Visto eletrônico aumenta entrada de turistas no Brasil, confirma Embratur
O presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, comemorou os resultados da concessão do visto eletrônico para turistas oriundos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. Segundo o Ministério do Turismo, somente no período do carnaval, 400 mil turistas estrangeiros deverão ter ingressado no Brasil, injetando na economia R$ 11,4 bilhões, além de 10,7 milhões de turistas nacionais. Os números consolidados deverão ser apresentados nos próximos dias, disse Lummertz hoje (14) à Agência Brasil.
Para o presidente da Embratur, o visto eletrônico é uma grande mudança na estratégia de internacionalização do turismo do Brasil. A expectativa da Associação de Agências de Viagens dos Estados Unidos (USTOA, na sigla em inglês) é que dobre o número de turistas americanos que visitam o Brasil por causa dessa facilitação. O mesmo ocorre em relação aos demais países que já têm o visto eletrônico.
Lummertz observou, contudo, que isso requer tempo. “Mas a reação foi imediata”. Os agentes de viagens que trabalham em casa, chamados 'home brokers', também estão com a expectativa que a derrubada dessa barreira facilite muito a vinda dos americanos e canadenses para cá.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Manoel Linhares, afirmou à Agência Brasil que o visto eletrônico vai facilitar muito o ingresso de turistas dos EUA e dos demais países para o Brasil. “Sem dúvida, a tendência é melhorar cada vez mais a entrada de americanos, que são o segundo destino que o Brasil recebe, depois da Argentina”.
Durante o desfile das escolas de samba do Grupo Especial, no Rio de Janeiro, o presidente da Embratur recebeu o primeiro grupo de 74 australianos que fizeram o visto eletrônico. Considerou essa uma “bela amostra” da importância dessa ação. A vice-presidente da Associação de Hotelaria da Austrália, Lyn Humphreys, falou que a medida agradou aos australianos, que precisavam fazer longas viagens até os consulados do Brasil naquele país e agora conseguem o visto pela internet em apenas 72 horas, contra os dois meses anteriores.
Esforço de internacionalização - O titular da Embratur deixou claro, por outro lado, que também faz parte desse esforço de internacionalização do turismo brasileiro projetos que estão no Congresso Nacional. Entre eles, o Céus Abertos, que amplia o número de voos dos Estados Unidos por semana para o Brasil; a abertura do capital das companhias aéreas para o capital estrangeiro, para aumentar as condições de competitividade do país; e a transformação da Embratur em uma agência independente, para que ela possa competir com mais agilidade no mercado mundial.
O Fórum Econômico Mundial define o Brasil com o tendo maior potencial natural para o turismo entre todos os países do mundo. Lummertz salientou que o país possui um potencial de parques naturais, litoral e cidades históricas que ainda não foi desenvolvido integralmente.
Essa é uma boa notícia, porque permite ao país imaginar para as próximas décadas a geração de muitos empregos em muitos estados e destinos. Mas é preciso construir a abertura, que vai atrair também investimentos, salientou. De acordo com o líder da Embratur, o Brasil necessita vencer a burocracia, o que o torna um país difícil de investir em função da insegurança jurídica. “Precisamos combater isso. Facilitar o investimento no Brasil é muito importante. O visto eletrônico é importante, mas os outros componentes de competitividade e promoção devem vir juntos. A Embratur está trabalhando nessa direção”.
China - Um próximo passo, segundo Lummertz, será abrir o mercado chinês para o turismo brasileiro. A China é, atualmente, o maior investidor no Brasil e o seu maior parceiro comercial. A meta é buscar parte dos 120 milhões de turistas chineses que viajam para todo o mundo, não só em viagens de lazer, mas também de negócios e de eventos. Deste total de 120 milhões de turistas chineses, o Brasil recebe apenas 55 mil.
“Nós precisamos aumentar a conexão com eles. E a forma de conectar com a China é a aérea”, falou. A China investe hoje cerca de US$ 5 trilhões para modernizar as rotas da seda, aproximando-se de 65 países da Eurásia e da Europa. “Muitos países se beneficiarão desse comércio com o país que mais cresce no mundo, mais acumula capital e mais investe no mundo”, disse Lummertz, que adiantou que já está em discussão no âmbito dos ministérios das Relações Exteriores e do Turismo a possibilidade de concessão do visto eletrônico também para o turista chinês.
Segundo Lummertz, o Brasil tem participação de 1% no comércio internacional e de apenas 0,7% no turismo global. Para aumentar isso, sinalizou que é preciso passar pelo caminho do turismo e das viagens, pela melhoria dos aeroportos e por mais investimentos.