Chegam os gaúchos, trazem os “filhos de bruxos”
Como a fronteira se encheu de gente? Uma região onde só havia ervais e mato recebeu, repentinamente, milhares de paraguaios e gaúchos. Não estava compensando o pagamento dos peões na terra guarani. Gaúchos vieram após uma guerra fratricida, batalhas em que era comum degolar seus irmãos. Passaram a ser consideradas “personas não gratas” nos pampas e outra saída não encontraram a não ser a longa marcha, penosa e aflitiva, em busca de nossa fronteira.
Formaram as “ranchadas”.
Tanto no que hoje é Pedro Juan como Ponta Porã, eram, na maioria das vezes, recebidos por uma empresa denominada Matte Laranjeira. Recebiam um “adelanto”, um pequeno adiantamento e seguiam para os ervais. Iam iniciar uma vida de imensos sacrifícios, em um meio hostil, enfrentando a apavorante malária. Muitos quilômetros separavam uma “ranchada” de outra. Eram pequenas fazendolas de propriedade da Matte.
Vinham os “filhos de bruxos”.
Como em qualquer êxodo humano, as caravanas gaúchas também traziam foras-da-lei, fugitivos, assassinos, desertores do exército e desordeiros contumazes. Esses elementos, maculadores do bom nome de sua região, eram coibidos com toda a violência pelos funcionários da Matte. Recebiam duríssimos castigos, tais como o “ teyu-ruguáy “, a palavra significa “rabo de lagarto”. O castigo era o açoite com um chicote feito dessa parte do réptil . Outro, era o "yva”, esse termo significa “céu. É o que já adivinharam: “mandar para o céu”, matar. Esses facínoras eram conhecidos como “hijos de brujo”, a ideia era “homem sem fé, é filho de bruxo”.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.




