Elogio do fracasso: Todo mundo atua segundo a roupa que veste
Outro sem teto acaba de ser executado na fronteira. Apenas uma nota fria acompanha sua morte. Um dos melhores estudos sobre o fenômeno da vagabundagem foi escrito por George Orwell. A vagabundagem proposital, com o fim de entendê-la, foi vivida pelo famoso escritor. Suas experiencias de vagabundagem lhe deram acesso a estratos e grupos sociais a que não teria chegado de outro modo. E graças a essa experiência, obteve um grande conhecimento.
As diferenças sociais são uma ilusão de ótica.
Orwell diz que seu estudo comprovou que há uma diferença misteriosa entre pobres e ricos, algo semelhante a uma superstição. Afirma que tais diferenças são como as superstições, meras ilusões de ótica. O que produz esta ilusão pode ser a coisa mais simples do mundo: a roupa.
As palavras e o sotaque nada significam.
No inicio da pesquisa, Orwell procurava não falar com as pessoas. Como estava vestido como um mendigo, mas usava palavras e tinha sotaque da elite britânica, seria facilmente denunciado. Todos perceberiam a atuação teatral. Mas estava enganado. Ninguém se interessava pelas palavras e pelo sotaque. Só tinha importância a aparência de indigente. “Um homem com roupa de vagabundo, é um vagabundo”. “As roupas são poderosas”, concluiu Orwell. A imagem do perdedor é tão repulsiva como a de um cadáver em decomposição. O asco aparece. São as tristes e poderosas reflexões de Orwell.
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