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Em Pauta

Presídio de Iguatemi, a investida de São Paulo para ocupar o MS

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/07/2022 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A viagem de São Paulo a Iguatemi durava pouco mais de dois meses. Era uma odisseia e filme de horror. "Corrução, como chamavam a diarreia, abatia aqueles que ousavam ou eram obrigados a essa longa caminhada. Muitos doentes, desfalecidos e sem poder se movimentar, eram carregados em redes. Cada um cuidava de sua comida. Saiam em caçadas que davam bons resultados. Boa parte da viagem era feita com todos pelados, o ataque de carrapatinhos era frequente. Esfregavam-se com caldo de tabaco ou bolas de cera da terra.


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Um forte heptagonal.

O presídio de Iguatemi era um forte heptagonal, um estilo francês. Não dava defesa alguma, nele se penetrava livremente "de dentro para fora e de fora para dentro". As casas tinham teto de capim com casca de palmito. A guarnição contava com trezentos homens. "Estava morta de fome e sem comunicação com parte alguma". As roças eram feitas fora das paredes do presídio. Mas faltavam ferramentas, artífices é gente remunerada para cortar madeira. Os que tinham escravos, ergueram suas casas. Os miseráveis "por ali ficaram, agregando-se uns por causa de outros".


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A primeira praga: ataque de insetos e ratos.

Os doentes contavam-se às dezenas, sucederam-se as mortes. "Vieram, depois, pestes sucessivas: de ratos, de pulgas, de bichos felpudos, de baratas, de grilos, de gafanhotos, de mosquitos borrachudos, que perseguiam os cavalos pelos campos, deixando-os desatinados".


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A fome, segunda praga.

Logo a seguir, veio a fome. Cinquenta homens se juntaram em frente à porta do capitão, clamando que tinham fome. Nada mais havia, então, para comer: nem sal, "nem mais que algumas abóboras a que chamam quibebes". Foi então que surgiu uma grande vara de porcos-do-mato, cada homem matou mais de um animal.


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Por fim, vieram os indígenas.

"Não bastassem as doenças, as mortes, as pestes de bicho, a fome extrema, abateu-se sobre os povoadores o flagelo do gentio [índios]. Incendiaram quebraram, despedaçaram tudo que encontraram pela frente. Pouco tempo depois, os sobreviventes foram alvo de nova investida de insetos. "Não se ouviam mais que gemidos e gritos". Nas casas, não conseguiam descobrir quem estava morto ou quem estava vivo.


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O fim.

A morte continuou ceifando. Só restou um punhado de gente. Mandaram reforços. Trocaram o comandante. Mas, em outubro de 1.777, quase sem encontrar resistência, os espanhóis tomaram o presídio. Alguns acompanharam os espanhóis. Outros, fugiram pelo mato, onde encontraram a morte. Era o fim do grande experimento paulista de dominar o MS. Uma experiência pobre e sem planejamento, que só serviu para exterminar centenas de vidas.

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