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Manoel Afonso

Estigma da corrupção atrai a rejeição

Por Manoel Afonso | 12/01/2024 08:30

RISCOS: Vereadores querem mudar de partido para chegar a vitória. Há riscos. Primeiro – se escolher uma sigla com nomes ‘pesados’ pode não se eleger. Segundo - optando por um partido nanico - esse pode não atingir o coeficiente eleitoral e não eleger nenhum candidato. Na capital mais de 50% deles devem aproveitar a janela de 7 de março a 5 de abril.

CUSTOS: Outro entrave é o suporte financeiro para garantir uma campanha com boa estrutura. Mas lembro de exemplos de candidatos seduzidos por propostas mirabolantes e que foram abandonados no meio da campanha e sem recursos acabaram derrotados. Portanto é preciso checar se o ‘financiador’ é realmente confiável.

E O ELEITOR? Onde ele fica? Simplesmente ignorado. Normalmente nesta situação ele nem é consultado. Apenas toma conhecimento da mudança partidária através dos meios de comunicação. No fundo, não há uma espécie de cordão umbilical que possa atrelar o candidato ao eleitor, representando algum tipo de cumplicidade.

O ESTIGMA: Fardo oculto e indissolúvel nos políticos envolvidos em corrupção. O termo estigma deriva do grego “stigma” e se referia a uma cicatriz ou marca no corpo. No contexto sociológico atual ele se refere a reputação negativa junto a sabia opinião pública. Pior para os políticos: não há cirurgia ou remédio para exterminá-lo. 

ETERNO? Na maioria das vezes sim. Pesquisas mostram que políticos estigmatizados por denúncias de envolvimento em atos suspeitos de corrupção acabam atraindo maior rejeição. Às vezes, nem em caso de absolvição na justiça não se consegue eliminar essa pecha. É possível até que o vitorioso nas urnas seja o menos rejeitado e não o mais preparado.

PARTIDOS: Mais iguais do que diferentes. Não por acaso eles vem perdendo filiados ao longo das eleições. Aqui no MS por exemplo, entre os pleitos de 2020 e 2022 eles perderam 14 mil filiados. A explicação ou justificativa é simples: o eleitor está cada vez mais desencantado com os rumos da política no sentido amplo.

A PROPÓSITO: “Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública”. “A sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou antagonismo do Estado”. Essa pregação do lendário Ulysses Guimarães precisa servir de paradigma aos homens públicos em todos os níveis.

EM ALTA: A senadora Tereza Cristina (PL-MS) é destaque no Senado pela sua coerência e bandeiras. Mas até onde esse prestígio refletirá nas eleições municipais? Credibilidade e popularidade são fatores independentes. Essa provocação é válida principalmente para Campo Grande e Dourados, onde o PL terá candidaturas próprias.

TÁTICAS: Uma delas seria nacionalizar o debate para tentar manter agregado aquele eleitorado que se identifica com as propostas da direita. É possível, mas dependerá de uma série de circunstâncias que as eleições municipais apresentam. O eleitor, priorizaria a questão ideológica partidária ou as aspirações relativas a sua cidade, bairro ou rua?

PESQUISA: ‘Correio do Estado’ diz que a ‘maioria da população da capital não seria lulista e nem bolsonarista’: 31,84% apoiam Bolsonaro, 11,19% Lula. Mas 56,47% se dizem neutros. Neste caso mais da metade, poderia levar em conta as qualidades do candidato. Pesará outro fator: a influência do ambiente político-social da época.

FRUSTRAÇÕES: No balanço da gestão estadual elas ainda sobreviveram em 2023: a falta de solução para a indústria de fertilizantes em Três Lagoas; a decisão final sobre a novela da antiga Estrada de Ferro Noroeste; a questão da privatização/duplicação da BR-262 e a polêmica envolvendo a duplicação da BR- 262. Poucas, mas relevantes.

MANDETTA: Ao seu estilo se mantém distante do noticiário político. O ex-deputado e com passagem pelo ministério da saúde estaria prestando consultoria nesta área em alguns estados da federação. A sua reinserção no cenário dependeria de vários fatores. Mas pesa contra ele ao não formar ou liderar um grupo político de prestígio.

ATENÇÃO: E a cobra vai fumar. Em 2024 serão regulamentados itens da reforma tributária. O Governo remeterá ao Congresso as propostas para normatizar a tributação da renda, do patrimônio e encargos da folha de salários. Como o Governo quer aumentar a arrecadação tentará acelerar a tramitação. Mais uma vez só ‘convencerá’ se dar algo em troca.

CUSTOS: Essa aprovação da Reforma Tributária não saiu de graça. O episódio lembra uma conhecida frase do astuto Winston Churchill sobre o comportamento parlamentar em algumas ocasiões onde o diabo costuma ficar escondido nos detalhes: “O povo deve ser poupado de saber como são produzidas as leis e as salsichas”.

‘BELEZA’: Sob o argumento de que posturas de desequilibrados põem em risco a vida de parlamentares, o deputado José Medeiros (PL-MT) tem projeto permitindo porte de arma de fogo aos congressistas. Imagine neste clima radical os nossos representantes armados! Detalhe: o PL foi protocolizado após um deputado dar um tapa na cara do colega. Imagine ambos armados! 

LOUCURA: Convém ficar atento. Cientistas políticos alertam sobre o crescimento da Inteligência Artificial nas eleições globais. Inicialmente usada para promover a conexão direta entre os eleitores e seus candidatos - ela agora também direciona mensagens, manipula sentimentos e opiniões com notícias falsas, insuflando a polarização.

DOURADOS: Eis a velha justificativa para elevar de 19 para 21 vereadores: “(-)... a necessidade de aumentar a participação popular e a representatividade da população douradense no Poder Legislativo Municipal, e assim, colaborando com a possibilidade de cada vez mais representantes nas variadas camadas populares e de representações populares...(-)” Acredita?

1-DICA: A Reforma Tributária tornará os inventários ‘salgados’ e sem brechas. O ITCMD será pago somente no estado onde era domiciliado o falecido. Outra inovação; esse imposto será progressivo de acordo com o valor do quinhão, legado ou da doação. Os estados terão autonomia para definir sua alíquota, máxima de 8%. Detalhe: templos religiosos estão isentos do imposto.

2- DICA: No MS a alíquota para doações é de 3%, de inventário é de 6%. Veja com é no Rio de Janeiro: De 4% para valores até R$303.303,00 – De 4,5% para valores de R$ 303.304,00 a R$ 433.290,00 – De 5% para valores entre R$433.291,00 e R$ 866.580,00 – De 6% para valores entre R$ 866.580,00 e R$ 1.299,870,00 – De 7% para valores entre R$1.299.871,00 e R$ 1.733.160,00 – De 8% acima de R$ 1.733.161,00.

PILULAS DIGITAIS:

“O caminho se faz caminhando”. Antonio Machado – poeta espanhol

“Não vim guiar cordeiros – vim despertar leões”. (presidente Javier Milei) 

“Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa”. (da obra de Guimarães Rosa)

“Aumento de carga tributária não é reforma”. (Ivo R. Lozekan)

Nada muda com o novo salário mínimo. Nada. Nem o ronco da barriga. (No facebook) 

“A única garantia do mundo online é que nunca faltará solidão pra ninguém”. (Mattus) 

“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”. (Fernando Pessoa) 

“Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto”. (Manoel de Barros)

“Brasil, país do futuro”. (do escritor judeu Stefan Zweig - década de 40)

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