Dom Macke, o nazista da fronteira, morreu pobre, cego e afogado
O nazismo teve no Mato Grosso do Sul diminuta influência. Uma família sem importância em Terenos, um ou outro adepto em C.Grande e Dom Macke da fronteira. Era similar aos dias atuais: um adepto da ideologia do ódio na prefeitura, outro na Assembleia, três jovens indígenas abobalhados… quase nada. Dom Macke, provavelmente, foi o mais famoso e detentor de grande poder.
O poderoso nazista da empresa Matte Laranjeira.
Frederico Macke, ou simplesmente Dom Macke, era seu nome. Alemão de nascimento, veio tentar a sorte no Brasil. Possuía bons estudos e visão comercial apreciável e, além de tudo, muita energia. Subiu rápido na Empresa Matte Laranjeira, da fronteira. Foi seu administrador de 1.934 a 1.940.
Os atritos de Dom Macke.
Vibrava a cada triunfo nazista. Foi assim que arrumou uma grande quantidade de inimigos na fronteira. A história nos legou seus nomes: Felipe Benítez, Segovia, Manuel Palhares, Nenito Rocha, Heliodoro Soares, Homero Barbosa e Juan Sanabria, eram alguns. Mas o mais importante foi, sem dúvida, Francisco Serejo, o Chico, que quase morreu devido à atitude de Dom Macke.
Perto da morte.
Certo dia, um Ford modelo 29 parou em frente da administração comandada por Dom Macke. O ruivo motorista desceu e foi pedir permissão para passar pela empresa. Levava um doente, com febre alta, à beira da morte, para P.Porã. Dom Macke perguntou o nome. Era Francisco Serejo. Dom Macke proibiu sua passagem pelas terras da empresa. Que morra! Teriam de dar uma imensa volta por Caarapó. Era sentença final. O motorista do fordeco não concordou. Escondeu o Serejo entre sacos de erva e pedaços de couro. Passou pela empresa, enganou o nazista, e salvou a vida do doente.
Dois litros de pinga.
Outra das brutalidades do nazista foi praticada contra Juan Sanabria. Ficou sem seu burro, o único bem que possuía. Foi expulso da empresa Matte Laranjeira pelo nazista mal afamado. Seu crime: vender dois litros de pinga. Expulso no mesmo dia, seguiu para Pedro Juan em um caminhão.
A historia contada pelo Hélio, filho do Chico Serejo.
A fama de Dom Macke determinou seu futuro. Nazista de carteirinha, com o advento da Guerra Mundial, foi expulso da empresa. Amealhou boas economias e mudou para São Paulo. Arrumou um sócio que lhe roubou tudo. Era um otário. Veio a Campo Grande, viver na maior pobreza. Morava na rua D.Aquino. O destino, a ninguém perdoa. Uma tarde, bem em frente à igreja de S.José, mal vestido, cabelo desgrenhado, encontrou-se com o Chico Serejo. Falou com voz amargurada: “Estou miseravelmente pobre e doente…Pago, agora, pelos erros cometidos”. O Serejo comoveu-se e convidou-o a tomar um mate e a descansar. Seu fim, se deu em Assunção. Doente, perna trôpegas, praticamente cego, caiu em uma piscina, morrendo afogado.
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