Como mandar à merda de forma educada. A violência conjugal
Há alguns anos, parei em uma pequena cidade paranaense para abastecer o carro. Ao sair do posto, entrei em uma estrada que estava cortada devido às inundações. Tive de optar por uma rota que não tinha no GPS. Não havia sinal algum que me orientasse. Nem mesmo as marcas amarelas no asfalto. Aquilo parecia uma pista de aterrissagem de aviões. De repente, apareceu um caminhão dirigindo-se para cima de meu carro a toda velocidade, em sentido contrário. Quase entrei em pânico. O corpo ficou tensionado. As mãos agarradas no volante. Ainda não sei como não ocorreu o acidente. Uma estrada sem indicações é igual uma relação sem limites: ninguém sabe o que é permitido.
O que respeitar?
Nessa estrada das relações pessoais sem demarcações, sem limites, não sabemos o que esperar do outro. Não se sabe o que está bem ou mal. Tampouco é possível respeitar o espaço do outro . Nem está claro onde começa e onde termina a responsabilidade de cada individuo…e assim, é altamente provável que ocorra um acidente. Uma violência.
Uma vida sem limites.
Do mesmo modo que os sinais de trânsito nos ajudam a conduzir com segurança para chegarmos sãos e salvos a nosso destino, os limites em um casamento ou namoro exercem essa mesma função: garantir que os vínculos sejam sadios e seguros para proteger a integridade de todos.
Amor incondicional é certeza de tragédia.
Todavia, fomos educados para que entendamos os limites como se fossem gestos egoístas. Acreditamos que quando um ama de verdade deve fazê-lo incondicionalmente. São ideias que fomos adquirindo desde a infância que passam a fazer parte da conduta de adultos. Passamos a crer que somos culpados e que temos um deficit de afeto quando estabelecemos limites.
Mandando à merda!
Relação sem limites tem enorme possibilidade de terminar em violência conjugal. É necessário não calar o que desejamos dizer. “Não quero causar um conflito” é ter a certeza de que ele ocorrerá. “Não gostaria de provocar o outro” é garantir um futuro conflito. Quando nos reprimimos, longe de reduzir a intensidade de nossas emoções, esta aumenta em nosso interior e vamos acumulando-a até que um dia exploda. Aprenda a mandar à merda de forma educada.
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