ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 26º

Cidades

Pesquisa aponta MS como ‘reduto da igualdade’ entre negros e brancos

Ao lado do Espírito Santo, Estado foi o que mais reduziu a diferença do Índice de Desenvolvimento Humano entre negros e brancos, embora a população negra continue vivendo em situação pior que a branca

Anahi Zurutuza | 10/05/2017 19:34
Busto de Eva Maria de Jesus, Tia Eva, símbolo da resistência negra em Campo Grande (Foto: Arquivo)
Busto de Eva Maria de Jesus, Tia Eva, símbolo da resistência negra em Campo Grande (Foto: Arquivo)

Mato Grosso do Sul é o Estado brasileiro que teve redução na desigualdade entre brancos e negros entre 2000 e 2010. O dado consta no relatório para o Desenvolvimento Humano para Além das Médias, divulgado pelo Ipea (Instituto Pesquisa Econômica Aplicada) nesta quarta-feira (10).

No Estado, a diferença entre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de negros e brancos caiu 0,04 em dez anos, conforme o estudo, assim como ocorreu no Espírito Santo. Significa que negros passaram a ter melhor indicadores relacionados à educação, renda e longevidade – o tripé usado no cálculo do IDH.

Consta no relatório que em 2000, a nota para as condições em que viviam negros em Mato Grosso do Sul era 0,54. Dez anos depois, o índice subiu para 0,69. Para os brancos, a variação foi de 0,66 para 0,77.

A pesquisa mostra, portanto, que a diferença do IDH de negros e brancos era de 0,12 em 2000 e em 2010, passou a ser de 0,08, embora negros continuem tendo IDH considerado médio, enquanto brancos vivam no patamar classificado como alto (veja no infográfico produzido pelo Ipea).

Roraima foi o único Estado que apresentou aumento – de 0,033 – de desigualdade do IDH.

Pesquisa aponta MS como ‘reduto da igualdade’ entre negros e brancos

Por que? - Para o sociólogo Paulo Cabral, o primeiro fator que garante o bom desempenho de Mato Grosso do Sul no ranking é a proporção entre negros e brancos no Estado.

“A população negra em relação à população branca, é relativamente menor. A proporção em outras unidades federadas, como em Minas Gerais, Rio de Janeiro, nos Estados do Nordeste é bem maior. Para nós, seria muito mais interessante se pudéssemos fazer o comparativo entre brancos e indígenas”, considerou.

Cabral afirma que para fazer análise mais real sobre a estatística é necessário de estudo aprofundado sobre os anos e oportunidades de estudo, sobre a empregabilidade e renda dos negros, e ainda a qualidade de vida – fatores que obviamente contribuem para a saúde física e mental da população, dentre eles, o acesso a serviços como coleta de lixo, saneamento básico, espaço e tempo para lazer, trabalhos de prevenção de doenças.

Mas, ele faz algumas especulações. Especificamente sobre Mato Grosso do Sul, Cabral explica que o fato do Estado ter sido berço para migrantes, nas décadas de 70 e 80, pode ter contribuído para que entre os anos 2000 e 2010, essa população tenha conquistado renda melhor.

“Parcela destes migrantes que vieram de outros Estados em busca de melhores oportunidades, e se isso se confirma, eu posso acredita que pelo simples fato de terem buscado oportunidades melhores, podem ter experimentado um processo de ascensão social”, comenta.

O sociólogo diz que há evidências ainda de que políticas públicas voltadas para a população negra, incluindo as cotas para as vagas em universidades e concursos públicos também podem estar surtindo efeito. “Historicamente as populações negras são mais desassistidas. Mas, sempre que há redução de desigualdade, isso é bastante auspicioso (positivo, prometedor). Por isso, não podemos deixar de considerar que as políticas afirmativas, que talvez já possam estar produzindo algum resultado. São algumas pistas para a gente refletir”.

Pesquisa – O estudo é um desdobramento do Atlas do Desenvolvimento Humano. O levantamento foi realizado a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2000 e de 2010, considerando fatores como longevidade, educação e renda de acordo com o sexo, raça e situação do domicílio (na área rural ou urbana).

O IDH é um número que varia entre 0 e 1: quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento humano encontrado. O índice pode ser ainda categorizado dentro de cinco faixas: muito baixo (0 a 0,499), baixo (0,50 a 0,59), médio (0,60 a 0,699), alto (0,70 a 0,79) e muito alto (0,80 a 1).

Nos siga no Google Notícias