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Economia

Moedas continuam em falta pelas ruas e só cofrinhos podem salvar troco

Com escassez de moedas no mercado ou clientes ou comerciantes saem perdendo

Danielle Valentim | 03/03/2018 11:00
Moedas de R$ 1, ainda são comuns, mas de R$ 0,10 sumiram dos caixas. (Foto: Danielle Valentim)
Moedas de R$ 1, ainda são comuns, mas de R$ 0,10 sumiram dos caixas. (Foto: Danielle Valentim)

O sumiço das moedas do comércio não é mais novidade e a ausência do níquel faz “sempre alguém sair devendo”, seja o comerciante ou o cliente. A culpa é dos “cofrinhos”, admite o Banco Central, que mantém a produção de moedas reduzida há três anos.

Em uma volta pelo Centro da Capital, entre as Ruas 14 de julho, Barão do Rio Branco, Afonso Pena, Calógeras e Dom Aquino, nesta semana, o Campo Grande News conversou com ao menos dez comerciantes que não possuíam moedas menores de R$ 0,10 ou R$ 0,50 nos caixas. As dificuldades para dar troco correto aos clientes são diárias e são enfrentadas por locais onde vendem produtos mais baratos.

Há 15 anos em um trailer na Afonso Pena, quase esquina com a Calógeras, a comerciante Gerusa Araújo Neves, de 46 anos, garante que o "cofrinho" é o grande vilão. “As moedas vão parar no cofrinho, não na nossa mão. Sempre tive problemas com troco, mas agora está muito mais difícil. Mas como cliente também enfrento a enganação na compra quando envolve os 99 centavos. Nunca peguei R$ 0,01 de troco”, disse.

O empresário Everton Castanha, de 42 anos, dono da Bella Bijoux, duvida que ainda exista níqueis de 1 centavo. “Trabalho com produtos de baixo preço há 13 anos nesse ponto, e as moedas sempre estiveram em extinção. Mas, agora, parece que algumas nem existem mais, como a 1 centavo”, disse.

O dono da Mulatos Moda Feminina, Emerson Souza, de 52 anos, percebe a falta do níquel, mas não é um fato que atrapalha seu relacionamento com os clientes ou traz dificuldades diárias. “Não mais moedas, é fato. Mas meus preços são redondos não enfrento dificuldades, pois os clientes pagam em cédulas ou passam cartão”, disse.

Simone França de Melo, 28 anos, trabalha com moedas todos os dias, com a venda de açaí no cruzamento da Barão do Rio Branco e 14 de Julho. Mas engana-se quem pensa que o fluxo é maior. “O açaí é barato, o pessoal compra com moedas, mas moedas grandes, de R$ 1 e R$ 0,50, nada de R$0,10”, disse.

O encarregado da Plus Comida e Algo Mais, Admilson Alves Correia, 40 anos, confessa que é um “sacrifício encontrar moedas”. A venda de salgados é responsável por movimentar o comércio. “Vendemos o dia todo, mas conseguir moedas é um sacrifício, tem que já deixar preparado, porque senão falta”, disse.

Serviços - Diferente de lojas, mas incluído no comércio, o mototaxista Emerson Dias dos Santos, 33 anos, garante que com situação complicou com a instalação do motocímetro, pois sempre falta troco. “Sempre alguém sai devendo, nem que seja R$ 0,10. Com a instalação do motocímetro complicou, pois falta moedas. Tento sair preparado de casa, mas sempre falta”, disse.

Já saio de casa com a quantidade moderada de troco”, disse o motorista. (Foto: Paulo Francis)
Já saio de casa com a quantidade moderada de troco”, disse o motorista. (Foto: Paulo Francis)

O motorista da Uber, Alcione França, de 42 anos, tenta se preparar em casa e já carrega uma espécie de cofre de moedas no carro. “O total da corrida sempre é quebrado, nunca é redondo, então temos que ter. Já saio de casa com a quantidade moderada de troco”, disse.

Floriza de Souza Pereira, 60 anos, sempre se sente enganada ao ver uma propaganda que envolve R$ 0,99 centavos. “Nunca recebi troco de R$ 1,99. Se a falta de moeda aumentou, piorou a de R$ 0,01”, disse.

Campanha - No ano passado, o Banco Central lançou campanha nacional para incentivar a circulação de moedas no país. À época, um vídeo mostrava a importância de retirar moedas de cofrinhos, gavetas e cinzeiros, por exemplo, para aumentar a oferta do numerário, facilitar o troco e reduzir o gasto público.

Desde 2014 - De acordo com o BC, a produção de moedas foi reduzida há três anos, devido a necessidade de reduzir despesas públicos federais. Existem hoje, em circulação, 24,8 bilhões de unidades de moedas ou R$ 6,27 bilhões em valor, o que corresponde a uma disponibilidade de R$ 30 em moedas por pessoa e 119 unidades por habitante.

Para resolver o problema de falta de moedas, o Banco Central informa que é necessário que os bancos e o comércio peguem moedas dos clientes, que poderão então ser disponibilizadas para recirculação do dinheiro.

Em 2017, uma rede de supermercados oferecia brindes a quem fazia a troca de moedas nas unidades. Neste ano, o Campo Grande News indagou sobre a existência da promoção, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.

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