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Interior

Professores de Dourados denunciam perseguição e falta de estrutura

Aline dos Santos | 08/03/2013 11:57
Professores são ameaçados de corte de ponto por mobilização. (Foto: Divulgação)
Professores são ameaçados de corte de ponto por mobilização. (Foto: Divulgação)

Perseguição, corte de benefício, fim de programas e falta de infraestrutura na escola. As reclamações fazem parte da longa lista de problemas enfrentados pelos profissionais da Educação com a Prefeitura de Dourados. “Chegamos ao limite, as propostas não surgem. O prefeito [Murilo Zauith] conversa com o sindicato, mas a secretária aplica um remédio amargo, que vai matar os pacientes”, afirma o presidente do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), João Vanderley Azevedo.

No retorno do ano letivo, no último dia 6 de fevereiro, os professores do segundo maior município de Mato Grosso do Sul foram surpreendidos com o fechamento do PAE (Programa de Aceleração Escolar) e das salas de tecnologia. O projeto de reforço existe há oito anos. “O aluno que apresenta dificuldade tem aulas no contraturno para acompanhar o ritmo da turma”, explica o sindicalista.

Já ás salas de informática perderam os professores que foram capacitados para atuarem com as novas tecnologias. De acordo com o presidente do Simted, a secretaria de Educação alega que basta o professor abrir a sala e ligar os computadores.

No entanto, nem todos dispõem de conhecimento para comandar uma sala de informática. Já os profissionais preparados para a função voltaram para a sala de aula, no caso dos concursados, ou foram dispensados, caso dos convocados.

Somada às “novidades” de 2013, a categoria enfrentou, no fim do ano passado, a perda do direito à licença-prêmio. “No dia 28 de dezembro, o prefeito convocou uma extraordinária na Câmara para retirar o nosso direito. A licença previa três meses de afastamento a cada cinco anos. Era uma válvula de escape”, salienta João Azevedo. A medida atingiu todos os 6 mil servidores municipais.

A situação levou os trabalhadores a realizarem a paralisação de advertência no dia 5 de março. A mobilização seria de 24 horas. No entanto, a Prefeitura de Dourados conseguiu liminar no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) contra o movimento. “Foram truculentos. Entraram na Justiça, falaram que era greve por tempo indeterminado, que não foram avisados antes”, relata.

O sindicato foi notificado na segunda-feira à noite da decisão. A Justiça mandou que 80% dos professores continuassem trabalhando, sob pena de multa diária de R$ 25 mil. João relata que os profissionais foram pressionados pelos diretores a não participarem do protesto. Agora, segundo ele, a Prefeitura ameaça cortar ponto dos manifestantes.

Em escola indígena, bebedouro fica exposto a chuva e sol. (Foto: Divulgação)
Em escola indígena, bebedouro fica exposto a chuva e sol. (Foto: Divulgação)

Quebra de acordo – Conforme o presidente do Simted de Dourados, o prefeito Murilo Zauith (PSB) não cumpriu acordo com os profissionais da Educação. Apesar do compromisso, o poder público ainda não alterou a jornada dos professores para incluir 1/3 de hora-atividade. O acordo de negociação salarial foi feito em 2012, mas a promessa ficou no papel.

A Prefeitura também não abriu o processo para formalizar a carreira dos administrativos da Educação. Estão pendentes questões como remuneração e carga horária. A falta de diálogo impede a discussão sobre os salários dos professores. O sindicato quer ampliar a remuneração para quem tem magistério e faz jornada de 20 horas por semana. “Queremos fazer escalonado, em quatro anos, por exemplo”.

De acordo com João Azevedo, a secretaria de Educação mudou de perfil ao ser assumida por Marinisa Mizoguchi, formada em Administração de Empresas e com experiência na área tributária. “Ela é uma gestora, não é da Educação. Para ela, quanto menos gastar é melhor”, enfatiza.

Kit ou estrutura? – Para o presidente do Simted de Dourados, falta prioridade para investimentos. “Não somos contra o kit, mas era prioridade? Tem escola em situação calamitosa, desumana, principalmente as indígenas”, denuncia. No começo do ano letivo, alunos de escolas e Ceims (Centros de Educação Infantil Municipal) receberam kit com material escolar e uniforme.

O sindicalista relata que tem escola com apenas um banheiro e bebedouro que fica exposto a sol e chuva. Com protesto, pais e professores conseguiram reverter a decisão da Prefeitura de fechar a escola do distrito de Panambi, com 150 alunos.

Outro indicativo da desmobilização da rede foi o fim da participação de representantes indígenas na Secretaria de Educação. “Eram representantes das etnias terena, caiuá e guarani, que ajudavam a elaborar as políticas públicas”.
A rede municipal de Dourados tem 45 escolas, 35 Ceims, 1.800 professores e mil administrativos.

Na próxima semana, a categoria volta a fazer assembleia para, agora, discutir a possibilidade de greve. O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa e aguarda resposta da Prefeitura de Dourados.

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