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Economia

Com cenário hídrico a favor, Hidrovia do Paraguai move 8,5 milhões de toneladas

Condições do rio melhoraram após as restrições impostas em 2024 por causa da estiagem

Por Silvio de Andrade, de Corumbá | 25/11/2025 14:58
Com cenário hídrico a favor, Hidrovia do Paraguai move 8,5 milhões de toneladas
Terminal de Porto Murtinho: escoamento de soja (Foto: Divulgação)

Com a expectativa de que a concessão do trecho de 600 quilômetros entre Corumbá e Porto Murtinho (Foz do Apa), na fronteira com o Paraguai, vá a leilão no primeiro semestre de 2026, a Hidrovia do Rio Paraguai recuperou este ano seu potencial de cargas para os mercados internacionais, com a movimentação de 8,5 milhões de toneladas até outubro – um novo recorde em comparação a 2023.

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A Hidrovia do Rio Paraguai registrou movimentação recorde de 8,5 milhões de toneladas até outubro de 2025, superando o volume de 2024, quando apenas 3,3 milhões de toneladas foram transportadas devido à severa estiagem. O trecho entre Corumbá e Porto Murtinho deve ir a leilão no primeiro semestre de 2026. O minério de ferro lidera as exportações com 8 milhões de toneladas, gerando US$ 468 milhões. Já o terminal Itahum, em Porto Murtinho, registrou queda nas exportações de grãos, movimentando apenas 374 mil toneladas de soja, contra 1,6 milhão em 2023, devido a condições mercadológicas desfavoráveis.

As condições de navegabilidade foram fundamentais para permitir um maior fluxo no transporte fluvial. Depois das restrições impostas em 2024 pela situação crítica do rio, devido à estiagem prolongada na bacia, o que suspendeu os embarques em agosto, a recuperação hídrica permitiu o forte das operações até outubro deste ano. Em 2024, o volume de cargas foi de 3,3 milhões de toneladas, menos da metade dos 7,9 milhões movimentados em 2023.

Com cenário hídrico a favor, Hidrovia do Paraguai move 8,5 milhões de toneladas
Porto Gregorio Curvo, da LHG Mining, no distrito de Porto Esperança. (Foto: Divulgação)

A paralisação total da hidrovia após oito meses de operação, no ano passado, foi ocasionada pela pior seca histórica no Pantanal, com o Rio Paraguai atingindo o nível negativo recorde de -0,69cm na régua de Ladário. O impacto na navegação comercial com o rio em situação de emergência hídrica, entre os portos de Corumbá, Ladário e Murtinho, gerou uma redução de até 94% de queda na movimentação de cargas em alguns terminais.

Este ano, a bacia pantaneira reagiu às condições climáticas com maior concentração de chuvas, desde as cabeceiras (Mato Grosso), e o rio concentrou mais água a partir de Corumbá e Ladário, onde atingiu o nível máximo de 3,31m em julho e condições plenas para operação de grandes comboios. A vazão, no entanto, foi rápida, após setembro, e hoje o rio está em declínio (0,41m) na mesma régua, porém bem acima do registrado (0,14cm) no mesmo período de 2024.

Minério lidera – O balanço das exportações pela hidrovia em 2025, divulgado pela secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), demonstra a capacidade do modal de impulsionar o escoamento da produção a custos menores de transporte e sem impactos viários em boas condições hídricas. Ainda assim, o intenso transporte de minério pela BR-262 tem gerado graves acidentes e destruído a rodovia.

Com cenário hídrico a favor, Hidrovia do Paraguai move 8,5 milhões de toneladas
Carregamento de minerio de ferro pelo Rio Paraguai. (Foto: Silvio de Andrade)

O minério de ferro e seus concentrados, extraídos nas reservas de Corumbá, lideram o fluxo de cargas, com 8 milhões de toneladas embarcadas nos portos da Sobramil, Granel Química e Gregório Curvo (distrito de Porto Esperança) e respondendo por US$ 468 milhões em exportações (variação de 94% em relação a 2024).

O volume transportado supera o recorde de 2023, quando foram movimentados 6,1 milhões de toneladas de minério. Em relação aos grãos, cujos embarques são concentrados no terminal Itahum do Grupo FV Cereais, em Porto Murtinho, houve uma queda drástica nas exportações por conta das variações mercadológicas desfavoráveis, como o tarifaço dos Estados Unidos.

Operando desde 2020 com capacidade para 30 mil toneladas, o porto movimentou apenas 374 mil toneladas de soja este ano (US$ 134,8 milhões). Em 2023, operou a pleno: 1,6 milhão de toneladas. Os números apresentados pela Semadesc não são definitivos: referem-se ao período de janeiro a outubro, mês de redução ou paralisação das operações por restrições à navegação (baixo nível do rio).

O Campo Grande News apurou que o porto Gregório Curvo, da LHG Mining, continua embarcando, o que pode elevar o volume de minério transportado em 30%. O produto sai das minas por caminhão até o terminal e o tráfego gera transtornos na BR-262.