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Em Pauta

Quando a química revolucionou a medicina.

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/12/2020 09:43
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Durante milênios, a religião, os deuses, foram a base da medicina. Um dos maiores e melhores centros de tratamento dos doentes, Pérgamo, na Turquia atual, chegava a receber algo como 20.000 enfermos. Todos residiam em um imenso conjunto de prédios e mantinham uma rotina diária que se perdeu. Acordavam e iam para um longo túnel. Nesse lugar, corria um filete de água, nas laterais do chão, que ecoava nas paredes do túnel um tranquilo barulho. Em cima do túnel, haviam claraboias onde os médicos ficavam sussurrando repetidamente: "você vai se curar, você vai se curar". Em seguida, os doentes eram levados para imensas piscinas de lama, de água fria e quente. Para logo irem ao anfiteatro - onde cabiam sentados 15.000 enfermos - assistirem peças teatrais, musicais e palestras. Só depois dessa rotina, eram recebidos pelos médicos para tratar da cura específica de cada doente. Todos rezavam a seus deuses e verificavam o que eles recomendavam como tratamento. Em geral, os enfermos estavam semi-dopados.


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O 1.800 revolucionário.

O ópio e a morfina eram produtos naturais, extraídos de uma planta. Assim como quase todos os remédios disponíveis até meados do século XIX. Observem, foram muitos milênios em que a medicina era administrada conforme a vontade de algum deus e com derivados de plantas. Mas isso estava a ponto de mudar. A ciência, no sentido moderno - baseada em observação, experimentação, publicação e reprodução -, começava a deixar sua marca no mundo dos remédios. Em meados do do 1.800 a química estava prestes a liberar uma enxurrada de novos medicamentos. Nenhuma disciplina científica foi tão dinâmica, revolucionária ou importante para a medicina como a química.


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Entre curandeiros e medicina alternativa.

A maioria dos curandeiros antes de meados do 1.800 continuava achando que a vida era permeada de um espírito especial, e que o equilíbrio e o fluxo das forças vitais eram o que ditavam a saúde. Essa ideia de "forças especiais" dominaram a medicina ocidental por séculos... por milênios. Na China, só mudavam as palavras: era o "fluxo do chi". Hoje, sobrevive na crença de "energias sutis", professada pelos praticantes da medicina alternativa.


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O químico alemão que mudou tudo.

Mas o curandeirismo ia receber um golpe fenomenal. Começou com um golpe literário. Em 1.818, Mary Shelley, publicou "Frankenstein ou o Prometeu Moderno", cujo protagonista, um médico, brincava de Deus ao restaurar a vida a partir de um tecido morto. Mas em 1.832, viria o golpe definitivo. O químico alemão Friedrich Wöhler mostrou que era capaz de sintetizar em laboratório, a partir de dois compostos químicos inorgânicos, a molécula da ureia. Até Wöhler, todos acreditavam que a ureia só podia ser produzida em corpos vivos. Isso parece pequeno hoje em dia. Mas na época, foi algo impressionante. A ciência borrava a linha entre a vida e a morte. Os cientistas tinham ultrapassado um limiar. O curandeirismo, e todas suas facetas modernas, estava definitivamente em descrédito, em obsolescência.

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