ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 27º

Economia

Produtores rurais protestam contra invasões indígenas no Estado

Luciana Brazil | 19/11/2013 10:50
Na Rua Maracaju, eles param o trânsito e liberam o fluxo logo em seguida.
Na Rua Maracaju, eles param o trânsito e liberam o fluxo logo em seguida.
Em frente à Funai, produtores protestam contra invasão de terras. (Fotos: Marcos Ermínio)
Em frente à Funai, produtores protestam contra invasão de terras. (Fotos: Marcos Ermínio)

Cerca de 150 produtores rurais de várias regiões do Estado estão concentrados na manhã de hoje (19), em frente à Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande, em protesto às invasões indígenas em Mato Grosso do Sul. Munidos de faixas, os produtores param o trânsito, mas logo liberam o fluxo.

Eles reivindicam legalidade nos estudos antropológicos feito nas terras, agilidade e rapidez nas indenizações do governo Federal e legalidade nas demarcações de terra.

Segundo o produtor rural João Aurélio Damião, 53 anos, dono de uma área de 600 hectares em Iguatemi, a 466 km de Campo Grande, a intenção da Funai é construir um corredor, interligando as aldeias.

“Querem fazer como foi feito na Serra do Sol. Eles pegam o mapa e vão tentando ligar as aldeias, como de Caarapó a Laguna, Iguatemi a Tacuru. E assim, os índios vão invadindo. Queremos que a lei seja cumprida, se é indígena que seja desocupada, e o produtor indenizado. Mas que essa desocupação aconteça também para o outro lado”, explicou João que produz soja e milho.

A Funai já esteve, há quase um ano, na propriedade do produtor. "Esse é o primeiro passo de que a Funai está fazendo o trabalho na surdina. É como uma guerrilha. Vai agindo às escuras", dispara.

Cerca de 90 mil hectares, segundo ele, em Caarapó, Laguna e Amambai, já foram diagnosticados como áreas produtivas, porém, a desocupação dos índios não aconteceu.

A categoria lamenta também a desvalorização das terras no Estado por causa das ocupações. “Ninguém quer mais investir em Mato Grosso do Sul. A desvalorização das terras é absurda”, diz João Aurélio.

Os ruralistas criticam também a atuação da Funai, que segundo eles, é responsável por todas as fases que determinam a terra como sendo indígena ou não, o que dificulta o ingresso de qualquer recurso da categoria.

“Eles fazem o diagnóstico, o levantamento, os estudos antropológicos e ainda decidem. Se a gente entra com algum recurso, também são eles que definem. Fica difícil pra gente”, reclamou João Aurélio.

João Aurélio lamenta a desvalorização das terras.
João Aurélio lamenta a desvalorização das terras.

Quem ainda não teve a propriedade invadida, teme que isso aconteça a qualquer momento. “Não existe mais tranquilidade. Não ficamos mais em paz. Terras passarem de pai para filho, passando de geração, não existe mais”, lamentou João Aurélio.

Há 11 anos, a propriedade Recanto Sabiá, de 300 hectares, localizada em Dois Irmãos do Buriti, foi invadida por índios. A família, acuada, saiu e nunca mais pôde voltar. “Nós éramos pequenos produtores. Na época, minha mãe foi para a beira da BR (rodovia) porque não tinha para onde ir. Ela já morreu, e morreu acreditando que tudo seria resolvido. Mas até hoje, 11 anos depois, não fomos indenizados”, conta Sônia Mara Ribeiro, filha dos donos da terra.

Arrendatário de uma área de 4 hectares em Iguatemi, Jessé Messias, 76 anos, tem medo de perder o que cuida com tanto esforço. “Tenho medo de que invadam a terra, porque do jeito que está é isso que pode acontecer”, conta.

Vieram a Campo Grande produtores de Caarapó, Iguatemi, Laguna, Guaíra, Tacuru, São João do Buriti, entre outras regiões.

Invasões: Já são 79 terras invadidas por indígenas no Estado, de acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

Nos siga no Google Notícias