ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 27º

Economia

Escolas particulares alegam inadimplência de até 60% para negar descontos

Estabelecimentos dizem que também lutam para manter funcionários e despesas em meio ao turbilhão do covid-19

Rosana Siqueira | 06/05/2020 07:04
Professores estão ministrando aulas pela internet para os alunos (Divulgação)
Professores estão ministrando aulas pela internet para os alunos (Divulgação)

Enquanto entidades de defesa do consumidor travam luta para reduzir mensalidades escolares na Capital neste período de "coronacrise", os estabelecimentos particulares que negam dar descontos reclamam da alta na inadimplência e evasão de alunos, principalmente, na faixa de 0 a 6 anos. Em alguns locais o índice é de 60% de não pagamento neste mês.

Em um dos maiores e mais tradicionais colégios de Campo Grande, o Dom Bosco, dos 1.184 alunos de educação básica, 790 têm algum tipo de bolsa ou desconto, o que representando 66,72% do total de matriculas.

A inadimplência é o segundo motivo de crise desde o início da pandemia, cresceu 26.10%, segundo a direção. "A escola continua arcando com seus custos mensais, preservando integralmente o emprego de mais de 230 pessoas, professores e demais colaboradores e ainda honrando com os compromissos financeiros perante seus fornecedores", informe via assessoria.

Essa situação, segundo a escola, torna complicada qualquer redução uniforme nas mensalidades. Por isso, é a estratégia é negociar caso a caso.

Evasão - Para conseguir manter as portas abertas, algumas instituições garantem que tiveram que suspender temporariamente o trabalho de alguns funcionários e cancelar contrato de estagiários.

Para evitar a evasão que chegou a 50 cancelamentos, o Colégio Almirante Tamandaré, por exemplo, está dando desconto que chega a 40% no valor da mensalidade, mas para crianças do berçário até o 4 último nível da Educação Infantil antes do 1º ano. “Demos 30% mais os 10% de pontualidade do pagamento, que vale até final do mês”, salientou a diretora Juliana Lins.

Ela explica que nas demais séries a redução é parcial, dependendo do caso, mas pode chegar a 35% caso os pais comprovem perda de renda mediante apresentação de documentos, notas de maquininhas, queda no faturamento etc.

“Temos alguns casos de pais de alunos que são donos de agência de turismo, por exemplo, que pararam totalmente a atividade. Neste caso a negociação chegou a queda de 35% do valor. O mesmo se aplica a atividades do varejo, comércio que dependem de vendas que paralisaram nesta época de pandemia”, explicou a diretora.

O maior efeito da coronacrise, segundo ela foi alta de 12% na inadimplência este mês. “Subiu muito a inadimplência neste período. Como está tendo pandemia, muitos pais têm medo de pagar sem saber o que vai acontecer no dia de amanhã”, avaliou a diretora.

A evasão também foi elevada. “De cerca de 44 crianças que tínhamos no berçário, de 14 a 15 cancelaram este mês porque os país precisam redirecionar os gastos e por cuidadores para os filhos pequenos para que possam trabalhar”, acrescentou.

Juliana conta ainda que tiveram que suspender o contrato de trabalho de 30 estagiários da educação infantil que foram dispensadas temporariamente por conta da saída em massa de alunos nestes períodos. “Fizemos um acordo com eles de suspensão do pagamento em maio, mas com promessa de retorno em junho”, enfatizou.

“Por isso conseguimos dar este desconto no educação infantil. Dos maiores não tivemos como dispensar os funcionários estão dando aula normal pela internet”, concluiu.

Aumento - Na escola Maple Bear, a inadimplência que era em média de 5% passou para até 60% neste mês. “Mesmo assim demos descontos de 10% o valor da mensalidades para todos os clientes e não vamos demitir”, destacou o diretor Rafaat Jorge Toumani. Eles negociam ainda ops casos separadamente com cada família.

 “Tivemos alto índice de desistência de contratos até os 6 anos. Mas o mais preocupante é a inadimplência. Muitos pais não estão pagando nem procurando para negociar porque estão vendo onde podem cortar”, afirmou. Mesmo assim o empresário é otimista e garante que não vai demitir. “Vamos passar juntos por estas dificuldades. A gente entende a situação dos pais”, finaliza.

Nos siga no Google Notícias