Brasil aciona Organização Mundial do Comércio contra tarifaço dos EUA
Carnes de MS, que lideram exportações aos norte-americanos, são diretamente atingidas por tarifa de 50%

O governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os Estados Unidos após a entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, medida considerada abusiva pelo Itamaraty. A queixa formal, divulgada nesta semana, busca abrir uma rodada de consultas entre os dois países antes da formação de um painel internacional. Para o Ministério das Relações Exteriores, os EUA "violaram flagrantemente" os compromissos assumidos dentro da própria OMC.
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O governo brasileiro apresentou uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio contra os Estados Unidos devido à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, considerada abusiva pelo Itamaraty, afeta principalmente as exportações de Mato Grosso do Sul, que vendeu mais de US$ 315 milhões aos EUA no primeiro semestre de 2025. Entre os produtos mais impactados estão a carne bovina in natura, sebo bovino e carnes salgadas. Alguns itens estratégicos, como celulose e ferro-gusa, foram poupados das tarifas. O Brasil busca uma solução negociada através de consultas bilaterais antes de solicitar a formação de um painel de arbitragem internacional.
Entre os atingidos pelo tarifaço está Mato Grosso do Sul, que exportou mais de US$ 315 milhões para os Estados Unidos apenas no primeiro semestre de 2025. A carne bovina in natura, principal item da pauta de exportações sul-mato-grossense para os EUA, foi mantida na lista de produtos taxados, sem isenção. O produto representa 45,2% do que o Estado vende aos americanos, segundo dados da Fiems.
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Além da carne, outros itens também afetados pelas tarifas incluem sebo bovino (9,4% das exportações de MS para os EUA), carnes salgadas (2,5%), carnes desossadas, filés de tilápia e óleos de origem animal. Todos agora enfrentam o novo tributo de 50%, o que reduz drasticamente a competitividade desses produtos no mercado internacional.
Por outro lado, dois produtos estratégicos da indústria estadual ficaram de fora da lista e seguem com acesso ao mercado norte-americano: a celulose, com destaque para a produção das gigantes Suzano, Eldorado e Arauco, e o ferro-gusa, matéria-prima da indústria siderúrgica. Juntos, esses itens representaram mais de 36% das exportações do Estado aos EUA em 2025.
A resposta do governo federal na OMC visa contestar a legalidade da imposição tarifária com base nos acordos multilaterais. O processo ainda está na fase de pedido de consultas, que permite uma tentativa de solução negociada. Caso não haja acordo, o Brasil poderá solicitar a formação de um painel de arbitragem.