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Interior

Sem ponte, fazendeiros "ficam ilhados" e sentem ainda mais a crise

Pecuaristas dizem que acesso dificil prejudica ano que já está ruim; Prefeitura afirma estar "quebrada" e tenta recursos para substituir 174 pontes de madeira

Izabela Sanchez | 27/10/2017 17:57
Parte da estrutura da Ponte do Riozinho, que desabou em janeiro de 2016 (Direto das Ruas)
Parte da estrutura da Ponte do Riozinho, que desabou em janeiro de 2016 (Direto das Ruas)

Famosa pela instabilidade, a 'Ponte do Riozinho' desabou em janeiro de 2016 após enchentes que elevaram o nível do Rio Taquari Mirim, na região de Rio Verde de Mato Grosso, a 207 km de Campo Grande. Em meio à crise no setor da pecuária, proprietários rurais desesperam-se. Ao buscar diálogo junto à Prefeitura, ainda assim, encontram a mesma situação: o Prefeito, Mário Alberto Kruger (PSDB) declara época de 'vacas magras' na administração, e já acionou até o Banco Mundial para buscar recursos.

A ponte, conforme explicaram os produtores rurais, conecta à BR-163 à Colônia Paredes, em Rio Verde. A região é antiga e marcada por diversas propriedades rurais. A questão, no entanto, é apenas a ponta do Iceberg: 174 pontes de madeira representam o escoamento para produtores rurais e precisam de substituição por estruturas de concreto.

Setor em crise

Com a crise política de 2017, que teve a corporativa JBS Foods como uma das protagonistas, pecuaristas relataram que a falta de estrutura une-se à um ano "difícil". Conforme a SFA/MS (Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul), os frigoríficos do grupo no Estado abateram, em setembro, 80.436 bovinos. O número é 39% inferior ao de agosto, quando foram abatidos 111.928 animais.

"Está muito difícil, tem muita coisa que fica quase impossível de fazer na fazenda, o acesso é difícil, vai fazer dois anos que desabou com a chuva. Tudo se torna mais difícil, mais custoso. Esse ano de 2017 foi tudo complicado, aqui do lado tem um cara que quer plantar soja também, e sem essa ponte não tem como trabalhar. É caminhão que vai sair toda hora", contou o gerente e sócio da Fazenda Morro Azul, José Reinaldo Memck, 60.

Vitorino Martos Fonseca, outro proprietário da região, afirma "sofrer" menos do que os vizinhos, já que as atividades na propriedade "são menores". O dono da Fazenda Porteiro declarou, ainda assim, que acompanha a dificuldade dos pecuaristas, que pedem socorro.

"Para quem tem propriedade para embarcar gado é muito complicado, a minha trabalha pecuária, não sou eu o mais prejudicado, são os vizinhos. Mas eu não posso ter acesso até a minha propriedade, e estou vendo as pessoas. O outro dia mesmo eu precisei de um cascalho, pra consertar", afirmou. Os fazendeiros declararam já terem buscado a administração de Rio Verde para auxiliar na construção.

Região de Colônia Paredes, entre Rio Verde de Mato Grosso e Coxim (Divulgação/Prefeitura)
Região de Colônia Paredes, entre Rio Verde de Mato Grosso e Coxim (Divulgação/Prefeitura)

Prefeitura quebrada e pontes de madeira - O prefeito de Rio Verde alegou, no entanto, que a administração não tem recursos e tenta os valores junto ao Banco Mundial, corporativa 'gigante' que oferece empréstimos a países "em desenvolvimento". Ele reclama que "os produtores rurais não ajudam".

"A questão é a seguinte, o município, não só Rio Verde, como vários municípios estão em uma situação insustentável. Não adianta, o pecuarista que tem uma situação socioeconômica boa...ele se opõe a nos ajudar. Nós damos a mão de obra e eles entram com o material, pronto", declarou.

Kruger também afirma que recebe todo mês um "recurso x" do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado do Mato Grosso do Sul), que não é suficiente para construir as pontes. Ele sustenta, também, que a "pressão" para levantar as estruturas leva em conta uma mentalidade que não acompanha "os dias de hoje", e afirma que os fazendeiros "buscam madeira de matas ciliares" para reconstruir as pontes.

"Outra coisa. Hoje, na era da evolução, fazer ponte de madeira...onde é que o fazendeiro vai buscar essa ponte de madeira? É na mata ciliar e na reserva florestal. Nós estamos buscando, junto com o Banco Mundial, recursos para refazer 174 pontes no município, levantando uma a uma a distância e a profundidade do rio", comentou.

Temer vai ajudar? - O prefeito declarou, ainda, que a visita do presidente Michel Temer (PMDB) é outra "promessa" para que a situação melhore.

"O Temer veio aí e está disponibilizando um recurso. E esse recurso para o que que é? É para a recuperação do Rio Taquari e eu acredito que esse recurso para recuperação das matas ciliares e das reservas, resolva para nós fazermos, também, essas pontes".

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