aderido e estava dando certo”.
Juliano disse ainda que outros prefeitos utilizam o mesmo modelo. “Não é só meu município que aderiu essa ata. Outros municípios aderiram. Você conversa com outro prefeito, pergunta se está dando certo, se está atendendo. Eu fui lá e aderi mesmo, como outros prefeitos amigos meus fizeram”, declarou.
A reportagem questionou a prefeitura sobre o histórico da empresa e os critérios adotados para a renovação do contrato. O espaço segue aberto para manifestações adicionais.
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