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Em Pauta

O alemão que criou o primeiro remédio contra bactérias foi preso

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/01/2021 06:19
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Pergunte à maioria das pessoas qual foi o primeiro antibiótico e terá como resposta "penicilina ". Mas a verdadeira revolução contra as bactérias começou anos antes da penicilina. Tudo começou na Alemanha, com uma gaiola de camundongo rosados. A gaiola estava nos fundos de um laboratório da Bayer. O ano era 1929.


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A primeira fábrica moderna de medicamentos.

Na década de 1920, a firma alemã apostou todas as fichas na busca por um remédio antibacteriano. Para isso, mudou totalmente o conceito daquilo que era uma fábrica de medicamentos. Investiram e criaram algo novo. Um processo integrado em grande escala para criar, testar, e lançar no mercado novos medicamentos sintéticos. Estava ultrapassada a era dos remédios baseados em plantas.


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Faltava um médico-chefe.

A Bayer tinha muitos químicos e médicos, mas faltava um médico-chefe. Então, contrataram um médico jovem e taciturno que estava ansioso para encarar o problema de não existir um medicamento contra as bactérias. Seu nome era Gerhard Domagk. E ele se revelou uma escolha brilhante. Havia presenciado a morte de centenas de soldados na primeira guerra e jurado que "enfrentaria essa loucura destrutiva". Segundo alguns cálculos, houve mais mortes por infecções do que por balas nessa guerra.


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Muitos anos depois....

Domagk tentou milhares de moléculas para combater as bactérias. Os testes eram feitos em camundongos rosados. Por anos a fio, todos os camundongos das centenas de gaiolas morreram por causa das bactérias. Pilhas de cadernos do laboratório registraram os resultados decepcionantes. Nem um só remédio interessante apareceu.


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Enquanto saía de férias, Hitler assumia o poder.

No outono de 1932, ele tentou mais uma substância. Era usada há décadas para fixar melhor as cores na lã. Bem comum, estava nas estantes de todos os fabricantes de corantes da Alemanha. Era chamada de sulfanilamida, mas todos se referiam a ela como "sulfa". Domagk saiu de férias. Um dos testes que havia deixado por terminar era com camundongos que estavam infeccionados e haviam tomado sulfa. Domagk estava feliz de sair da cidade, distanciando-se das notícias nacionais que evidenciavam a chegada dos nazistas ao poder. Mas quando voltou, essas gaiolas estavam repletas de camundongos saudáveis. A sulfa matava bactérias. Não funcionava bem com todos os tipos de bactérias, mas era perfeita para o estreptococo. Curava meningite, gangrena, erisipela, pneumonia, meningite, gonorreia e mais meia dúzia de outras doenças.


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Recebeu o Nobel? Vai para a cadeia!

Em 1939, Domagk recebeu o Nobel de Medicina infelizmente, não pôde aceitá-lo. O nazismo havia convertido esse prêmio em inimigo. Era uma época de obscurantismo. Domagk não recebeu o prêmio, mas escreveu uma carta agradecendo ao comitê sueco pela honra. Pouco tempo depois, a Gestapo apareceu, revistou a casa e o prendeu. "É mais fácil destruir milhares de vidas humanas do que salvar uma só", Domagk escreveu em seu diário. "A política, muitas vezes, se antepõe à ciência". Mas Domagk cumpriu seu juramento, salvou milhares de vida na segunda guerra.

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