ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 26º

Cidades

Para ex-esposa de cônsul, só em MS pensão não dá cadeia

Redação | 26/02/2010 16:13

A ex-esposa do Cônsul da Síria em Mato Grosso do Sul orienta homens do Brasil a mudarem para Campo Grande. O motivo, na avaliação dela, é que "é o único lugar no País onde pai que deve pensão não fica preso".

A ironia de Cremilda de Fátima, de 51 anos, é reflexo da revolta diante da notícia de que o ex-marido, Kabril Youssef, foi liberado pela Justiça, depois de ordem de prisão decretada por dívida de R$ 74 mil em pensão alimentícia, devida à filha de 10 anos.

"São 3 anos de processo contra ele e esse desmando da Justiça de Mato Grosso do Sul: juiz manda prender, desembargador manda prender e vem outro desembargador e manda soltar. Um absurdo", protesta.

A ex-mulher, que durante 25 anos foi casada com Kabril Youssef e com ele teve 4 filhos, a mais velha de 26 anos, não se conforma com a dificuldade de punição por um crime que no Brasil ficou famoso como o "único que dá cadeia".

"Até o Romário só foi liberado depois que pagou pensão", lembra sobre o jogador que também acabou preso por não cumprir com determinação judicial. "O ex-governador Pita foi outro que acabou preso. Porque será que só o cônsul da Síria é liberado mesmo devendo tanto", questiona.

Na avaliação dela, o que vale em Mato Grosso do Sul é a lei dos amigos, das influências. Ela diz que o mais revoltante é saber que Kabril Youssef faz viagens "longas e caras" ao exterior. "Ele vive em Dubai, não poupa para ir ao oriente Médio, mas não se importa com o bem estar da filha".

Para dizer que não é uma oportunista, Cremilda conta que o valor fixado a princípio como pensão foi de 23 salários mínimos, cerca de R$ 11,7 mil, baseada nos rendimentos do cônsul. "Mas abri mão de metade, que era a minha parte de direito. Fiz comida árabe para ele durante 25 anos", comenta.

O acerto então ficou em 11,5 salários mínimos ao mês, o que há muito não é pago. "Ele fica sem pagar, deposita quando quer, não dá satisfações e zomba. Acha que no Brasil o que vale é a mesma Justiça do Oriente Médio".

Há seis anos os dois estão separados, a pedido de Cremilda, diz ela. "Quando resolvi me separar, não houve nem partilha de bens, queria me ver livre daquela situação. Ele ficou em poder de todos os bens. Não fui um romance, um namoro, fui uma esposa e ele deveria ao menos ter consideração", reclama.

O cônsul chegou a ser preso na tarde de quarta-feira, mas alegou problema de pressão alta e foi internado no hospital Sírio Libanês. "Depois saiu de lá dizendo que não pagou nada na internação porque tem amigos. Todo mundo sabe que ele tem dinheiro", garante a ex-mulher.

Cremilda, que hoje vive no Rio de Janeiro com a filha caçula, lamenta que tudo tenha tomado essa proporção. "Isso deixa toda a família exposta, meus filhos casados ainda moram aí".

Mas diz que resolveu falar porque não aceita que a justiça sirva para uns e não para outros. "Me sinto mal. Não agüento mais essa Justiça de Mato Grosso do Sul, se for notícia nacional vai haver uma debandada de gente que não paga pensão para esse estado aí", desabafa.

Desde ontem o Campo Grande News tenta falar com o cônsul, no escritório e via advogado, mas sem sucesso.

Nos siga no Google Notícias