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Em Pauta

A saga dos irmãos da JBS: inaptos a estudar, queriam trabalhar e ganhar dinheiro

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/02/2015 08:41
A saga dos irmãos da JBS: inaptos a estudar, queriam trabalhar e ganhar dinheiro

Da terra nasce o homem e a riqueza: a saga dos irmãos da JBS

A origem da JBS foi um pequeno açougue, a Casa de Carnes Mineira, fundado em 1953 em Anápolis, Goiás, por José Batista Sobrinho, pai dos empresários e de suas iniciais - JBS - que deu o nome ao famoso e bilionário grupo. Zé Mineiro, como era conhecido o José Batista Sobrinho, vislumbrou a oportunidade de expandir seu açougue com a construção de Brasília. Aproveitando-se dos incentivos fiscais oferecidos pelo governo do também mineiro Juscelino Kubitschek aos fornecedores dispostos a atender às necessidades da construção da capital federal, passou a vender carne para as empreiteiras.

Os três filhos foram com o pai para Brasília, inaptos para os estudos, todos deixaram a escola antes de terminar o segundo grau. Queriam trabalhar e ganhar dinheiro. O pai entregou um pequeno frigorífico em Goiás para cada um dos dois filhos mais novos e disse que se virassem. O mais velho chamado Júnior, ficou em Brasília. Os três aprenderam a administrar na prática; nunca fizeram um curso de administração ou qualquer outro na área de economia.
Era Friboi, virou JBS em 2007, quando os irmãos decidiram vender uma parte da empresa sob a forma de ações, o que se chama de "abrir o capital". O JBS teve, no ano passado, o faturamento de R$ 116 bilhões, maior que da mineradora Vale. Em 2012, com o crescimento acelerado dos negócios, os irmãos criaram a J&F Investimentos - também em alusão ao nome dos pais, José e Flora - que além da JBS abriga empresas no ramo de papel e celulose, banco, usina de biodiesel, fábrica de xampu e hoje tem 210 mil funcionários espalhados pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Itália, México, Austrália, Canadá e Estados Unidos.

A saga dos irmãos da JBS: inaptos a estudar, queriam trabalhar e ganhar dinheiro
A saga dos irmãos da JBS: inaptos a estudar, queriam trabalhar e ganhar dinheiro

As coisas foro aconteceno

"As coisas foro aconteceno" como dizem em seu "caipirês" nunca perdido. E esse "aconteceno" está diretamente vinculado ao BNDES. O grupo passou a receber vultosos recursos do banco público desde a chegada de Luciano Coutinho no comando do BNDES. Não só pelo tamanho do dinheiro colocado no JBS, mas também da forma - o dinheiro não foi emprestado ao JBS, e sim na forma de participação acionária. Ou seja, ao invés de vender dinheiro para o JBS e cobrar juros pela operação - como faz um banco de investimento qualquer -, o banco federal colocou dinheiro no negócio para se tornar seu sócio.

Entre 2007 e 2009, o BNDES despejou mais de R$ 10 bilhões nos negócios dos irmãos goianos. Apenas R$ 2 bilhões foram de empréstimos. Nunca, na história do banco público, nenhum outro grupo privado recebeu soma próxima desse valor. Hoje, o BNDES é dono de pouco mais de 24% da empresa. É uma fatia tão expressiva que outros empresários, enciumados, se referem à JBS, de forma jocosa, com JBNDES.

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Os economistas tucanos "apavoram" o JBS

Os economistas do PSDB, tendo à frente José Roberto Mendonça de Barros, um dos mais elevados intelectuais do tucanato, bombardeiam as ligações entre BNDES e JBS. "Com o suporte do banco de 10 bilhões à empresa, vale a pena se perguntar se o país ganhou com a operação". Os tucanos respondem que não. Dizem que essa operação pouco impactou no desenvolvimento da economia nacional, como teria acontecido caso o dinheiro fosse investido em ampliação de linhas de metrô, estradas e hidrelétricas.

Os irmão goianos respondem que o BNDES saiu ganhando pois, se vender as ações que comprou por R$ 7, agora valem quase R$ 12. Os irmãos são reservados em relação à vida privada. Pouco mostram a fabulosa riqueza. É Ticiana, a mulher de um deles, quem costuma cometer algumas indiscrições. Em uma entrevista ela descreveu sua festa de casamento para 1.500 pessoas, lembrando ainda das três vezes que foi a Paris, no jatinho particular da família, para experimentar o vestido de casamento, encomendado à "Maison Chanel". Ticiana também disse que não tinha noção de quanto custava um litro de gasolina, já que seu Porsche era abastecido pelo motorista. Mas existe uma hipótese no meio rural que dá como determinante a riqueza dos irmãos goianos e a elevação do preço da carne em solo brasileiro. Alguns entendem que preços tão elevados, nunca verificados, deve-se à ousadia desses goianos, que são os donos da maior parte da carne do mundo.

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