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Em Pauta

Negando até a morte. Podemos entender quem segue Bernal?

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/01/2017 07:08
Negando até a morte. Podemos entender quem segue Bernal?

Os fatos são claros: Campo Grande vive o caos. Os raros números que surgem corroboram os fatos: Campo Grande está falida. Todavia, não se pode negar: Bernal é líder de uma parcela significativa de campo-grandenses. Como eles podem seguir um líder que age contra seus próprios interesses? É fundamental entender essa contradição.

A resposta é que depende muito do estado emocional das pessoas e da circunstância. Pessoas que se sentem isoladas e sem poder são vulneráveis a acreditar em líderes que tenham alguma dose de carisma. Quando em grupo, nos tornamos mais críticos. Isso tem a ver com nossos instintos mais básicos. Se algo está correndo atrás de você na floresta, seguir seus instintos e correr, ajuda a sobreviver. Quem fica analisando a situação é morto. É mais natural responder de forma instintiva às emoções, muitas delas bem primitivas, como o medo.

Muitas pessoas se recusam a aceitar os consensos científicos. Tendem a concordar com seu líder sem analisar os fatos. Esse tipo de líder costuma explorar a vulnerabilidade humana. Capitalizam a necessidade de ter um inimigo comum. Nossa percepção de risco é emocional, não racional. É por isso que as pessoas respondem melhor às histórias do que às estatísticas. Assim elas não veem como uma decisão pode afetar ela mesma. É essa a artimanha do Bernal. Um emérito contador de histórias bruxuleantes. De nada adianta mostrar números ou buracos. Bernal é aquele que conseguiu unificar todas as vertentes políticas da raia do petismo. Esqueçam de combatê-lo com fatos, ele trabalha com simples emoções. São aqueles que negam a realidade até a sepultura.

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E o gênio não quis ser presidente

Chaim Weizmann foi o primeiro presidente de Israel. Faleceu em 1952. Naquela época, Einstein era um cientista consolidado, famoso em todo o mundo, pacifista e ativista em prol dos direitos humanos, além de declarado defensor da causa judia. Weizmann e Einstein se conheciam. Trabalharam juntos na fundação da Universidade de Jerusalém. Depois da morte de Weizmann, Einstein recebeu a proposta de converter-se no segundo presidente de Israel. Davi Bem Gurion, o primeiro ministro de Israel escreveu-lhe uma carta com o convite. Pelo mesmo meio, o cientista rechaçou a ideia: "Toda minha vida tratei de assuntos objetivos; por conseguinte, careço tanto de atitude natural como de experiência para tratar propriamente com pessoas e para desempenhar funções oficiais".

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O cachorro manda mais que eu. A febre dos pets

A febre pelos animais de companhia se estendeu por todo o planeta. Eles já são mais de um bilhão no mundo. Move uma indústria que, no ano passado, faturou quase 450 bilhões de reais. É inacreditável, mas esse setor da economia virou um termômetro global. Quase todos os países europeus e os EUA o estudam milimetricamente para mensurar a quantas anda a economia local. É o reflexo dos dilemas e dos excessos das sociedades cada vez mais urbanas e ensimesmadas. Que destroem suas zonas rurais e os animais que nela habitam e necessitam de animais urbanos para a convivência. Um terço de nossa população considera seu cachorro ou seu gato mais importante que os amigos.

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O dia que o livro mordeu o cachorro

As empresas de televisão cometem um pecado de omissão em seus jornais. A omissão dos livros. A sequencia é: caretas, notícias nacionais, internacionais, acontecimentos pueris, mais acontecimentos quaisquer, depois outros acontecimentos, polícia, esporte... E o tempo, muito sobre o tempo. Como se a plateia estivesse colocando a mão pela janela para ver que tempo está fazendo. As vezes há espetáculos: atores separando-se, cineastas muuuuui famosos. Um premiado morto.

E os livros? Que esperem a morte do próximo poeta ou autor célebre. É noticia quando um homem morde um cachorro. Pois para um livro virar notícia, terá de esperar que o livro morda o cachorro.

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