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Direto das Ruas

Moradora se revolta após casa virar "rodoviária" para aplicativo de ônibus

Além de muito barulho, passageiros sentam na calçada da casa e deixam lixo espalhado pelo local

Mariana Rodrigues | 07/05/2021 16:19
Imagem feita pelo marido de Catalina Saldanha, 72 anos, nesta quinta-feira (6), durante embarque em frente à porta da sua casa. (Foto: Direto das Ruas)
Imagem feita pelo marido de Catalina Saldanha, 72 anos, nesta quinta-feira (6), durante embarque em frente à porta da sua casa. (Foto: Direto das Ruas)

O que é comodidade para uns, virou transtorno para outros. Depois da chegada do aplicativo de ônibus Buser a Campo Grande, o sistema de transporte parece uma grande bagunça, reclamam moradores que viram a porta de casa virar local de embarque e desembarque.

Depois de reclamações de moradores de prédios no entorno do Carrefour, por conta do barulho dia e noite dos ônibus no estacionamento do supermercado, agora a indignação vem da Rua Itajaí, no Jardim São Lourenço em Campo Grande.

Moradora cansou do barulho e do lixo que os passageiros deixam na frente da sua casa, que se tornou ponto de embarque de ônibus fretado pela plataforma para viagens entre municípios.

A aposentada Catalina Saldanha, 72 anos,, contou que há duas semanas começou a notar a presença de ônibus em frente à sua casa, coisa que nunca tinha acontecido antes. Como ela mora próximo a posto de combustíveis, achou que seria por esse motivo que o ônibus estaria ali.

Mas começou a notar que o veículo parava todos os dias bem em frente ao portão que dá acesso à porta principal da casa. Catalina chegou a perguntar para o motorista o motivo de estacionar ali e ele informou que estaria acompanhando um grupo de pessoas que participavam de um evento.

O problema é que o negócio virou rotina e, todos os dias, às 12h e às 18h, o ônibus estaciona e os passageiros começam a chegar, sentam na calçada em frente ao seu portão, comem e deixam o lixo espalhado. Até no bilhete de quem embarca, o endereço dela aparece como local de desembarque.

“Ontem (6), pedi para o motorista tirar o ônibus e um passageiro desceu bravo comigo, me chamou de velha e me mandou entrar para minha casa, disse que iria chamar a polícia e ele falou que então era para eu pegar uma cadeira que ele iria esperar sentado”, lembra.

Após pedido da moradora, o embarque foi feito na rua lateral, mas a porta do ônibus acabou ficando voltada para o lado da rua. (Foto: Paulo Francis)
Após pedido da moradora, o embarque foi feito na rua lateral, mas a porta do ônibus acabou ficando voltada para o lado da rua. (Foto: Paulo Francis)

Funcionário do posto de combustíveis também reclama no estacionamento irregular. Já chegaram a fazer o embarque dentro do posto e ele precisou pedir para que saíssem, pois atrapalhava o fluxo de veículos.

Passageira de 34 anos explicou que como o ônibus não faz circuito fechado, e o valor da passagem é mais barato que no transporte convencional, eles não podem pegar passageiros no Terminal Rodoviário.

A economia realmente é boa. Para se ter uma ideia, a passagem de Campo Grande para Corumbá custa R$ 69, 90 pelo Buser, contra média de R$ 140 na rodoviária.

Hoje (7), depois de outra leva de passageiros na noite anterior, o ônibus com destino a Corumbá parou novamente em frente a casa  de Catalina. Após ela pedir para o motorista tirar o veículo, ele estacionou na rua lateral.

A moradora não se conforma com a "rodoviária" improvisada em um bairro residencial e chegou a ligar para a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) que ficou de mandar um fiscal para o local, mas não apareceu.

O Campo Grande News tentou contato com a agência, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.

A Agepan, responsável pela regulação do transporte intermunicipal, informou que o serviço não é ilegal e que o órgão fiscaliza apenas se os ônibus terceirizados pela Buser são de empresas regulares e não a parada em si, que cabe aos órgãos municipais.

Como funciona – A Buser é um aplicativo de viagens que freta veículos de empresas de turismo e faz essa intermediação entre passageiro e ônibus. A compra das passagens e o local de embarque é todo feito pelo aplicativo.

Esta não é a primeira vez que moradores reclamam de locais de desembarque de ônibus fretados pela Buser, em janeiro deste ano, o local de desembarque era dentro do estacionamento do Shopping Campo Grande.

Procurada pelo Campo Grande News a Buser lamentou o ocorrido e afirmou que a operação do ponto de embarque na região da Avenida Eduardo Elias Zahan, já estava sendo revista. "Apesar de se tratar de uma região de fácil acesso para os parceiros e passageiros da plataforma e ser uma das principais avenidas da cidade, o local estava em fase de testes".

"Ao longo da última semana ficamos cientes dos transtornos causados aos moradores do bairro Jardim São Lourenço e, de maneira que não gere qualquer incômodo aos demais cidadãos, estamos buscando neste momento um outro local para onde iremos transferir a operação, até o dia 10 de maio".

**Matéria editada às 21h39 para acréscimo do posicionamento da Buser.


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