Frigoríficos pressionam arroba e usam tarifaço como pretexto, diz Acrissul
Pecuaristas norte-americanos querem banir carne brasileira, mas especialistas não veem impacto a MS
O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) avalia que a queda no preço da carne bovina em Campo Grande é resultado de pressão interna dos frigoríficos e tem pouca relação com a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
RESUMO
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A Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) afirma que frigoríficos estão usando a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos como pretexto para reduzir o preço da arroba bovina. Segundo a entidade, o impacto real da medida é limitado, já que apenas 2% da carne brasileira é exportada para o mercado americano. Nos Estados Unidos, a Associação Nacional dos Pecuaristas apoia a tarifa e pede medidas mais severas, incluindo a suspensão total das importações brasileiras. O Ministério da Agricultura brasileiro rebate acusações sobre segurança alimentar, destacando que o país nunca registrou casos clássicos da doença da vaca louca.
Guilherme Bumlai afirma que os frigoríficos estão utilizando o anúncio da tarifa como justificativa para forçar a redução no valor da arroba paga aos produtores, mesmo que o impacto real da medida seja limitado, já que apenas cerca de 2% da carne bovina brasileira é exportada para os EUA.
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“Temos no Brasil mais de mil plantas frigoríficas, e menos de 55 estão habilitadas a exportar para os Estados Unidos. Ainda assim, muitos frigoríficos, inclusive os que não exportam, estão se aproveitando do momento para pagar menos pela arroba”, afirmou.
Apesar da retração no valor pago aos pecuaristas ainda não ter sido totalmente repassada ao consumidor final, a Acrissul aponta que a tendência é de queda nos preços da carne bovina nas próximas semanas, caso o cenário atual persista.
Apoio - Nos Estados Unidos, pecuaristas apoiam a tarifa e defendem medidas ainda mais rígidas. Em entrevista à CNN, a NCBA (Associação Nacional dos Pecuaristas dos Estados Unidos) declarou apoio ao plano de Donald Trump e pediu a suspensão total das importações brasileiras. “Uma tarifa de 50% é um bom começo, mas precisamos suspender as importações de carne bovina do Brasil para que possamos conduzir uma auditoria completa”, afirmou a entidade.
Na avaliação de Bumlai, a posição defendida pela entidade americana pode acabar tendo efeito contrário e acabar aumentando ainda mais o preço do produto nos Estados Unidos.
"Apoiar as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos ao agronegócio brasileiro é uma posição que reflete exclusivamente interesses comerciais de produtores dos pecuaristas americanos. Esses produtores defendem que a redução das importações do Brasil pode elevar os preços internos e beneficiar a produção local. No entanto, é importante destacar que essa medida não leva em consideração os impactos negativos para consumidores americanos, que tendem a pagar mais caro pela carne", afirmou.
Para o vice-presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Alberto Sérgio Capuci, a reação dos produtores norte-americanos é previsível. “Eles querem valorizar o produto interno. Nós somos mais competitivos, conseguimos produzir carne com custo menor, e isso atrapalha o comércio deles”, comenta.
Capuci acredita, no entanto, que os efeitos da tarifa serão temporários. Tanto em Mato Grosso do Sul quanto no restante do Brasil, outros mercados devem absorver a carne que seria enviada aos Estados Unidos. "Em pouco tempo, tudo se normaliza. O impacto para a carne deve ser menor do que para outros produtos, porque o Brasil é menos dependente desse mercado”, avaliou.
À CNN, a associação norte-americana acusou os produtores brasileiros de "falta de responsabilidade em relação à saúde do gado e à segurança alimentar", citando casos de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), conhecida como “doença da vaca louca”.
Em resposta, o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) esclareceu que o Brasil nunca registrou “caso clássico” da doença — em que a contaminação ocorre por meio da ingestão de ração contaminada, e que o país é reconhecido desde 2012 pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) como área de risco insignificante para a enfermidade.
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