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Em Pauta

Sem corpo, não há crime? O vai e vem das leis

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/02/2017 09:32
Sem corpo, não há crime? O vai e vem das leis

Um dos países que mais cria modelos de leis, posteriormente copiados pelos demais, é a Inglaterra. Dessa ilha veio a ideia de "sem corpo, não há crime".

Esse princípio passou a existir em 1660. Nesse ano, um homem chamado William Harrison desapareceu. Dois homens e uma mulher foram declarados culpados e enforcados pelo crime. Dois anos depois, William Harrison reapareceu afirmando que havia sido sequestrado.

Esse erro teve um enorme impacto sobre as leis inglesas. O princípio da necessidade de um corpo para materializar um crime perdurou por 294 anos.

Sem corpo, não há crime? O vai e vem das leis

Mona, a menina desaparecida que levou à mudança da lei.

Mona Tinsley tinha 10 anos quando desapareceu, após sair da escola. Era o ano de 1937. Poucas horas depois do desaparecimento, uma testemunha identificou um homem que havia visto nos arredores do colégio como sendo um ex-inquilino que vivia na casa da família dela. Os pais de Mona não acreditaram que esse homem, denominado Frederick Hudson, pudesse ter sequestrado a filha. Em verdade, protegiam esse homem pois era o namorado de uma irmã da mãe de Mona.

A polícia acabou encontrando esse homem. Confrontado, negou qualquer envolvimento. Todavia, testemunhas viram garotinha em sua residência há poucas horas antes da polícia chegar. Buscas na casa encontraram desenhos feitos por uma criança e digitais nas louças. As mentiras da mãe e da tia de Mona foram vitais. Mona não foi encontrada. Levado à júri, pegou uma pena leve.

Mas sua sorte acabaria logo mais. Uma família andava de barco quando notou um objeto estranho na água. Quando a polícia chegou, encontrou um corpo preso a um sorvedouro. O pai identificou sua filha por causa das roupas. Ferimentos no pescoço indicavam que ela havia sido enforcada com um cordão. Finalmente, o sujeito foi acusado de assassinato. A justiça agiu rapidamente. Enforcou o assassino que em verdade se chamava Frederick Nodder. Os ecos do assassinato se perpetuaram e, junto com suas reviravoltas e revelações, levaram a uma nova forma de se fazer justiça. Ainda hoje, na Inglaterra ou no Brasil, é muito difícil condenar sem um corpo. Mas o princípio de "sem corpo, não há crime" caiu na quase totalidade dos países.

Sem corpo, não há crime? O vai e vem das leis

"Ghostings", romper uma relação desaparecendo sem dar explicação.

Zygmunt Bauman, o autor da modernidade líquida acaba de falecer. Mas suas ideias vicejam como nunca. O amor e a amizade líquida tomam mais espaço na sociedade, especialmente nas redes sociais. Parece existir contato fluido e bem próximo entre duas pessoas até que uma delas deixa de responder às mensagens, pratica assim o chamado "ghosting", se desvanece, desaparece de tua vida como os fantasmas que inspiram o neologismo em inglês.

O temido bloqueio de WhatsApp - quando envias uma mensagem e só aparece um tic cinza, pode significar que essa pessoa praticou o ghosting. Entabulamos cada vez mais, relações através das redes sociais e de apps e, ainda que se convertam em realidade, passou a ser "normal" terminá-las pelas mesmas vias virtuais. Segundo a revista Fortune, nada menos de 80% dos jovens norte americanos passaram por uma experiência de ghosting.

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