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Em Pauta

Tapa buraco high tech para também tapar possível entrada de dinheiro ilícito!

Mário Sérgio Lorenzetto | 15/10/2013 08:45
Tapa buraco high tech para também tapar possível entrada de dinheiro ilícito!

Campeões em remendos!

Dificilmente encontrarão um país que tenha tanto buraco para ser tampado nas ruas e estradas, como no Brasil. Tanto buraco, que acabou despertando o interesse de uma empresa dos EUA, a Base Seal, do Texas. A ideia é aplicar no nosso país a mesma tecnologia usada para reparar vias danificadas na guerra do Afeganistão . O material é conhecido como “estabilizador líquido de solo”, é uma espécie de capa que pode ser aplicada no pavimento em tempo recorde.

Os norte-americanos contrataram uma empresa brasileira, a Adne, para tentar emplacar o produto. Por aqui, a Prefeitura Muncipal de Campo Grande gastou até agora, em torno de R$ 147 milhões em tapa buraco e cascalhamento. Talvez um estudo bem feito com o estabilizador líquido de solo possibilitasse alguma economia.

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O esporte pode ser a salvação econômica de uma cidade falida?

Detroit é uma cidade falida. Conhecida como “Motor City” pela sua produção de automóveis, a cidade viu a economia ruir com a migração de companhias para outros países em decorrência da mão-de-obra mais barata. Em março de 2013, o orçamento de Detroit apresentava déficit de US$ 327 milhões e US$ 14 bilhões em dívidas de longo prazo. Essa situação econômica tornou difícil a realização de serviços elementares, como a manutenção das luzes das ruas. Uma indústria, porém, se manteve viva na cidade, a relacionada aos esportes profissionais.

Os Tigerstimel têm uma das maiores folhas de pagamento no baseball: US$148 milhões. Seu atleta mais famoso recebe US$ 23 milhões por ano, e em uma cidade que está em fase de contração, os Tigers se encontram em plena expansão.

O Detroit Pistons (uma clara referência à indústria automotiva), time de basquete gastou US$ 80 milhões para contratar dois novos jogadores. O Detroit Lions, time de futebol americano pagou US$ 53 milhões para prorrogar o contrato de seu quaterback. E o proprietário do Detroit RedWings, time de Hockey, que também é dono do Tigers, pretende construir uma nova arena no centro da cidade. A economia do esporte opera em lógica contrária à decadente economia da cidade.

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Livres da crise...

Por causa de seus donos bilionários, contratos de televisão, torcedores fanáticos e subsídios públicos, os times da cidade não sofreram os problemas que levaram Detroit a enfrentar a maior falência bancária municipal da história dos Estados Unidos. Mesmo com a crise, os Tigers continuaram populares, levando aproximadamente 3,1 milhões de torcedores aos jogos desta temporada. As rendas ligadas à transmissão dos jogos estão entre as melhores do baseball. Porém, em tempos de crise, o financiamento público dos esportes é um tema polêmico.

O governador de Michigan, apoiou o projeto de construção do estádio do RedWings. O projeto, que inclui apartamentos, escritórios, restaurantes e lojas custa US$ 650 milhões, e contará com incentivo de uma fatia importante, US$ 285 milhões de dinheiro público.

De acordo com os planos, o estádio e a renovação da parte central da cidade criaria 8,3 mil empregos, a maioria dos quais iria para moradores de Detroit. O uso de dinheiro público em uma parceria público-privada é uma forma de dar algum fôlego para a economia da cidade. Moradores de regiões mais pobres questionam o investimento.

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Não há truques. Há trabalho!

Entende-se que a construção de um estádio não é suficiente para recuperação econômica de longo prazo. Não existe fórmula mágica para crises econômicas. A cidade está apertando o orçamento, procurando economizar em diversos setores para conseguir pagar os funcionários públicos e manter os serviços elementares. Apostar na parte saudável da economia, no caso, nos times da cidade, é alternativa segura, mas não vai tirar Detroit da falência.

O cenário serve de lição para o Brasil, que aposta de maneira muito forte na indústria automotiva e que, agora, vai sediar grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. No caso de Detroit, os esportes eram autossuficientes antes do investimento público, no caso do Brasil, estamos construindo estádios em lugares que o futebol não é profissional e que os times não participam dos principais torneios. O cenário acaba levando ao ceticismo porque, alguém acredita que o Rio de Janeiro vai sofrer o mesmo impacto que Barcelona teve? Alguém acredita que os estádios vão ser suficientes para desenvolver o futebol na região Norte do país? A torcida é para que as coisas funcionem e que o país se desenvolva, porém a razão confere motivos suficientes para o ceticismo.

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Líderes mundiais pressionam EUA para acertar problemas...

O discurso dos líderes das principais instituições econômicas do mundo como o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) “endureceu”. No domingo (13) Christine Lagarde, a diretora do FMI, alertou que os Estados Unidos precisam reabrir o governo e aumentar o teto da dívida sob pena de uma grande ruptura na economia mundial.

Os problemas fiscais dos Estados Unidos têm deixado muita gente sem dormir nos últimos dias. Dois de seus principais companheiros econômicos, Arábia Saudita e China (junto com vários outros) expressaram publicamente preocupações sobre a situação política e econômica que enfrentam o país mais poderoso do mundo.

Âncoras!

Muitos acreditavam que o impasse seria resolvido até a última quinta-feira (dia 10 de outubro), dia em que o governo enfrentaria o sério risco de não ter mais dinheiro para pagar as contas. O problema é que mesmo a proximidade de um calote pode gerar custos elevados para empréstimos e esfriar a economia global – levando em consideração que os Estados Unidos são a âncora do sistema financeiro mundial.

A preocupação sobre o impasse já levou à queda nas ações da bolsa e na confiança da economia norte-americana. Os padrões são similares aos do colapso da Lehman Brothers em 2008. Os mercados haviam fechado a última semana com otimismo, após os republicanos acenarem que iriam chegar a um acordo. Porém, este otimismo ruiu ao longo do fim de semana e o dólar continuou a cair.

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A cripto-moeda e o libertarismo...

Satoshi Nakamoto, este é o nome da pessoa – ou do coletivo – que criou uma “cripto-moeda”, a bitcoin. Existem várias formas de produzir dinheiro: você pode ganhar, achar, falsificar, roubar. Ou se você for Satoshi, você pode inventar o dinheiro. Isto foi o que aconteceu em Janeiro de 2009 quando ele apertou um botão e criou uma nova moeda chamada Bitcoin. Formada de bits, não precisou de nenhum metal, papel, apenas de 31 mil linhas de programação e um anúncio na internet.

Nakamoto queria criar uma moeda imune aos ataques predadores promovidos por banqueiros e políticos. A moeda seria controlada em sua integralidade por softwares. A cada dez minutos, as bitcoins seriam distribuídas em um processo similar ao de uma loteria. Dessa forma, o software da bitcoin produziria um total de 21 milhões de bitcoins, a maioria nos próximos 20 anos.

Sucesso...

O interesse na invenção de Nakamoto cresceu rápido. Mais e mais pessoas disponibilizaram seus computadores para a loteria e foram criadas formas de câmbio, em que era possível trocar as bitcoins por euros, dólares ou qualquer outra moeda. Primeiro, uma bitcoin valia menos que um centavo de dólar. Mas o comércio começou a aceitar as bitcoins progressivamente e, no fim de 2010, o valor começou a crescer. Em junho de 2011, uma bitcoin valia cerca de US$ 29.

Variações do mercado prosseguiram e em setembro, o valor caiu para US$ 5. Mesmo assim, com mais de 7 milhões de bitcoins em circulação, Nakamoto havia criado novos US$ 35 milhões. E o próprio Nakamoto era uma cifra. Não havia um traço de qualquer programador com esse nome antes da criação da moeda. Seu e-mail e website eram impossíveis de rastrear. Entre 2009 e 2010, ele enviou mensagens em inglês impecável e convidou outros desenvolvedores de softwares para ajudá-lo a aprimorar o código.

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Saída estratégica?

Em abril de 2011, Nakamoto enviou uma nota avisando que estava desenvolvendo “outras coisas” e nunca mais foi visto. Várias pessoas tentaram achar a pessoa – ou as pessoas – por trás do nickname. Alguns programadores foram apontados como os criadores da moeda, mas ninguém assumiu a “paternidade”. No meio de 2011, hackers tentaram quebrar a criptografia da moeda. Apesar de não terem conseguido quebrar o código da bitcoin, perturbaram o seu câmbio e destruíram sites que ajudavam a armazenar a moeda. O número de transações caiu e a taxa de câmbio desabou. Alguns acreditavam no fim da moeda, porém ela voltou a crescer e ter o preço estabilizado.

Hoje, a moeda passa dos US$ 5 que valia em 2011 para aproximadamente US$ 123 – cotação verificada em 8 de outubro de 2013. As últimas notícias a respeito da moeda tratam do uso da mesma por traficantes para lavagem de dinheiro e outros atos ilícitos. Os apoiadores da moeda dizem que ela garante privacidade e segurança contra fraudes.

Há duas semanas, a moeda teve uma queda considerável passou de US$ 140 para os atuais US$123 após a apreensão do dono do “Mercado da Seda” (Silk Road), uma loja online usada para comprar e vender drogas.

A ideologia libertária, que está por trás da criação da moeda defende um modelo de Estado muito diminuto – menor que os “liberais de ocasião” estão acostumados.

Estado mínimo...

Os libertários acreditam que o governo não deveria gastar com militares, não interferir em nenhum aspecto da vida privada das pessoas, restando, para eles, poucas instituições públicas, como o judiciário e a polícia. Seria o Estado mínimo, suficiente para garantir a proteção da propriedade privada. Instituições como: escolas, hospitais, a previdência, todos deveriam ser controlados pela iniciativa privada. Ainda muito distante da realidade brasileira, a teoria de Robert Nozick, acabou por se aproximar de conservadores como o TeaParty nos Estados Unidos, apesar de o mesmo não defender esta pauta política.

Outro “libertário” que chamou atenção nos últimos tempos foi Cody Wilson. Cody, um ex-estudante de Direito é o inventor do “Liberator”, uma arma feita quase que em sua integralidade de plástico que pode ser produzida em uma impressora 3D. Ele disponibilizou na internet o desenho técnico da arma, que poderia ser aplicado por qualquer um na produção. Cody defende que a informação deve ser livre.

Nem todos concordaram, e o governo do Texas pediu que os arquivos fossem removidos da internet. Cody atendeu ao pedido governo, mas a informação já estava espalhada na rede. A ação do governo levou Cody a largar a escola de Direito e procurar “atividades revolucionárias”. Além disso, ele conseguiu receber cerca de 200 bitcoins por sua arma. Em 2012, ele foi convidado para falar em uma Conferência sobre Bitcoins em Londres. Com a ajuda de outro programador, ele está criando um novo projeto chamado “Dark Wallet”, uma “carteira” que facilitará o uso das bitcoins. Estimam que a “Dark Wallet” ficará pronta no início de 2014.

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O Estado, contudo, age!

Nakamoto e Cody guardam em comum o aspecto “libertário”, a desconfiança em instituições econômicas e intenções subversivas em relação às instituições do governo. Reparando a data em que a Bitcoin foi criada, 2009, pode-se pensar que não se trata de um fato tão aleatório, porque procura ser alternativa perante a crise econômica mundial de 2008. O problema está no fato de que, apesar das críticas às instituições econômicas estarem corretas, foi justamente o Estado que foi socorrer a economia. Sem as intervenções dos Bancos Centrais – principalmente do FED nos Estados Unidos – muitas empresas teriam falido e a recessão econômica poderia ter sido ainda pior.

Existem hoje 11,7 milhões de bitcoins. Nakamoto estabeleceu o número de moedas entrando em circulação, elas serão produzidas até 2.140 quando irão alcançar 21 milhões e deixarão de ser produzidas. Pelo fato de que ninguém pode decidir a produzir mais bitcoins e nenhum banco intermedia o armazenamento e o gasto da moeda, o valor das bitcoins é determinado pela demanda de mercado.

A principal obra de Nozick é o título “Anarquia, Estado e Utopia”. Alguém pode imaginar que a bitcoin é a moeda da anarquia (sem poder), por não se vincular ao Estado e recusar uma regulamentação. A dúvida que fica no ar é sobre quanto tempo ela vai durar ou se outros dispositivos tecnológicos irão substituir a própria bitcoin.

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