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Em Pauta

Para onde vai o dinheiro da maconha? Dificuldades impensadas na legalização

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/05/2014 08:39
Para onde vai o dinheiro da maconha? Dificuldades impensadas na legalização

Comércio é legal, mas e o dinheiro da maconha, como fica?

Já imaginou ter de sair de sua loja, periodicamente, com R$ 100 mil em dinheiro vivo para pagar impostos? Mesmo com a legalização da maconha em dois estados dos EUA (Colorado e Washington) a vida dos comerciantes que, agora, encontram-se protegidos pela legalidade, não é simples.

Eles precisaram criar mecanismos especiais de segurança, troca de carros, dias e horários diferentes, para não serem sequestrados. Os bancos estão resistindo em abrir contas para essas lojas. Assim, eles não têm cartões nem cheques. Pior, os clientes das lojas pagam quase sempre em dinheiro vivo.

Com a estimativa de vendas atingindo US$ 3 bilhões em 2014, esse monte de dinheiro está fora da rede bancária.

Os comerciantes da maconha tentaram criar empresas-laranja para realizar os depósitos bancários. Foram descobertos. Também tentaram usar contas pessoais. Também foram descobertos.

Em resumo: está legalizada a venda da maconha, mas o dinheiro desse comércio só é meio legal. Será que vai ter marcha do dinheiro-baseado?

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Religião e comida

As leis que regulam a alimentação nas religiões acabam por orientar a forma como uma das nossas atividades mais rotineiras é realizada: a preparação da comida. O elo entre religião e comida é antigo, a ideia está no elo entre o corpo material e o corpo espiritual, alimento para o corpo e para a alma. A organização da forma de alimentação tem muitas variações de acordo com cada religião. Os Budistas e o Hindus seguem o princípio da ahimsa – não violência –, eles não devem matar animais e possuem uma dieta vegetariana.

Os judeus comem alimentos kosher, e não comem mariscos e porco, e seguem regras para a preparação da comida como não misturar carne com qualquer produto lácteo. Muçulmanos apenas comem alimentos halal (permitidos) e devem respeitar restrições ao porco e ao álcool, além de jejuar durante o Ramadã. Os cristãos têm mais liberdade, mas a maioria não come carne em certas ocasiões como na Sexta-feira Santa e na Quarta-feira de Cinzas.

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Moderação vale para todo mundo

Um princípio mais genérico é o pecado da gula, por isso, diferentes religiões recomendam a moderação. Ante os novos argumentos que passaram a demandar direitos para os animais no Ocidente, um possível conflito pode ser observado, pois as comidas consagradas desafiam as técnicas de “humanização” da morte de animais.

Para que a carne seja considerar halal, as principais artérias do animal precisam ser cortadas para permitir que o sangue se esvaia. Para que a carne seja kosher, o animal não pode ser atordoado antes de sua morte. Enquanto para alguns tais questões são vistas como apenas uma discussão sobre religião, outros se preocupam com a certificação de produtos apropriados para judeus e islâmicos, um mercado em potencial ainda pouco conhecido e explorado no Brasil.

Existem 1,6 bilhões de muçulmanos vivendo em 112 países no Mundo e o potencial da comida halal é estimado em US$ 2 trilhões.

Apenas a Europa tem mais de 30 milhões de muçulmanos com um mercado de US$ 70 bilhões e com potencial de crescimento anual de 15%.

Como regra, os muçulmanos comem comida halal, mas os mais ortodoxos preferem produtos que sejam certificados como tais. Mas o mercado também se aplica a pessoas preocupadas com a saúde que procuram seguir a dieta praticada pelo Islã.

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Um verdadeiro ISO na maneira de se alimentar

A mesma tendência pode ser observada com relação à comida kosher, cujo mercado é estimado em 250 bilhões de dólares. Um número bastante elevado se for considerado que a população de judeus no mundo é de cerca de 15 milhões de pessoas. Um dos pontos é que a comida kosher também é utilizada por muçulmanos, uma vez que as regras alimentares das religiões são similares. Contudo, o conceito de halal vai muito além da indústria de alimentos, é um “estilo de vida”.

Na higiene pessoal, os desodorantes não podem ter álcool, e quartos de hotel certificados indicam a direção para Meca. Na Turquia, a certificação vai de piscinas de hotéis, cozinhas e, até mesmo praias, que são divididas entre áreas de homens e mulheres. A obtenção do certificado é complexa, depende da autorização feita por institutos religiosos e corporações que fornecem o “selo”. De certa forma ela é parecida com a do ISO. A fiscalização para a certificação passa pelas linhas de produção, maquinário, higiene, ingredientes e o treinamento dos trabalhadores.

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Respeito é bom e propaganda também deve seguir regras

“Sabe de nada, inocente”. O bordão do cantor Compadre Washington é o mais lembrado, mas não foi o único a ser usado nas propagandas do site de classificados Bom Negócio. “Vai ordinária” ofendeu muitas, mas 50 mulheres decidiram entrar com um pedido de regulação no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e conseguiram que ao menos este bordão fosse alterado. A peça publicitária foi considerada desrespeitosa. A decisão cabe recurso, mas os integrantes do conselho de ética do Conar foram enfáticos e querem a retirada do ar do bordão, ainda que a peça seja mantida. É, sem inocência alguma, quem elaborou a peça não pode alegar que não sabia de nada. Ofensa de gênero não deve ser usada como instrumento para indução de venda.

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