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Compartilhando Justiça

Porque a vítima continua convivendo com o agressor?

Dr Yahn Sortica | 07/10/2020 07:45


 (Foto: Divulgação)
 (Foto: Divulgação)

Olá pessoal, meu nome é Yahn Sortica e hoje quero compartilhar sobre um assunto muito importante. Na minha atuação em casos de divórcio e violência doméstica e/ou contra a Mulher, é muito comum os clientes (vítimas) desistirem das ações e eu sempre fico muito triste, porque geralmente se encaixam nos pontos que irei apresentar logo mais.

Esse conteúdo é de um conteúdo gráfico que fiz para as redes sociais e atendendo alguns pedidos, decidi transformar em artigo para poder compartilhar em outras plataformas, aqui no JusBrasil você poderá acompanhar o texto com as imagens. Vamos lá.

1) CONFORTO EMOCIONAL

Essa característica é muito comum você identificar, provavelmente você conhece algum casal que está junto por "comodidade" e não por "amor" e que vai durar poucos meses. Quando tratamos de um relacionamento abusivo, é da mesma forma, a vítima sempre está num ciclo que não consegue se libertar ou enxergar uma saída ou até mesmo a verdade. Geralmente são pessoas que não tem sonhos ou perspectiva de futuro.

"O conflito e as diferenças podem não ter espaço, pois se aparecem, ameaçam a continuidade do vínculo, podendo gerar rompimento", justifica a psicóloga Débora S. de Oliveira, docente do Curso de Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) - (Fonte: clique aqui).

(Foto: Divulgação)
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2) DEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Este ponto pode ser analisado em duas hipóteses: a) quando a vítima necessita da renda do agressor para sustentar a casa e os filhos, b) quando a vítima vive em um status quo patrocinado pelo agressor.

As duas situações tem gravidade, pois mantém a vítima vinculada ao agressor de duas formas, ou tentando proteger terceiros (como os filhos por exemplo) como manter a necessidade insana de preservar uma imagem diante de conhecidos e da família, demonstrando viagens, jantares, porém omitindo as situações abusivas que ocorrem dia após dia. Isso também põe por terra o argumento de que a violência doméstica ocorre somente com classes sociais mais pobres, o que não é verdade, a violência pode nascer em qualquer lar.

A nota técnica "Violência doméstica e familiar contra a mulher" de 2017 do Senado Federal aponta que 29% das mulheres ouvidas pela pesquisa mostram que a questão financeira é a principal motivação. Deste percentual, 32% já sofreram violência doméstica. (Fonte: clique aqui).

(Foto: Divulgação)
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3) TRAUMA FAMILIAR

Esse é o ponto mais comum, porém mais difícil de se diagnosticar, porém a sua origem é muito clara e gritante. Um exemplo é o número de divórcios litigiosos que há em nosso ordenamento jurídico, demonstrando que muitos relacionamentos não terminam de forma consensual. No artigo exclusivo que escrevi para o Campo Grande News (clique aqui) eu apresento os números assustadores que o CNJ apresenta nas áreas de família.

Desta forma, uma pessoa que possui um trauma não solucionado sempre vai viver dentro de um conflito, podendo se tornar até um possível agressor. Existe um estudo realizado pela Doutora Katherine M. Kitzmann que trata sobre o impacto da violência doméstica sobre o desenvolvimento social e emocional de crianças, demonstrando a gravidade do tema (clique aqui para ver o artigo).

(Foto: Divulgação)
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4) BAIXA AUTOESTIMA

Os relacionamentos modernos são baseados em baixa autoestima. Sexo sem compromisso, beijar 30 pessoas numa festa, ciúmes excessivo, necessidade excessiva de exposição nas redes sociais, são sinais de alguém quem não tem a autoestima amadurecida e precisa de tratamento. Essa pessoa também pode se tornar um possível agressor por não conseguir suprir suas necessidades emocionais, tornando @ companheir@ refém de suas escolhas e decisões.

(Foto: Divulgação)
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5) MEDO

Um dos significados da palavra "medo" no dicionário é que ele é um "estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência".

Esta reação natural é a causa de vários transtornos psicológicos (transtorno de ansiedade, síndrome de pânico, estresse pós-traumático, agorafobia, entre outros) que podem acometer uma vítima de violência, sendo este um dos maiores desafios, a pessoa só conseguirá sair do ciclo violento se ela conseguir superar o medo, uma das grandes dificuldades quando falamos deste assunto.

Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo - Mark Twain

(Foto: Divulgação)
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Agradeço por você ter acompanhado até aqui, caso você se identifica com todos os pontos levantados, procure ajuda e orientação profissional. Valorize também os pequenos passos: comece conversando com alguém de confiança, depois procure um psicólogo ou terapeuta, consulte as autoridades.

Se você também identificar um dos pontos em seu relacionamento, vale a pena refletir e conversar com seu companheiro para corrigir isso da melhor maneira para que vocês possam viver um relacionamento saudável. Importante também que você consulte seu advogado para que ele possa te orientar quais meios legais podem ser adequados a cada situação.

Caso veja alguma situação de violência doméstica e/ou contra a Mulher não hesite, denuncie ao 180 ou ao 190, você pode estar salvando uma vida!

Dr Yahn Sortica - Advogado (Foto: Arquivo Pessoal)
Dr Yahn Sortica - Advogado (Foto: Arquivo Pessoal)

Dr Yahn Sortica - Advogado - Iniciou sua jornada no mercado de trabalho desde criança, quando acompanhava o pai no escritório. Aos 15 anos ingressou no Banco do Brasil, criando uma excelente base, desenvolvendo técnicas de atendimento e a rotina administrativa. Apaixonado por pessoas, o curso de Direito foi a escolha certa. Com 17 anos, já era um dos 30 bolsistas que ingressaram na turma de 2013 na Uniderp. Foi aprovado no XXIV Exame da Ordem dos Advogados do Brasil escolhendo o Direito Civil como área específica. Atualmente é Advogado, tem seu escritório em Campo Grande/MS, faz parte da Comissão de Estudos de Processo Civil da OAB/MS na função de Secretário Adjunto e é pós-graduando em Direito Processual Civil pela FACUMINAS.

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