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Interior

Trabalhadores eram mantidos como escravos em fazenda do Estado

Renata Volpe Haddad | 30/01/2017 08:45
Os trabalhadores foram encontrados em uma fazenda localizada em Bataguassu, em condições desumanas. (Foto: Reprodução/ PRF)
Os trabalhadores foram encontrados em uma fazenda localizada em Bataguassu, em condições desumanas. (Foto: Reprodução/ PRF)

Após denúncia anônima, sete trabalhadores de uma fazenda em Bataguassu, distante 335 km de Campo Grande, foram encontrados em condições desumanas. Os funcionários eram submetidos a trabalho exaustivo, alojamento precário, eram coagidos, estavam em situação de vulnerabilidade e aceitação de pagamentos para obter consentimento com fins de exploração.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal), juntamente com equipes do Ministério Público do Trabalho e da Superintendência Regional do Trabalho, com um Procurador do Trabalho, Auditores e Agentes se deslocaram até a fazenda às margens da BR 267, km 88 e encontraram os sete trabalhadores, no sábado (28), depois de denúncia feita pelo número 191.

Os trabalhadores estavam alojados em barraco sem energia elétrica, compartilhavam um vaso sanitário, bebiam água com indícios de contaminação por esgoto, fezes de animais e agrotóxicos usados na plantação. Eles se alimentavam de animais silvestres como tatu, além de dividirem espaço com porcos, galinhas, ratos e rações de animais. Os trabalhadores foram recrutados depois de receberam proposta de trabalho digno e com direitos trabalhistas. Os homens estavam em condições de vulnerabilidade e eram impedidos de saírem do local.

O pagamento feito a eles funcionava da seguinte forma: os trabalhadores recebiam por diárias que eram usadas para a compra de materiais básicos de higiene e alimentação, como papel higiênico, sabões e itens alimentícios, que eram comercializados pelo patrão. Os pagamentos eram feitos sob coação e os gastos com materiais básicos eram descontados das diárias.

Todos os trabalhadores encontrados tiveram depoimentos colhidos no local pelo Procurador do Trabalho, Paulo Douglas Almeida de Moraes, retirados da fazenda pelos policiais, Auditores e Agentes do Trabalho, e alojados na cidade. O trabalho de resgate ainda foi acompanhado pelo Superintendente Regional da PRF, Luiz Alexandre Gomes da Silva, pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos, pela Corregedora Regional e pelo Chefe da Delegacia PRF de Bataguassu.

Sete trabalhadores compartilhavam um vaso sanitário e bebiam água com indícios de contaminação por esgoto, fezes de animais e agrotóxicos usados na plantação. (Foto: Reprodução/ PRF)
Sete trabalhadores compartilhavam um vaso sanitário e bebiam água com indícios de contaminação por esgoto, fezes de animais e agrotóxicos usados na plantação. (Foto: Reprodução/ PRF)

Operação - No Dia Mundial de Combate ao Trabalho Escravo (28), a PRF realizou Operação de Combate em Mato Grosso do Sul. Em ação integrada com o Ministério Público do Trabalho e Superintendência Regional do Trabalho foram realizadas ações de conscientização sobre o trabalho escravo além de diligências.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, a escravidão é assim definida: “Podemos definir trabalho em condições análogas à condição de escravo como o exercício do trabalho humano em que há restrição, em qualquer forma, à liberdade do trabalhador, e/ou quando não são respeitados os direitos mínimos para o resguardo da dignidade do trabalhador”.

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