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Economia

Em ascensão, atacarejos fazem dinheiro render mais na compra do mês

Reportagem verificou que preços chegam a ser 56% menores nos produtos da cesta básica

Osvaldo Júnior | 10/03/2018 09:15
Atacarejo, segmento que oferece produtos com preços, de modo geral, mais em conta (Foto: Paulo Francis)
Atacarejo, segmento que oferece produtos com preços, de modo geral, mais em conta (Foto: Paulo Francis)

Quando o orçamento aperta, a saída é economizar. Essa relação, comum em período de desaceleração econômica, coloca em evidência o segmento dos atacarejos. E para quem ainda tinha dúvida: sim, os preços são menores nesses locais. A reportagem do Campo Grande News comparou valores de produtos da cesta básica em quatro estabelecimentos e verificou diferença de até 56%. É uma redução expressiva dos gastos, sobretudo nesses tempos de dinheiro curto.

Embora não tenha rigor científico, o levantamento, realizado na tarde do dia 9 deste mês, ajuda a dimensionar quanto de economia o consumidor pode fazer nos atacarejos. Foram considerados os 13 itens da cesta básica alimentar, usando como referência a lista da pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que inclui: carne, leite, feijão, arroz, farinha de trigo, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo de soja e manteiga.

Para cada alimento, foram levantados preços de uma a três marcas, em dois atacarejos, um hipermercado e um supermercado. A manteiga foi substituída por margarina, por sua oferta ser, aparentemente, maior nos locais pesquisados. Considerando a quantidade de marcas e produtos, foram totalizados 26 itens, dos quais 24 tinham ao menos em dois estabelecimentos.

Dos 24 itens, 15 são mais baratos nos atacarejos, cinco no supermercado e quatro no hipermercado. A maior diferença está no preço do tomate. O quilo da fruta é vendido por R$ 2,39 em um atacarejo e por R$ 5,69 em um hipermercado. O consumidor gasta R$ 11,38 na compra de dois quilos do produto no local mais caro. Com esse dinheiro, poderia comprar quatro quilos de tomate no estabelecimento mais barato (ficaria R$ 9,56) e ainda teria R$ 1,82 de troco.

Atacarejos têm disposição de produtos diferente das do super e hipermercados (Foto: Paulo Francis)
Atacarejos têm disposição de produtos diferente das do super e hipermercados (Foto: Paulo Francis)

Os atacarejos também levam vantagem, com diferenças expressivas de preços, nos casos dos seguintes alimentos: banana nanica, vendida o quilo por R$ 2,89 em um atacarejo e por R$ 4,98 no hipermercado, variação de -43,97%; feijão Sakura (-42,97%, por R$ 1,99 e por R$ 3,49); batata lavada (-35,67%, por R$ 1,28 e R$ 1,99); margarina Claybon (-26,06%, por R$ 2,95 e R$ 3,69); açúcar cristal Sonora ( -15,32%, por R$ 3,15 e R$ 3,72); feijão Paquito (-15,08%, por R$ 2,59 e R$ 3,05); farinha de trigo Dallas (-14,47%, por R$ 1,95 e R$ 2,28); óleo de soja Soya (-14,32%, por R$ 2,99 e R$ 3,49) e arroz Tio Lautério (-13,57%, por R$ 8,98 e por R$ 10,39).

Dos itens considerados na sondagem, havia oferta das mesmas marcas nos quatro estabelecimentos em dez casos. Considerando a soma desses dez produtos – costela bovina, coxão mole, arroz (duas marcas), farinha de trigo, batata, tomate, café e margarina (duas marcas) –, a compra sai por R$ 63,92 em um atacarejo e por R$ 76,15 em um supermercado. São R$ 12,23 de diferença.

Os preços dos atacarejos considerados nessas contas são os relativos ao varejo (com menos unidades). Ou seja, na compra em grande quantidade, a economia seria ainda maior. Apenas um exemplo: o quilo de uma farinha de trigo em um atacarejo sai por R$ 1,95, mas se o consumidor comprar cinco unidades ou mais paga R$ 1,85. O R$ 1 de diferença representa desconto de 5,12%.

Outras vantagens – Também é possível ampliar a economia nos atacarejos com o uso de cartões das próprias redes. O Atacadão, o Fort (no caso, o Compcard) e Assaí oferecem esse serviço. Além disso, no caso dessa última empresa, o consumidor pode pagar com outros cartões de crédito, de débito e vale-alimentação.

Supermercados; diferença na disposição de produtos pode oferecer mais conforto, mas preços são, em geral, maiores (Foto: Paulo Francis)
Supermercados; diferença na disposição de produtos pode oferecer mais conforto, mas preços são, em geral, maiores (Foto: Paulo Francis)

Consumidores – Esses tantos números são bem conhecidos por quem está acostumado a fazer compras em Campo Grande. A professora de Inglês, Claudia Rayol, por exemplo, compra nos supermercados apenas quando há produtos em oferta. Fora essa situação, ela prefere, mesmo, os atacarejos.

“Os preços são extremamente mais baixos. Produtos de limpeza e higiene, por exemplo, só compro nos atacarejos. Azeites, vinhos, também compro só nesses locais. A diferença é muito grande também”, compara.

A bióloga Ana Paula Mendonça amplia a relação. “Hortifruti, carne de frango, laticínios, produtos de limpeza e higiene, vinhos, mercearia, enlatados, cereais; tudo isso compensa sempre comprar nos atacarejos”, conta. E para economizar, ela não precisa fazer estoque. “Eu compro em pouca quantidade, mesmo assim compensa”, acrescenta.

Mas para quem quer fazer economia expressiva, a professora Eva Melgarejo, consumidora assídua em atacarejos, orienta compra conjunta. “Se pessoa puder comprar com um amigo, um parente, vai economizar muito e o bolso vai agradecer”, deixa a dica.

Para economizar e não para passear – A economista Andreia Ferreira, especialista em orçamento doméstico, comenta que os atacarejos são, de fato, locais para se fazer compra com economia. “Fazer compra não é um passeio”, afirma ao comentar que os super e hipermercados oferecem conforto maior, com música ao vivo, por exemplo.

“Os atacarejos têm características diferentes dos supermercados e hipermercados. Não têm padaria e não tinham, até pouco tempo, açougue. Também oferecem produtos mais básicos. No entanto, os preços são menores, principalmente quando a compra é feita para estoque”, compara a especialista.

Ela orienta que o consumidor, para intensificar a economia, precisa ter alguns cuidados. “Em primeiro lugar, deve ir para as compras com uma lista. Isso vale para qualquer local”, afirma.

Andreia também observa que é preciso verificar a data de validade no caso de aquisição em grande quantidade. Além disso, é aconselhável não levar crianças. “Elas sempre pedem alguma coisa e os pais terminam gastando mais”, completa.

Em ascensão, atacarejos fazem dinheiro render mais na compra do mês

Crise e corrida aos atacarejos – Há relação estreita entre a corrida do consumidor aos atacarejos e o cenário de crise, com aumento do desemprego e queda do poder de compra. Pesquisa realizada pelo Data Popular em parceria com o Assaí Atacadista, traz resultados que valem para o setor como todo. Foram ouvidos 10 mil consumidores durante outubro de 2016.

Conforme o estudo, 56% das pessoas começaram a comprar no atacarejo por causa da crise econômica. Desse total, 98% pretendem continuar comprando quando a situação melhorar. A maioria desses consumidores é formada por mulheres (61%). Quanto à idade e grupo econômico, 22% têm mais de 56 anos e a maior parte são da classe média.

A pesquisa verificou as finalidades dos clientes ao ir ao atacarejo. Dos entrevistados, 58% vão a esses locais uma vez por mês para fazer compra abastecedora. Com o mesmo objetivo, 15% vão às lojas a cada 15 dias. Para reposição, 39% vão de uma a duas vezes por semana e 28% a cada 15 dias.

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