Sem fiscalização prometida, travessia de rodovia causa outra morte
Dois dias depois de ser atropelada por carreta em frente ao Jardim Guaicurus, moradora de 57 anos morreu ontem
Moradores de residenciais populares continuam se arriscando, e morrendo, ao atravessar a MS-156 em frente ao Jardim Guaicurus, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. A promessa de fiscalização feita há quase um mês após a comunidade bloquear a rodovia por 18 horas não foi cumprida até agora.
Nesta quinta-feira (31), Cícera Eva Leite Bueno, 57, morreu dois dias depois de ser atropelada por uma carreta quando cruzava a rodovia de bicicleta para ir buscar o neto na escola.
Segundo os moradores, ela estava na passarela elevada, mas a carreta com placa de Naviraí, conduzida por Edailton Pereira Nunes, 45, não parou a tempo de evitar o cidente. Jogada a vários metros, Cícera bateu com a cabeça no asfalto e teve traumatismo craniano.
O trecho da MS-156 que passa em frente ao Jardim Guaicurus e aos residenciais Dioclécio Artuzi e Harrison de Figueiredo liga a BR-163 ao Núcleo Industrial de Dourados.
Além dos moradores que utilizam a rodovia pra chegar centro, a estrada tem movimento intenso de caminhões e carretas que carregam e descarregam nas agroindústrias instaladas no distrito industrial, como mostra o vídeo abaixo.
No dia 3 de outubro, em protesto contra as mortes nesse trecho da estrada, moradores dos bairros próximos bloquearam a MS-156 por quase 20 horas.
No dia seguinte, reunido com representantes da comunidade, o vice-governador Murilo Zauith (DEM) anunciou que o Estado vai fazer obras emergenciais para garantir mais segurança à comunidade.
As obras emergenciais, que serão feitas em 180 dias, incluem passarelas elevadas para pedestre, ciclovia nos dois lados da estrada, mureta dividindo as pistas para evitar retorno e conversão em qualquer parte da rodovia e iluminação do trecho da BR-163 até o Núcleo Industrial.
Na reunião, ficou definido também que equipes da Guarda Municipal fariam fiscalização em horários de maior movimento para garantir segurança aos moradores que precisam atravessar a rodovia. Ficou acertado que se a Guarda não pudesse atender a reivindicação, o serviço seria feito pela Polícia Militar Rodoviária.
Nesta sexta-feira (1º), a líder comunitária Lizandra Borges, que participou da reunião com o vice-governador, disse que a promessa de policiamento nos horários de maior movimento não foi cumprida.
“Falei com o Machado da Guarda Municipal, mas ele alegou que só tem duas viaturas fazendo rondas, que não pode tirar das escolas. A promessa não foi cumprida, nem pela Guarda nem pela PM. A travessia está cada dia pior, os carros não param”, afirmou Lizandra ao Campo Grande News, nesta manhã.
O comandante da Guarda Municipal de Dourados, inspetor Divaldo Machado de Menezes, disse que conversou com o diretor de operações da corporação sobre a possibilidade de fazer o policiamento esporádico no local. “Vamos fazer esporadicamente, revezar com a Agetran”.
Veja abaixo o vídeo com imagens do local do acidente e crianças se arriscando para atravessar a rodovia:
