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Economia

Dia de dúvidas sobre as mudanças e certezas sobre a própria situação

Campo-grandense está confuso quanto ao que ocorre no mundo do trabalho, embora sinta o impacto das transformações

Osvaldo Júnior | 01/05/2018 08:15
No Dia do Trabalhador, há muitas incertezas (Fotos na matéria: Fernando Antunes)
No Dia do Trabalhador, há muitas incertezas (Fotos na matéria: Fernando Antunes)

Sobre os trabalhadores, os protagonistas do feriado desta terça-feira (dia 1º), pairam diversas dúvidas, mas há algumas certezas. Em um cenário de esfriamento do mercado e em meio a tantos discursos prós e contras às mudanças na legislação trabalhista, muitos ficam confusos. Estão certos, no entanto, quanto a suas condições: sabem que estão desempregados, que precisam completar a renda e que o salário está subindo pouco.

“Não faço ideia”, admite a empregada doméstica Eliane Sorrilha, 33 anos, em referência à reforma trabalhista e ao quadro de desemprego. “Só sei que o salário não tá subindo quase nada”, acrescenta. Ela está na nova profissão há seis meses, depois de oito anos trabalhando como eletricista residencial. “Sofri um acidente no serviço e não pude mais ser eletricista”, lamenta-se.

Dia de dúvidas sobre as mudanças e certezas sobre a própria situação

“Não faço ideia [sobre as mudanças trabalhistas]. Só sei que o salário não tá subindo quase nada” (Eliane, 33 anos, empregada doméstica)

Dia de dúvidas sobre as mudanças e certezas sobre a própria situação

“Falam tanta coisa que não dá pra entender mais nada. O benefício é pouco e, por isso, tenho que trabalhar como diarista." (Estêvão, 72 anos, aposentado)

O aposentado Estêvão da Silva, 72 anos, também não compreende, com clareza, o que está ocorrendo no mundo do trabalho. “Falam tanta coisa que não dá pra entender mais nada”, afirma. Sua certeza é quanto o reduzido poder de compra proporcionado pelo benefício de R$ 954. “É pouco. Por isso preciso trabalhar como diarista”, conta. Ele entrega panfletos e recebe pelo serviço R$ 40 por dia.

Desempregada há um ano, a açougueira Bruna Rosa da Silva, 26 anos, tem consciência da dificuldade de retornar ao mercado de trabalho. “Entrego currículo direto, mas tá difícil”, afirma. Em relação às mudanças em curso no mercado de trabalho e na legislação, ela reconhece que não tem conhecimento. “Não sei dizer”, admite.

Dia de dúvidas sobre as mudanças e certezas sobre a própria situação

“Acho que tem coisa melhorando, como a segurança no trabalho, mas tem coisas ruins, como o salário que aumenta pouco” (Elias, 28, trabalhador rural)

Dia de dúvidas sobre as mudanças e certezas sobre a própria situação

“Com a mudança na lei, estamos recebendo por hora na empresa onde trabalho. Eu acho que ficou melhor” (Ana, 19, atendente de telemarketing)

O trabalhador rural Elias Oliveira Vilela, 28, também não se lembra de nenhuma alteração da legislação, mas percebe, em seu cotidiano, consequências positivas e negativas. “Acho que tem coisa melhorando, como a segurança no trabalho, mas tem coisas ruins, como o salário que aumenta pouco”, considerou.

A atendente de telemarketing Ana Carolina Santos, 19 anos, tem certeza de ao menos uma alteração nas relações de trabalho. “Agora, a gente pode receber por hora. Só lembro disso”, citou, acrescentando que a medida foi adotada na empresa em que trabalha. “Eu acho que ficou melhor”, avalia.

Em cinco anos, desemprego cresceu 55% em MS e há 116 mil sem trabalho

O que dizem os números sobre a situação atual do trabalhador? Os dados oficiais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que há 13,7 milhões de desempregados no Brasil, 23 milhões trabalhando por conta própria e 10,7 milhões sem carteira assinada.

Em Mato Grosso do Sul, o ano se encerrou com 116,5 mil pessoas sem emprego, alta de 55% em relação a 2012, quando havia 75,2 mil desempregados. Essa variação é quase sete vezes maior que o crescimento na quantidade de trabalhadores ocupados no mesmo período: 1,16 milhão para 1,26 milhão de sul-mato-grossenses, alta de 8,24%.

Os dados também indicam crescimento considerável dos que trabalham por conta própria: 227 mil em 2012 para 275 mil no ano passado, incremento de 21,14%.

Dia de dúvidas sobre as mudanças e certezas sobre a própria situação

Lembre-se de alguns pontos da reforma trabalhista

E quanto à reforma trabalhista? O assunto é tão revestido de polêmicas e de dissensos que é compreensível as confusões manifestadas pelos trabalhadores.

Entre os diversos pontos da nova legislação, estão os seguintes:

Negociação: Alguns pontos podem ser negociados diretamente entre empresas e trabalhadores sem intervenção do sindicato, como parcelamento das férias e intervalo entre jornadas (com limite mínimo de meia hora).

Trabalho intermitente: O pagamento passa a considerar horas de trabalho e não o mês todo. Ou seja, o trabalhador recebe pela jornada ou diária.

Ações trabalhistas: O trabalhador será obrigado a arcar com as custas do processo, caso perca a ação. Antes não havia essa cobrança.

Manifestações em Chicago em 1886 (Imagem: Litografia Assiet au Beurre, 1906)
Manifestações em Chicago em 1886 (Imagem: Litografia Assiet au Beurre, 1906)

O feriado do Dia do Trabalhador foi instituído no Brasil em 1924

O feriado do Dia do Trabalhador foi instituído no Brasil no Decreto 4.859, de 29 de setembro de 1924 pelo então presidente Arthur Barbosa. O dispositivo afirma que a data é consagrada “à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho”.

Os mártires, referidos no decreto, são as pessoas mortas em manifestação no dia 1º de maio de 1.886. Há 132 anos, em Chicago, nos Estados Unidos, cerca de 500 mil trabalhadores fizeram protestos para melhorar as condições de trabalho, como redução da jornada. Em 1919, a França proclamou o dia 1º de maio como feriado seguidos por outros países.

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