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Cidades

Mais uma vez, fronteira é apontada durante audiência como barreira à segurança

Paula Vitorino | 12/11/2012 14:19
Autoridades e familiares discutiram ações para o fim da impunidade. (Foto: Minamar Júnior)
Autoridades e familiares discutiram ações para o fim da impunidade. (Foto: Minamar Júnior)

Durante audiência pública para pedir mudanças no Código Penal e o fim da impunidade, nesta manhã, familiares que já perderam alguém para a violência e autoridades ligadas ao assunto cobraram ação dos responsáveis e a saída da sociedade da sua “zona de conforto”.

Os representantes da bancada federal do Estado na audiência, Reinaldo Azambuja (PSDB), Fábio Trad (PMDB) e Henrique Mandetta (DEM), ressaltaram novamente o problema da segurança na fronteira.

“O reforço na segurança vai para combater o crime no Rio de Janeiro e em São Paulo enquanto que a origem do problema está aqui. Moramos na fronteira com um narcopaís (Bolívia). A fronteira está aberta porque nunca foram colocadas cercas”, frisou.

Ele lembrou a situação precária da Polícia Federal nos postos de fronteira, sem equipamentos, e questionou a falta de barreiras em pontos estratégicos. “Todo carro roubado passa por aquela ponte de Corumbá. Por que não faz ali uma barreira e todo carro que passar é revistado. O cara ia pensa duas vezes antes de rouba um carro aqui pra leva pra Bolívia”, frisa.

O deputado ainda criticou a segurança no Estado, dizendo faltar efetivo e equipamentos. Lembrando o caso dos jovens Breno e Leonardo, sequestrados e assassinados em 31 de agosto, o deputado afirmou que o caso só foi desvendado no primeiro dia por conta do apelo da sociedade.

“Se não fosse pelo da sociedade seria mais um dos tantos casos que os investigadores não conseguem concluir por falta de condições”, frisou.

Mobilização – A representante da UDVV (União em Defesa das Vítimas de Violência) no Estado, Raquel Ferrari, destacou que o Estado vive um “divisor de águas” com a comoção da sociedade para o fim da impunidade, mas que ainda é preciso mais.

“As pessoas estão mais conscientes, mas ainda é preciso se mexer. O povo tem memória curta demais quando a dor é com o outro”, frisou.

O grupo está arrecadando assinaturas para pedir adoção de penas mais rígidas para crimes contra a vida na revisão do Código Penal, que deve ser votado em maio de 2013. O objetivo é reunir 100 mil assinaturas. Em 40 dias, MS conseguiu cerca de 30 mil assinaturas, o maior número de todo o país.

“Nossas leis são frouxas. Não amparam o cidadão e sim o criminoso”, disse a mãe do jovem Breno Silvestrini, Lilian Regina. O estudante e o amigo Leonardo Batista Fernandes foram assassinados no dia 31 de agosto.

As mães dos jovens seqüestrados e assassinados uniram sua dor para pedir que o crime não seja em vão. “Meu sentimento, hoje, é que tudo aconteceu tenha um sentido. Que a morte do meu filho não seja mais uma entre nós”, disse a mãe de Breno, que hoje completaria 19 anos.

Hoje, às 15h, o grupo irá recolher assinaturas na avenida Afonso Pena, na região central.

Valores – Além do pedido de penas mais efetivas e ações de segurança, a delegada Maria de Lurdes Souza Cano, da Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos), lembrou que a discussão não pode parar no problema das leis brandas.

“Faltam valores morais e religiosos, que as famílias estão esquecendo de passar. Seria injusto falar que a culpa é só da falta de políticas sociais e da Justiça que solta”, disse.

A mãe de Breno, Lilian Regina Silvestrini, disse que os assassinos dos dois jovens tiveram famílias, pais, mas que o que faltou dentro de casa foi o ensinamento de valores. “Se você não tem amor, você nunca vai poder dar valor para a vida da outra pessoa”, disse.

Ela ainda declarou que “as pessoas acham que é muito simples ser do bem, mas não é assim, tem muita gente que falta informação, que não sabe o que é ser do bem”.

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