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Em Pauta

Elogio da violência, desprezo da inteligência: a fala de um fascista

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/05/2021 07:36
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Depois do triunfo mundial do livro "M. O  Filho do Século", a primeira vez que o próprio Benito Mussolini conta o fascismo, sem nenhuma frase inventada, António Scurati acaba de lançar, na Europa, a segunda entrega de seu grande retrato narrativo do Duce.


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A criação dos Fascio di Combattimento.

Era inegável: a Itália estava cansada de seus políticos. O véu que protegia a democracia nunca esteve tão frágil, o povo clamava por renovação. Estamos em 1919, e é nesse cenário pós Primeira Guerra que se apresenta um simples filho de ferreiro, um incansável agitador político, ex-líder socialista expulso do próprio partido, diretor de um pequeno jornal de oposição. Mussolini e Albino Volpi, um marceneiro, várias vezes acusado de delitos comuns, criarão os Fascio di Combattimento, o pequeno grupo de soldados vitoriosos na guerra contra a Áustria, e abandonados pelo governo, que está na gênese do fascismo.


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Aliança com o "centrão"?

Uma esquerda mais preocupada em se matar do que levar à frente uma união que permitisse a permanência no poder, e uma bomba lançada pelos anarquistas em um teatro cheio de crianças, destruiu os sonhos dos majoritários esquerdistas. Estava aberto o caminho para os fascistas. Até então, nenhum só fascista conseguira se eleger. E ainda restavam dúvidas se sairiam vitoriosos das eleições que se aproximavam. Duas vertentes fascistas se digladiaram. Uma comandada por Mussolini, pregava a união com os liberais, aqueles que sempre estiveram no poder, o "centrão" italiano. A outra, liderada pelo poeta e aviador D'Annunzio, pregava o purismo fascista.


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O ódio aos latifundiários.

O fascismo nunca foi latifundiário. Mussolini apregoava uma ampla reforma agrária sob o slogan "A terra para quem trabalha". Mas uma secção de fascistas de Ferrara se aliou aos fazendeiros para combater, e se necessário, matar, os membros das Ligas Camponesas, ligados ao socialistas. Mussolini não aceitou o acordo com os donos de terras. Uma vez no poder, lançou o maior, e bem organizado, experimento de reforma agrária que o mundo tinha visto. Movimento copiado por inúmeros países, inclusive pelo Brasil de Getúlio Vargas, dando origem à Colônia Agrícola de Dourados.


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Ode à violência.

Originário de setores do exército e das forças policiais, Mussolini chegara ao poder. Celebrará o maior congresso ao puro estilo fascista: o fato consumado sempre precede a doutrina. A primeira palavra política é dirigida para a violência: "Já sabeis o que penso sobre a violência. Para mim é profundamente moral, mais moral que o compromisso e a transação". Muito bem! Gritos de aprovação. Calorosos aplausos. Mussolini não tergiversa, não esconde sua admiração pela violência.


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Desprezo pela inteligência.

"Agora vou fazer-lhes uma confissão que deixará suas almas completamente arrepiadas. Nunca li uma só página de Benedetto Croce [o maior historiador e filósofo italiano liberal daquela época]. Gargalhadas do público. Aplausos. Vivíssima hilaridade. Também mofa do tipo humano intelectual. "Um pouco de inteligência vai bem, mas só o suficiente para criticar o adversário".  E continua sua pregação contra a vida acadêmica. "A cultura universitária". "Digamos francamente: antes do catedrático impotente prefiro o esquadrista [policial ou soldado] que atua".
Tal como "M. O Filho do Seculo", o segundo livro de António Scurati "M. O Homem da Providência", é imperdível.

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