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Em Pauta

A lição japonesa sobre como tratar com números em uma crise

Mário Sérgio Lorenzetto | 28/05/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Quão perigoso é viver em Campo Grande durante esta pandemia? Quão mais seguro é viver em outros lugares? O risco de morrer do coronavírus é comparável a dirigir para o trabalho todos os dias, saltar de paraquedas ou ser soldado em uma guerra?
Estamos inundados de estatísticas sobre o covid-19: número de mortes, taxas de mortalidade, taxas de contágio.....mas o que tudo isso significa em termos de risco pessoal.


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A lição japonesa.

Em 2011, outro perigo invisível, a radiação, semeou medo e confusão no Japão. O colapso nuclear em Fukushima Daiishi matou muita gente, mas deixou uma lição fundamental para os dias de pandemia. No Japão, como agora, as notícias estavam cheias de números assustadores. O governo japonês entendeu que as pessoas não entendiam os números que eram apresentados. Muito menos os usavam. Eram inúteis para parcela significativa da população.


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Comparar, a melhor solução.

Existem ferramentas para avaliar riscos. Micromort é uma dessas ferramentas. Mede uma chance de um em um milhão de morrer. E permite comparar facilmente com atividades humanas muito conhecidas de todos de acordo com seus riscos de morrer. Assim, feitas as contas pelos técnicos da saúde, ao invés de apresentar os números, os japoneses apresentavam comparações. Diziam: em tal lugar de Fukushima, as chances de você morrer pela radiação é igual a dirigir teu carro para o trabalho todos os dias. Em outro ponto de Fukushima, a comparação era feita com o ato de saltar de paraquedas. E, em outro, comparável ao risco que um soldado corre quando está no campo de batalha. O mais perigoso era escalar o Everest. Havia uma última comparação bastante conhecida no Japão, mas que relutaram em usar: pilotar um avião na Segunda Guerra Mundial. Todos conhecem o cruel destino dos kamikazes. Não há informações de que os boletins de perigo do governo tenham usado a última comparação.


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Tua avó pula de paraquedas?

A aceitabilidade do risco depende, é claro, das próprias atitudes e propensão a corrê-los. Ao contrário do paraquedismo, em que o risco é limitado à pessoa que dá o salto, com o covid-19 as ações do indivíduo alteram os níveis de risco de todos em uma comunidade. Portanto, embora existam caçadores de emoções que saltam alegremente de aviões, eles deveriam pensar duas vezes em forçar suas frágeis avós a dar esse salto. Ou seus vizinhos, que nem sabem que estão saltando juntos com o caçador de emoções e de morte.
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