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Economia

Reajuste na gasolina não chega a consumidor final e combustível continua caro

Foi anunciada redução no preço praticado pelas refinarias, mas valor segue alto até chegar nas distribuidoras

Guilherme Correia e Mirian Machado | 15/12/2021 09:35
Última média do preço da gasolina, em Mato Grosso do Sul, era de R$ 6,52 o litro. (Foto: Marcos Maluf)
Última média do preço da gasolina, em Mato Grosso do Sul, era de R$ 6,52 o litro. (Foto: Marcos Maluf)

Com anúncio de que o preço da gasolina sofreria redução de até R$ 0,10 nas refinarias a partir de hoje (15), o Campo Grande News percorreu postos de combustíveis na Capital e verificou que o desconto não é praticado em alguns locais, que ainda têm lote antigo do produto, com o preço sem o reajuste.

A redução também é incerta nos próximos dias, por conta de diferentes variáveis que influenciam no valor até chegar no consumidor final. A própria Petrobras afirma que tais mudanças não impactam imediatamente, nem necessariamente os preços nas bombas, por conta de impostos e margens de distribuidores e revendedores.

O posto Taurus, na Rua 26 de Agosto com a Avenida Calógeras, foi o mais barato encontrado pela equipe nesta manhã, com o litro da gasolina saindo por R$ 6,33.

Em seguida, o Alloy da Avenida Fernando Corrêa da Costa com a Rua 14 de Julho pratica preço de R$ 6,34 por litro. Um funcionário, que preferiu não se identificar, afirma que a distribuidora terá uma redução de sete ou oito centavos, mas que só será sentida a partir de amanhã. “A gente só vai conseguir reduzir a partir de amanhã, com a nova carga. Ainda temos a carga antiga e precisamos vender”.

Posto Petrobras, na Calógeras com a Fernando Corrêa da Costa, vende o combustível a R$ 6,39, mesmo preço praticado por outro posto na Calógeras com Rua da Liberdade, de bandeira Shell. Em um Locatelli, na Avenida Salgado Filho com a Rua Rui Barbosa, o litro é vendido a R$ 6,49.

Também na Rui Barbosa, mas com a Rua Helio Castro Maia, um posto Petrobras vende a R$ 6,48 e posto APM com a Rua Bariri comercializa a R$ 6,49.

Em posto Ipiranga na Avenida Eduardo Elias Zahran, pratica-se preço de R$ 6,39. Ao Campo Grande News, a gerente, que preferiu não se identificar, diz que a diferença poderá ser de aproximadamente nove centavos, mas que os impostos - cobrados pelo Estado e pela União - podem tirar o impacto do desconto final.

“Não sei o valor exato. Só saberemos quanto foi repassado quando chegar o novo carregamento. Com isso, em cima do que foi reduzido, eles vão ver o que será gasto. Está realmente difícil, porque na mesma proporção que cai, sobe. Na semana passada, subiu, e nesta semana, cai”.

Ela diz também que há dificuldade em reduzir o valor, mas que isso pode acontecer com base na concorrência. “Não tem como baixar, já que o posto está cheio no preço antigo. Se o concorrente baixar, vou ser obrigada a reduzir também para não perder venda”.

Aumento - O encanador Paulo Marcos de Oliveira, de 36 anos, usa motocicleta do trabalho para se locomover, mas também tem automóvel próprio. Segundo ele, se o preço não reduzir, vai considerar andar de bicicleta. “O problema é que o brasileiro está acostumado com isso e quando vê, você tem que abastecer. O ideal seria que todo mundo parasse, fizesse uma greve de abastecimento - iria quebrar e forçar a reduzirem”, opina.

Antigamente, R$ 5 dava três litros e hoje, é quase R$ 20 para dar essa quantidade”, diz o encanador.

Levantamento feito pela reportagem, com base em dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), indica que a média atual do preço da gasolina, nos meses de dezembro, em Mato Grosso do Sul, é a maior desde 2004.

Tabela mostra preço médio da gasolina em MS. (Arte: Henrique Lucas)
Tabela mostra preço médio da gasolina em MS. (Arte: Henrique Lucas)

Vale ressaltar que, ao longo dos anos, o salário mínimo brasileiro sofreu alterações, que devem ser consideradas para esta análise. Contudo, somente no ano de 2021, com o piso salarial em R$ 1,1 mil, o crescimento foi expressivo. Em meados de janeiro, o valor era de aproximadamente R$ 4 por litro e se aproxima de R$ 7 no final do ano.

O assessor Dalton Fernando, de 25 anos, abasteceu cerca de R$ 70 nesta manhã e relata que a diferença de poucos centavos pode ajudar, caso ela seja praticada de fato. “Não é muito, mas dá uma diferença”. A última média anunciada pela ANP no Estado, é de R$ 6,52 por litro da gasolina.

O taxista Ademir Aparecido Pereira, de 62 anos, está há 40 anos na profissão e calcula que só no mês de novembro, gastou cerca de R$ 1,2 mil com combustível. “É pelo menos a metade do que ganho, fora o que tenho que gastar com desgaste do carro. Peça, pneu, mão de obra”.

“Sobra bem pouco para mim do meu trabalho. Apesar do valor do desconto ser pouco, que vai chegar ainda, qualquer valor que for reduzir já ajuda e faz alguma diferença”.

Frentista espera veículo chegar em posto na Capital; descontos ainda não são praticados na cidade. (Foto: Marcos Maluf)
Frentista espera veículo chegar em posto na Capital; descontos ainda não são praticados na cidade. (Foto: Marcos Maluf)

Redução - A Petrobras anunciou que o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passaria de R$ 3,19 para R$ 3,09 por litro, a partir de hoje. Na prática, a redução é equivalente a 3,13% ou R$ 0,10. A estatal diz que o ajuste reflete, em parte, a tendência mundial dos preços e a taxa de câmbio.

Durante o governo Temer, o Brasil passou a basear a precificação do combustível a partir da moeda americana, gerando disparidade no valor, conforme o índice cambial se altera. Desde 2016, as refinarias também são baseadas em política de preços que considera flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

A Petrobras não chegou a informar se haverá reajuste nos demais combustíveis. Antes disso, os valores já tinham aumentado em 7,04% a gasolina e em 9,15% o diesel. Segundo a própria empresa, tais mudanças não impactam imediatamente, nem necessariamente os preços nas bombas, pois o valor final depende também de impostos e margens de distribuidores e revendedores.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no acumulado em um ano, a inflação da gasolina passou de 50%. No etanol, a alta chega a quase 70% e no diesel, 49,56%.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) havia anunciado redução no começo de dezembro - no entanto, a Petrobras informou que não havia nenhuma decisão tomada sobre novos reajustes nos preços de combustíveis e não antecipava decisões.

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