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Em Pauta

E ele é um ótimo prefeito para o século XXI

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/10/2013 07:20
E ele é um ótimo prefeito para o século XXI

Precursor de boa gestão municipal!

Não! Quem pensou no atual prefeito de Campo Grande errou feio. Por enquanto, está a demonstrar que pouco conhece de administração. A referência é aos 12 anos de gestão do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Ele desocupará a cadeira em novembro de 2013. Além de muitos outros méritos, Bloomberg, proporcionou um legado para a nova ciência administrativa – a utilização efetiva do Big Data. Todas as médias e grandes cidades do mundo têm verdadeiros tesouros escondidos nas montanhas de dados inscritos em seus computadores.

Bloomberg deu apoio e dinheiro a um departamento criado para prospectar esses tesouros. E os encontrou.

E ele é um ótimo prefeito para o século XXI

Porcalhões e seus prejuízos...

A prefeitura cruzou mapas de canos de esgoto entupidos com a lista de restaurantes que não usavam o serviço de coleta de óleo de cozinha velho, para descobrir possíveis porcalhões. O resultado? Dos estabelecimentos, 95% estavam irregulares. Multaram e fiscalizaram assiduamente o imenso grupamento de restaurantes porcalhões.

Outro trabalho que exigiu imenso fôlego veio do cruzamento dos dados da idade dos prédios, renda média dos bairros e reclamações de vizinhos. Foi mais um grande achado porque 80% dos edifícios verificados apresentavam risco de incêndio. “Temos um prefeito que entende que administrar é mensurar”, disse Michael Flowers, chefe do esquadrão nerd da prefeitura ao New York Times.

E ele é um ótimo prefeito para o século XXI

Administrar é mensurar!

Continuamos a discutir questões comezinhas em nossa cidade. A saúde, que não era grande coisa, piorou. Os papéis em geral, especialmente os alvarás, desapareceram. Discutir alimentos em creches? Isso está na proximidade do fim do mundo. As receitas próprias são declinantes. O orçamento, peça eminentemente técnica, está eivado de erros grosseiros. Estas e tantas outras pendências pertencem ao século passado. Por maior que seja minha boa vontade com a atual administração, só cabe perguntar: quando Campo Grande entrará no século XXI?

E ele é um ótimo prefeito para o século XXI
E ele é um ótimo prefeito para o século XXI

Jovem – profissão: desempregado...

“Vocês são todos uma geração perdida”. Foi essa a definição dada por Ernest Hemingway aos jovens que se tornaram adultos entre o fim da primeira guerra mundial e o início da grande depressão. Isto ocorreu em 1926, quando ele publicou O Sol Também se Levanta.

Eram jovens desiludidos, individualistas e céticos. Desafiavam os valores aprendidos com os pais. Com a crise financeira mundial iniciada em 2008, a antiga expressão criada por Hemingway voltou a ecoar com força. Não apenas nas rodas de pais cansados das mal criações dos filhos, mas sim nas vozes das maiores autoridades mundiais.

Temem que um dos mais destruidores efeitos da crise mundial – o desemprego crescente entre os jovens – forje uma geração de pessoas despreparadas para assumir os desafios do mercado de trabalho.

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Crise anunciada!

Para a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o baque na economia nos últimos cinco anos abriu as portas para uma crise de emprego entre jovens sem precedentes no mundo. Perto de 74 milhões de pessoas com menos de 25 anos não têm trabalho atualmente.

A situação é mais grave no Oriente Médio e no Norte da África, onde o problema se agravou a partir de 2009. Nos países desenvolvidos, o número deles cresceu. São mais de 2 milhões de jovens desempregados a cada ano, atingindo 10 milhões. E não se espera que até o fim da década, estamos em 2013, esses números estejam mais baixos. Na América Latina uma boa notícia! O número de jovens desempregados vem decaindo há três anos consecutivos. Angela Merckel, chanceler da Alemanha, conclamou seus pares europeus a agir para evitar o surgimento de uma nova geração perdida. O papa Francisco, em um discurso no nosso país, afirmou que o mundo corre o risco de precisar lidar, no futuro, com uma imensidão de pessoas que nunca trabalhou. Barack Obama expressou seu temor com a possibilidade de a crise aniquilar uma geração que pode nunca se recuperar.

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Taxistas com diplomas – excesso de qualificação...

Teste para indústria que não encontra um só operário que conheça o mínimo de aritmética – baixa qualificação. Nos países desenvolvidos, a crise do emprego deu origem ao fenômeno perverso da incompatibilidade de qualificação. Nos EUA, 48% dos jovens empregados que fizeram faculdade ocupam vagas que não exigem esse nível de formação. Um em cada sete taxistas norte-americanos cursou uma universidade. 25% dos vendedores e caixas de lojas também têm diploma universitário. No Brasil tais números, se existirem, não foram publicados. É, contudo, perceptível a existência desse fenômeno.

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Mais educação. Bom para todos...

A melhora no nível educacional é desejável em qualquer lugar do mundo. Espera-se, porém, que isso seja acompanhado de uma ampliação na quantidade de vagas que exijam formação compatível. Caso contrário, educação em excesso pode virar um problema ou uma armadilha. As pessoas com esse problema se tornam menos produtivas. Envolvem-se menos com o trabalho e perdem tempo procurando outros empregos. Em médio prazo, se os jovens bem formados ocuparem as vagas que têm exigência baixa de qualificação, acabarão tirando as chances dos jovens menos qualificados.

Tudo é diferente por aqui!

O problema principal em nosso país é o inverso. Jovens com baixa qualificação que não conseguem ocupar os postos de trabalhos oferecidos pelas empresas. O principal critério que falta é o quase analfabetismo em aritmética. A maioria das empresas necessita de funcionários com um mínimo de conhecimento. Temos mais de 40% das empresas instaladas no país com dificuldades de completar as vagas que disponibilizaram. Os EUA devem gerar neste ano cerca de 120 mil empregos que exigirão, no mínimo, o diploma de bacharel em ciências da computação, mas as faculdades formarão somente 40 mil profissionais nessa área.

Enquanto empresas e governos estudam como responder a essas mudanças na dinâmica do mercado de trabalho, o futuro da juventude está em jogo.

Para corrigir as distorções por trabalhadores em determinada especialização, será preciso uma agenda unificada de educação e treinamento adequado.

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O único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário!

Segundo os dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) as famílias que recebiam até cinco salários mínimos – R$ 3.390 – viram sua renda aumentar mais de 50% de 2003 a 2011. É algo extraordinário. Quais os motivos desse aumento na renda? Alguns dizem que foram os programas sociais mais eficazes dos governos petistas. Outros afirmam que foi primordialmente por causa da estabilidade macroeconômica ocasionada pela continuidade dos petistas ao receituário dos tucanos, reduzindo a inflação e ajudando a economia a crescer. Há também os que veem no ambiente externo mais favorável a principal razão para que o governo fosse capaz de ampliar a dimensão dos programas sociais e das políticas para facilitar o crédito para o consumo e investimento, isto é a fome da China por alimentos e matérias primas e a forte entrada de recursos estrangeiros permitiu que o governo ampliasse as políticas de aumento do crédito.

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É preciso refletir...

No tenho dúvida que existe verdade em todas as três explicações. Isto no campo da economia, para a política a verdade pode ser construída de maneira diferente. Todavia, isso importa muito pouco no momento. O céu era de brigadeiro. Até que apareceram os pesadelos do tomate – nunca, na história deste país, o tomate foi tão odiado – e o aumento das tarifas de ônibus.

O processo inflacionário que se expandia deixou o campo da abstração, virou comida e transporte. Em verdade, os alimentos em geral e as bebidas, foram os itens inflacionários que mais aumentaram os preços. Há mais de um ano, a inflação de alimentos supera os dois dígitos e hoje ronda os 13%. A inflação de serviços, onde está o transporte, chega à casa dos 9%.

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Saída da informalidade também interfere...

O aumento dos alimentos e transporte pegou o brasileiro em um mau momento. A desaceleração da economia, aliada à alta dos preços, ocasionara uma queda expressiva no poder de compra do assalariado. Ao mesmo tempo, a formalização da mão-de-obra, que tirou milhões de pessoas da informalidade, forçou o trabalhador a dar mais atenção aos impostos deduzidos de seus rendimentos. Adicionem-se as péssimas condições de transporte, saúde e educação e a equação para a explosão das manifestações de junho estava pronta. Levando à perplexidade os economistas, cientistas políticos e, sobretudo, os governantes.

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E agora?

A continuidade do processo de inclusão social e de melhoria de vida do trabalhador está ameaçada. Preocupa o que pode acontecer quando o ambiente de juros internacionais, excepcionalmente baixos, se normalizar. Preocupa ainda mais a falta de rumo do ministro Mantega para conduzir a economia brasileira, quem expulsou o ex-ministro Pallocci por corrupção deve estar arrependido. A vida do trabalhador, que nunca foi propriamente fácil, está cada vez mais difícil.

Hora de o governo trabalhar mais e rearrumar a economia em dificuldades. Dizem que o único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

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