A história de nossas avós, as mulheres que construíram o MS
Essa é a história que ainda não foi escrita. Conforme o relato oficial e o escrito nas universidades, não existiram mulheres no Mato Grosso do Sul, pelo menos uma que merecesse ter seu nome nas centenas de livros. Não há cartas, diários ou informações jornalísticas. A mulher de nossa história é somente a mulher de alguém, de um homem que foi cantado e celebrado.
Fugindo do mato.
Desde as péssimas condições de trabalho ao matrimonio ou à maternidade, passando pelas diversas fugas possíveis: começar a servir em uma casa de outra família, escapar para algum povoado, a vida de nossas avós estava circunscrita ao lema “crianças, cozinha e igreja”.
Do primeiro raio de sol à escuridão.
As jornadas de trabalho começavam com os primeiros raios de sol e terminavam quando todos da casa descansava. Era na semi-escuridão que costuravam, limpavam e preparavam o café do dia seguinte.
A miséria não produz nada bom.
Elas eram consideradas prescindíveis. Submetiam-se à servidão quando essa prisão já não existia para os homens. Seus casamentos eram arranjados. Havia uma elevada chance de sofrerem abusos sexuais desde a infância. Apesar da romantização da vida rural na música e nas telas , a miséria econômica não produz nada bom.
Nunca queixar.
O “manual” do bom comportamento de nossas avós era explicito. Uma boa dona de casa ou uma funcionária da fazenda tinha de organizar o lar e se responsabilizar pelo ambiente que nele reinava. Devia esforçar-se ao máximo para que a vida da família fosse prazerosa. Não queixar-se, não protestar e sempre acatar. Por que nada sabemos sobre a vida de nossas avós? Porque sua vida era terrível. E resolveram relegá-las ao esquecimento.
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