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Em Pauta

Mil convidados, 9 dias, o São João na Vacaria dos Barbosa Martins

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 30/06/2025 06:32
Mil convidados, 9 dias, o São João na Vacaria dos Barbosa Martins

Durante dezenas de anos, não houve festança maior que o São João em uma das fazendas da família Barbosa Martins na Vacaria. Essa é uma região que aproximadamente vai de Guia Lopes a Nova Andradina. Depois de ter suas fazendas incendiadas, o gado roubado e muitos mortos pelos fuzis dos guaranis de Solano López, era tempo de recuperação. Os Barbosas, Pereiras, Sousa, Pinheiros, Azambuja, Garcias e Coelhos, em clima de solidariedade e coesão foram à maior festa dos fazendeiros do MS: o São João.


Mil convidados, 9 dias, o São João na Vacaria dos Barbosa Martins

A festança do Henrique.

Henrique Martins e Dona Marcelina eram um casal que concorria fortemente no campeonato local de números de filhos. Tinham nada menos de doze crianças. A festa era comandada pelo negro sanfoneiro Jeromão e por um dos cunhados de Henrique. Antônio Barbosa organizava uma “quadrilha bastante animada”. Foi quando uma cobra saiu de um roseiral. Antônio, ao invés de matar o ofídio, pediu que o pessoal da quadrilha a cercassem. Fechou a roda em volta da serpente e comandou com um grito ininteligível: “pulem, negrada, acachapemos com esta latada florida”. Não se incomodava com os espinhos que lhes rasgavam a pele e o rosto, enquanto tentavam socorrê-lo, enxugando o sangue do rosto com uma toalha.


Mil convidados, 9 dias, o São João na Vacaria dos Barbosa Martins

Armados. O medo dos bandidos paraguaios.

Todos dançavam com o revólver na cinta. Os clavinotes (pequenas carabinas) estavam descansando no canto da sala. Receavam os constantes ataques de bandoleiros paraguaios. Se chegasse alguém de fora, que não pertencesse a uma das famílias convidadas, era oferecido churrasco e chimarrão, sempre com boa vontade e prazerosamente. A hospitalidade franca e cordial era o lema mais importante dessas famílias. Todos que viviam a cinquenta léguas da fazenda de Henrique se reuniam pela primeira vez em uma festa jamais ultrapassada. A Banda de música era do Regimento sediado em Nioaque. Acomodaram-se, como os demais, em barracões, carros e embaixo das árvores, em verdadeira alegria. Crismas e batizados foram feitos. Jogos de prenda, cavalhadas e touradas eram os divertimentos mais importante da época.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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