ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 22º

Economia

Acron assume fábrica da Petrobras em MS em agosto e retoma obras em 2020

Acordo foi fechado após confirmação da transferência de incentivos fiscais; unidade entrará em operação em 2024

Humberto Marques | 18/07/2019 18:49
Reunião entre Reinaldo e representantes do governo estadual e da Acron confirmou cronograma do negócio envolvendo a UFN-3. (Foto: Edemir Rodrigues/Subcom)
Reunião entre Reinaldo e representantes do governo estadual e da Acron confirmou cronograma do negócio envolvendo a UFN-3. (Foto: Edemir Rodrigues/Subcom)

Reuniões ao longo desta quinta-feira (18) em Campo Grande arremataram detalhes para a concretização da venda da UFN-3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras) para o grupo russo Acron. O contrato, na ordem de R$ 8,2 bilhões, deve ser assinado em agosto, com perspectiva de que a unidade tenha sua construção concluída e entre em operação até 2024.

Representantes da Acron e da Petrobras –dona da fábrica localizada em Três Lagoas, a 338 quilômetros da Capital– se reuniram a portas fechadas com integrantes do governo estadual e entre si para tratar de pontos como a transferência dos incentivos fiscais da estatal brasileira para o conglomerado da Rússia, permitindo isenção de impostos na venda da estrutura e máquinas.

“A comitiva russa esteve reunida com as equipes do governo durante todo o dia para apresentar o cronograma de como será a negociação, a retomada dos investimentos, o volume de recursos aportado”, afirmou, via assessoria, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). “Eles (Acron) pediram o incentivo fiscal porque foi concedido à Petrobras, então, nós teríamos de fazer uma transferência desse incentivo à empresa compradora”, prosseguiu.

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, disse que os incentivos incluem isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para importação de equipamentos para as obras da fábrica, com alíquota de 10%¨, e na venda da ureia produzida pela planta a outros Estados, de 75%. “O que o governo quer é que a Petrobras e a Acron fechem o negócio”, pontuou.

Já o secretário de Estado de Fazenda, Felipe Mattos, destacou que, com as isenções, será viabilizado um novo mercado, diversificando a matriz econômica, “com a venda de um novo insumo que hoje vem de fora do Estado ou importado de outros países, para uma das atividades econômicas do Mato Grosso do Sul que é o agronegócio”.

UFN-3, em Três Lagoas, passará para o comando do grupo russo em agosto. (Foto: Arquivo)
UFN-3, em Três Lagoas, passará para o comando do grupo russo em agosto. (Foto: Arquivo)

Procurados pela reportagem, representantes da Acron preferiram não se manifestar sobre o negócio no momento.

Paralisada – A obra da UFN-3 foi paralisada em dezembro de 2014, com 83% do empreendimento concluído, quando a Petrobras rescindiu o contrato com o consórcio responsável pela obra sob alegação de descumprimento de cláusulas. A fábrica acabou incluída no plano de reestruturação e recapitalização da estatal, sendo considerada um ativo passível de ser negociado.

O aval para a venda ocorreu em junho, depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizar a negociação de subsidiárias de empresas públicas ou sociedades de economia mista sem autorização do Congresso ou licitação. A negociação com a Acron se arrasta desde o ano passado, aguardando a liberação judicial para avançar.

A UFN-3 foi projetada para comportar a fabricação de 70 mil toneladas de amônia e 1,22 mil toneladas de ureia granulada ao ano. Estima-se que, sozinha, a planta vai gerar mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos. A Acron prevê investir US$ 1 bilhão na compra da fábrica e mais R$ 5 bilhões para sua conclusão, com a retomada das obras no primeiro semestre do ano que vem e início das operações até 2024 para produção de fertilizantes de múltiplos nutrientes e químicos.

Na semana passada, os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Rússia, Vladimir Puttin, fecharam acordo que visa o fornecimento de 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural –a ser transportado por Mato Grosso do Sul– para a unidade da Acron a partir de 2023. O combustível será extraído pela YPFB (Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos), estatal do setor no país vizinho, que terá também 12% da fábrica de Três Lagoas, em uma participação que poderá chegar a 30%.

Nos siga no Google Notícias