Preso em MS, corretor que chamou Moraes de “satanista” vira réu no STF
Morador de Sanga Puitã, Glaudiston da Silva Cabral está recolhido no presídio de Ponta Porã

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu nesta sexta-feira (22) o julgamento da denúncia contra o corretor de imóveis Glaudiston da Silva Cabral, 55, acusado de associação criminosa e incitação ao crime no contexto das manifestações golpistas que resultaram nos atos de 8 de janeiro de 2023.
RESUMO
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Corretor de imóveis vira réu no STF por incitação ao crime e associação criminosa. Glaudiston da Silva Cabral, preso em Ponta Porã (MS), foi denunciado pela PGR por participar de grupos que instigaram atos antidemocráticos, incluindo os ataques de 8 de janeiro. Ele proferiu ofensas contra ministros do STF, chamando Alexandre de Moraes de "satanista" e os demais de "vagabundos". A denúncia foi aceita pela Primeira Turma do STF, apesar da divergência do ministro Luiz Fux quanto à competência da Corte. A defesa, feita pela DPU, alega que Moraes deveria se declarar impedido e que Cabral não tem ligação com os eventos de 8 de janeiro. O corretor já havia rompido tornozeleira eletrônica e estava foragido, atuando como horticultor em Sanga Puitã, antes de ser preso.
Natural de Mato Grosso, Glaudiston estava foragido após romper a tornozeleira eletrônica, mas foi preso em abril deste ano no distrito de Sanga Puitã, onde atuava como horticultor. Atualmente está recolhido no presídio de Ponta Porã.
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Ele foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em maio de 2025 por fazer parte de grupos que incentivaram atentados aos Poderes e ao Estado Democrático de Direito através de milícias digitais, bloqueios de rodovias e acampamentos em frente aos quartéis, incitando as Forças Armadas a darem golpe.
Glaudiston Cabral ficou conhecido por ataques pessoais ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem chamou de “satanista” e “sacrificador de crianças”. Ele também fez postagens chamando os 11 ministros do STF de “vagabundos”.
Conforme a denúncia da PGR, em outubro de 2023, Glaudiston protocolou petição em processo na 1ª Vara Criminal de Dourados com ofensas aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, chamando-os de “genocidas” e “pedófilos”. O caso foi comunicado pelo juiz estadual à Polícia Federal, que instaurou inquérito para apurar os ataques feitos por Glaudiston.
Ao proferir voto pela aceitação da denúncia da PGR contra o corretor por incitação ao crime, Alexandre de Moraes citou o episódio e disse que as ofensas estão sendo investigadas em outro procedimento.
Além de Alexandre de Moraes, votaram pela aceitação da denúncia os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. O ministro Luiz Fux foi o último a dar seu voto, nesta sexta-feira (22).
Ele divergiu do relator e dos demais colegas de Turma ao reconhecer “incompetência absoluta do STF” para julgamento do caso. “Não se tratando de acusado dotado do foro por prerrogativa de função, deve a ação penal ser julgada perante o juízo competente de primeira instância”, afirmou Fux.
Como foi vencido nessa parte, ele declarou voto acompanhando o relator. Na prática, mesmo com a divergência de Fux, a denúncia foi aceita por unanimidade.
Relator – “Há provas suficientes de sua adesão à associação criminosa que se estabeleceu por meio de redes sociais, acampamentos e bloqueios de rodovias pelo Brasil, com o objetivo de praticar atos que se voltavam contra a higidez do sistema eleitoral e a democracia”, afirmou o relator em seu voto.
Segundo Alexandre de Moraes, unido aos demais integrantes do grupo que demandava o fechamento do STF e a decretação de intervenção militar, “com o nítido objetivo de incitar e insuflar as Forças Armadas a agir contra os Poderes Constitucionais”, Glaudiston difundiu conteúdo antidemocrático, especialmente de ataque às instituições e autoridades públicas, em redes sociais, carta pública e petições processuais.
Moraes cita ainda em seu voto que, intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento sobre as ofensas, o corretor de imóveis reiterou as palavras citadas na petição e depois fez divulgação em massa de vídeo chamando ministros do STF de “psicopatas e genocidas” e os agentes da Polícia Federal de “milicianos”.
O vídeo chegou a ser compartilhado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, com prisão decretada pelos atos golpistas e atualmente foragido nos Estados Unidos.
O processo por denunciação caluniosa na 1ª Vara Criminal de Dourados, no qual Glaudiston protocolou a petição com ofensas aos ministros, foi arquivado. Também foi arquivado pedido de “insanidade mental” do acusado, apresentado pela defesa do corretor de imóveis.
A defesa de Glaudiston Cabral na ação que tramita no STF é feita pela DPU (Defensoria Pública da União). O órgão alega que o processo não deveria tramitar na Corte Suprema – como argumenta o ministro Luiz Fux – e diz que Alexandre de Moraes deveria se declarar impedido de atuar no caso. Apontou ainda ausência de ligação do corretor de imóveis com os atos de 8 de janeiro e insistiu na rejeição da denúncia.
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