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Preso em MS, corretor que chamou Moraes de “satanista” vira réu no STF

Morador de Sanga Puitã, Glaudiston da Silva Cabral está recolhido no presídio de Ponta Porã

Por Helio de Freitas, de Dourados | 22/08/2025 16:51
Preso em MS, corretor que chamou Moraes de “satanista” vira réu no STF
Glaudiston da Silva Cabral está preso em Ponta Porã e passa a ser réu em ação do STF (Foto: Reprodução)

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu nesta sexta-feira (22) o julgamento da denúncia contra o corretor de imóveis Glaudiston da Silva Cabral, 55, acusado de associação criminosa e incitação ao crime no contexto das manifestações golpistas que resultaram nos atos de 8 de janeiro de 2023.

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Corretor de imóveis vira réu no STF por incitação ao crime e associação criminosa. Glaudiston da Silva Cabral, preso em Ponta Porã (MS), foi denunciado pela PGR por participar de grupos que instigaram atos antidemocráticos, incluindo os ataques de 8 de janeiro. Ele proferiu ofensas contra ministros do STF, chamando Alexandre de Moraes de "satanista" e os demais de "vagabundos". A denúncia foi aceita pela Primeira Turma do STF, apesar da divergência do ministro Luiz Fux quanto à competência da Corte. A defesa, feita pela DPU, alega que Moraes deveria se declarar impedido e que Cabral não tem ligação com os eventos de 8 de janeiro. O corretor já havia rompido tornozeleira eletrônica e estava foragido, atuando como horticultor em Sanga Puitã, antes de ser preso.

Natural de Mato Grosso, Glaudiston estava foragido após romper a tornozeleira eletrônica, mas foi preso em abril deste ano no distrito de Sanga Puitã, onde atuava como horticultor. Atualmente está recolhido no presídio de Ponta Porã.

Ele foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em maio de 2025 por fazer parte de grupos que incentivaram atentados aos Poderes e ao Estado Democrático de Direito através de milícias digitais, bloqueios de rodovias e acampamentos em frente aos quartéis, incitando as Forças Armadas a darem golpe.

Glaudiston Cabral ficou conhecido por ataques pessoais ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem chamou de “satanista” e “sacrificador de crianças”. Ele também fez postagens chamando os 11 ministros do STF de “vagabundos”.

Conforme a denúncia da PGR, em outubro de 2023, Glaudiston protocolou petição em processo na 1ª Vara Criminal de Dourados com ofensas aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, chamando-os de “genocidas” e “pedófilos”. O caso foi comunicado pelo juiz estadual à Polícia Federal, que instaurou inquérito para apurar os ataques feitos por Glaudiston.

Ao proferir voto pela aceitação da denúncia da PGR contra o corretor por incitação ao crime, Alexandre de Moraes citou o episódio e disse que as ofensas estão sendo investigadas em outro procedimento.

Além de Alexandre de Moraes, votaram pela aceitação da denúncia os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. O ministro Luiz Fux foi o último a dar seu voto, nesta sexta-feira (22).

Ele divergiu do relator e dos demais colegas de Turma ao reconhecer “incompetência absoluta do STF” para julgamento do caso. “Não se tratando de acusado dotado do foro por prerrogativa de função, deve a ação penal ser julgada perante o juízo competente de primeira instância”, afirmou Fux.

Como foi vencido nessa parte, ele declarou voto acompanhando o relator. Na prática, mesmo com a divergência de Fux, a denúncia foi aceita por unanimidade.

Relator – “Há provas suficientes de sua adesão à associação criminosa que se estabeleceu por meio de redes sociais, acampamentos e bloqueios de rodovias pelo Brasil, com o objetivo de praticar atos que se voltavam contra a higidez do sistema eleitoral e a democracia”, afirmou o relator em seu voto.

Segundo Alexandre de Moraes, unido aos demais integrantes do grupo que demandava o fechamento do STF e a decretação de intervenção militar, “com o nítido objetivo de incitar e insuflar as Forças Armadas a agir contra os Poderes Constitucionais”, Glaudiston difundiu conteúdo antidemocrático, especialmente de ataque às instituições e autoridades públicas, em redes sociais, carta pública e petições processuais.

Moraes cita ainda em seu voto que, intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento sobre as ofensas, o corretor de imóveis reiterou as palavras citadas na petição e depois fez divulgação em massa de vídeo chamando ministros do STF de “psicopatas e genocidas” e os agentes da Polícia Federal de “milicianos”.

O vídeo chegou a ser compartilhado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, com prisão decretada pelos atos golpistas e atualmente foragido nos Estados Unidos.

O processo por denunciação caluniosa na 1ª Vara Criminal de Dourados, no qual Glaudiston protocolou a petição com ofensas aos ministros, foi arquivado. Também foi arquivado pedido de “insanidade mental” do acusado, apresentado pela defesa do corretor de imóveis.

A defesa de Glaudiston Cabral na ação que tramita no STF é feita pela DPU (Defensoria Pública da União). O órgão alega que o processo não deveria tramitar na Corte Suprema – como argumenta o ministro Luiz Fux – e diz que Alexandre de Moraes deveria se declarar impedido de atuar no caso. Apontou ainda ausência de ligação do corretor de imóveis com os atos de 8 de janeiro e insistiu na rejeição da denúncia.

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