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Economia

Fugindo de aluguéis absurdos de shoppings, lojistas migram para bairros

Campo Grande observa a tendência nacional em que lojistas escolhem a periferia em detrimento de shoppings e regiões centrais

Tatiana Marin | 01/12/2018 08:36
Movimento no Shopping das Araras, no bairro Tiradentes (Foto: Kísie Ainoã)
Movimento no Shopping das Araras, no bairro Tiradentes (Foto: Kísie Ainoã)

Os shoppings e galerias de bairro estão se multiplicando nos últimos anos. A procura de menores custos e a proximidade com os clientes, lojistas estão deixando região central e os grandes shoppings e migrando para a periferia.

Somente no mês de novembro, 35 estabelecimentos comerciais fecharam as portas no centro de Campo Grande. Segundo os dados fornecidos pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Campo Grande, deste total, 20 encerraram as atividades, 12 mudaram-se para os bairros e 3 para shoppings. Os números demonstram que 80% dos que decidiram manter o negócio, migraram para a periferia.

Os novos negócios também mostram que é nos bairros que os empresários concentram suas atividades. Ainda de acordo com a CDL Campo Grande, 70% das empresas abertas no mês de novembro fixaram-se na periferia e 30% no centro.

Este movimento é uma tendência, conforme o presidente da CDL Campo Grande Adelaido Vila. Inclusive, é um processo que acontece em todo o Brasil. “Em regiões onde não acontece revitalização, tem gente saindo de dentro de shopping e indo para os bairros”, detalha. Dados da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) citados por Adelaido apontam que para cada 10 lojas de shopping, 4 estão vazias devido a comerciantes que escolheram trabalhar em bairros.

O custo é a maior motivação

A ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) também percebe o aumento do comércio nos bairros nos últimos anos. De acordo com o presidente da ACICG, João Carlos Polidoro, "em Campo Grande, tivemos um incentivo de abertura de comércios nestas regiões por vários motivos, entre eles os altos preços de aluguel da área central e a sua dificuldade de estacionamento. Nos bairros, as despesas com imóvel são menores, seja de aluguel ou imposto, e há mais possibilidades de espaços públicos para estacionamento, por exemplo, o que facilita para o consumidor. Além disso, o incentivo à formalização de microempreendedores também motivou a profissionalização de negócios nessas localidades", define. Polidoro ainda cita proximidade como um dos fatores.

Além das estatísticas, a quantidade observada de novos empreendimentos dedicados ao comércio em bairros também é um termômetro. Mini shoppings e galerias chegam a ter fila de pretendentes. Como é o caso do Shopping das Araras, localizado no Tiradentes, que não é tão distante do centro ou de um dos maiores shoppings de Campo Grande. O zelador Adão de Jesus do Amaral Machado afirma que a preferência por manter o negócio na vila é o custo. “O aluguel em shoppings é muito caro”, afirma.

Fabiane tem loja há 8 meses e diz que está contente no bairro. (Foto: Kisie Ainoã)
Fabiane tem loja há 8 meses e diz que está contente no bairro. (Foto: Kisie Ainoã)

Fabiane Mascaro de Souza está há 8 meses nesse centro comercial e escolheu o local pela proximidade de onde mora. “O público do bairro está me atendendo”, afirma ela. Com três anos atendendo no mesmo shopping de bairro, Raquel de Alencar Santos conta que ela tem tantos clientes do bairro, como de um condomínio de luxo próximo. “Eles buscam aqui porque o shopping é longe, tem estacionamento. Já, no centro, não tem lugar pra estacionar”, explica.

Além dos consumidores de bairro, Raquel também tem clientes moradores de condomínio de luxo. (Foto: Kisie Ainoã)
Além dos consumidores de bairro, Raquel também tem clientes moradores de condomínio de luxo. (Foto: Kisie Ainoã)
Além de estar no bairro, Claudio vai até seus clientes através das redes sociais. (Foto: Kisie Ainoã)
Além de estar no bairro, Claudio vai até seus clientes através das redes sociais. (Foto: Kisie Ainoã)

Estabelecido em uma galeria na Vila Carlota, Cláudio Soares faz questão de atender próximo de onde os clientes estão. “No bairro a gente fica mais perto do povo”, ressalta. Mas o comerciante vai além. Sua maior frente de vendas é pelas redes sociais. “Vendo pelo Facebook e pelo WhatsApp e entrego. Quem não quer ter o produto em casa”, questiona.

Com um negócio um pouco maior, o empresário José Lopes espera abrir o centro comercial O Jacarezão em janeiro. “Aqui vai ter de tudo um pouco. Lanchonete, açougue, frutas, confecções e outros serviços”, descreve. Observador do êxodo das lojas do centro para os bairros, ele afirma que é a tendência e também acredita que o custo menor é a maior motivação do fenômeno.

O centro comercial O Jacarezão terá um pouco de tudo. (Foto: Kisie Ainoã)
O centro comercial O Jacarezão terá um pouco de tudo. (Foto: Kisie Ainoã)

Qualidade na periferia

Adelaido Vila, presidente da CDL Campo Grande, afirma que as lojas abertas nos bairros também agregam a qualidade das lojas centrais e de shopping. “Os comerciantes não estão fechando uma loja no centro para abrir um bolicho no bairro. São lojas bonitas, que tem atrativos, eles estão investindo na questão visual, com glamour, arquitetura. Isso acaba trazendo mais conforto e economia para o consumidor e dá mais vida para os bairros. É economicamente bom para Campo Grande”, analisa.

Neste panorama, o empresário Kalil Mujica, dono da loja Metrópole recém transferida de um shopping para outro em busca de menor custo de aluguel, pensa em abrir lojas em bairros. “É uma ideia que estou tento. Não tem como ganhar dinheiro em shopping. No bairro rende menos, mas custo menor”, explica.

O projeto visa escolher bairros e montar estabelecimentos de confecção em contêineres com produtos da mesma qualidade que são vendidos no shopping. “As lojas serão bonitas, mas o preço será bem menor”, diz ele, que pretende vender as mesmas marcas.

Kalil Mujica pretende abrir lojas utilizando a estrutura de contêineres em bairros. (Foto: Pixabay)
Kalil Mujica pretende abrir lojas utilizando a estrutura de contêineres em bairros. (Foto: Pixabay)
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